terça-feira, 19 de novembro de 2013

Os clichês das novelas

Eu adoro novelas, principalmente às das oito que sempre acabavam por ser das nove. Agora lá por gostar de novelas não quer dizer que não admita que há coisa que pelamordedeus como repetem tal qual uma fórmula de bolo, uma após as outras. O que vale é a interpretação dos atores, é isto que muitas vezes basta para separar o joio do limbo (R.I.P. Avenida Brasil!). 

Os gêmeos

"A Ruthinha é boa, a Raquel é má". - Quem não lembra-se desta frase na voz de Tonho da Lua?

Sei que a tentação é grande, mas por favor roteiristas resistam a isto. Já sabemos que há o gêmeo bom e o mau que passa-se muitas vezes pelo primeiro, tenta roubar a namorada/o, emprego, tudo que o irmão conquistou. É sabido que o gêmeo mau morre de inveja do bom e que muito provavelmente foi criado em uma família (in)diferente e em piores condições. Nota de rodapé: geralmente morre no final em um acidente de carro, embora o autor possa querer escapar ao clichê e transformar em um acidente de barco. Uau, que criativo!


O malandro


Nando Cunha como o "Pescoço" de Salve Jorge.

Geralmente o malandro é um sujeito casado, à volta dos 40 anos. A maior parte das cenas está bebendo no bar e os diálogos se passam como o dono do boteco. É um personagem de suporte, a meio da novela quando chega a chamada encheção de linguiça, pode ter uma trama só sua a fim de desviar a ação dos personagens principais. Na maioria das vezes o malandro toma uma lição, uma surra de sapato da sua patroa talvez, mas volta à farra porque malandro que é malandro é incorrigível.

A mocinha

Carolina Dieckman em Laços de Família como a sem sal Camila. Sério se tem mulher que fica bonita até sem um fiapo de cabelo, é ela! Mas a sua personagem era tão chata, mas tão chata que só recebeu admiração do público quando descobriu que tinha leucemia.

Sua voz delicada e jeito politicamente correto em cem por cento das cenas chega a fazer muitas vezes que não torça por ela. Dona de uma beleza ímpar e sonsice idem, é aquele tipo de mulher que acredita no amor, sonha com o mocinho a beijá-la na chuva, acredita que na fidelidade masculina e é uma boba a quem os vilões não tem qualquer trabalho em ludibriar. A mocinha na maior parte das estórias vem de origem humilde, às vezes até é órfã, criada por uma tia também é comum. Sofre a novela toda para no fim reconciliar-se com o seu par romântico que tanto lhe aprontou. 

A piriguete

Como Teodora em Fina Estampa. 

É uma mulher bonita, de parar o trânsito. Gosta de vestir-se com roupas mínimas e da atenção que metade do elenco masculino lhe dispensa. Anda com todos eles e muitas vezes alia-se a grande vilã (ou vilão), seduzindo o amado da mocinha sem nenhum pudor. Apesar de toda má fama, a piriguete tem a sua graça, e faz parte do quadro de humor da novela junto com outros personagens secundários, tais como "as empregadas" das madames.

A empregada

Zezé e Janaína em Avenida Brasil. A última ainda tinha uma empregada em sua casa de subúrbio, uma clara sátira à ascensão da chamada classe C.

Falando nelas...parece que a conversa já chegou na cozinha. Falam da vida dos patrões, são os olhos e ouvidos da casa. Acho incrível mesmo é a naturalidade com que se intrometem quando os mesmos estão falando. Será que existem profissionais assim na vida real? Mas a certo período podem assumir um papel chave no enredo, sendo que guardam invariavelmente segredos cruciais para o desmascarar dos maus da fita.

A fofoqueira

Perpétua virou até meme!

Ou às vezes no plural. Geralmente são retratadas como mulheres sem nenhum atrativo, gordas, sem modos e que passam a vida a falar e inventar sobre os outros. Uma delas pode ser a mulher do malandro e pode ser religiosa também, pois é muito comum a coscuvilhice correr solta nos bancos da igreja (não podiam lá escolher outro lugar para isto?). A fofoqueira no fim dá-se mal porque primeiro é uma vilã soft e depois porque na maior parte das vezes guarda um segredo daqueles que é revelado à frente de todos: um filho que teve e deu para adoção, um caso fora do casamento, etc. 

Depois também há o chefe de família com ar austero (porque sempre o são), não gostam de nada, mal sorriem, e querem que o filho (mocinho) se encarregue da presidência da empresa familiar. Há a perua, mulher deste, a amiga desmiolada da mocinha, as crianças semi-adultas que são muito inteligentes para a idade, enfim... E vocês lembram de mais alguns?

O Fabian dá-se conta da velhice

Indo para a escola de manhã no frio habitual deste país, o Fabian olha para o pai e pergunta:
- Pai tu tá velho?
- Ainda não, mas to ficando...
- E tu vai ficar bem pequenininho?
- Não.
- A mãe tá velha?
- Não.
E ela vai ficar pequenininha?
- Vai...
O marido olhou para ele e perguntou se quando eu ficasse velha ele iria cuidar de mim. O Fabian respondeu de chucha na boca: "hum hum". E o Fernando disse que ficava muito feliz se ele o fizesse. O Fabian torna a dizer "hum hum". De um jeito sério, como quem carrega a maior responsabilidade do mundo.

Alguém me explica?

Porque uma pessoa que tem um blog famoso (sei lá com mais de 100 seguidores?), deleta-o, faz uma nova conta e depois anda nas caixas de correio uma por uma para informar o seu novo endereço. Agora a resposta quando se lê o novo blog é porque já não sentia-se bem naquele e porque tomou dimensões grandes demais e preferia começar tudo outra vez. Ahn? Oh filha então para isto não era só fechar o blog e começar outro anonimamente?? Isto é, sem avisar a todo mundo...



Contato de terceiro grau

Pois é, ontem um francês bateu-me à porta. Como estava de colete de funcionário de obras (?) e uma planilha na mão, imaginei que era primeiro o cara da entrega do pinheiro que compramos pela net, depois o eletricista que ficou de vir aquele dia (e não veio). Quase o convidei a entrar para arrumar as lâmpadas do corredor que se as acendemos, não se apagam nem por promessa. Mas o homem só sabia me dizer bois, bois e fazer gestos com as mãos e a apontar para cima. E eu, ah ok, deve ser da mesma empresa do homem que veio limpar as chaminés. Cheguei mais perto para o escutar melhor, como se a proximidade física nos ajustasse as estações linguísticas, que como é óbvio foi em vão. O homem insistia na bois, e eu sei que bois (boá) é madeira, às tantas achei que queria me vender lenha. Arrisquei um je ne compri pas, em English please. O homem torcia as mãos e chegou a olhar para cima: mon dieu, será que era hoje que o obrigavam a falar inglês? Para a sorte dele o marido chegou bem em tempo, como os super heróis de filme, tal foi a expressão de alívio que o sujeito soltou. Não fosse a minha péssima memória para rostos, já teria entendido que o vizinho do lado esquerdo da casa estava apenas preocupado com o barulho que fazia quando cortava a lenha ali em cima. Ufffa... ainda bem que não foi mais explícito  a fazer com um machado imaginário que eu ainda lhe tomaria por um psicótico qualquer. 
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