sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Da segurança

Antes de sair ocorre um dilema existencial aqui em casa: fechamos ou não as janelas? Pode parecer uma cena boba, mas faz todo o sentido para quem já morou no Brasil. Isto porque aqui quase não vemos muros, pelo menos não daqueles versão penitenciária de segurança máxima com todos os arames e cerca elétrica para "adoçar" a vida de quem ousar escalá-los. Moramos em uma casa "alsaciana" em que o portão fica 24 horas por dia aberto, claro que temos de pensar no lixo não? Por isto as casas como as nossas que possuem quintal, deixam apenas encostado quando não escancarado como é o nosso caso. Ninguém entra mesmo a não ser o pessoal da limpeza urbana, os lixeiros que vem à noite. 
Aí o marido começa na sua excursão a fechar os trincos das janelas, sim eu disse trincos! É apenas um pedacinho de metal encaixado em uma argola e por trás só mesmo o vidro. E eu fico imaginando no quão louco pode parecer o desespero de sair e confiar na casa direitinha, fechadinha, na esperança de voltar e encontrarmos tudo no lugar. Daí fechamos tudo sem nos dar conta da janela da cozinha que deve ter para aí um metro e cinquenta de diâmetro de apenas vidro... que dá diretamente para o quintal do vizinho... cujo portão está sempre aberto...

Eles não são franceses



Pois não são: são alsacianos. Estou há pouco tempo aqui, mas do que já pude observar, há qualquer coisa no ar, um sentimento quase "patriótico" eu diria. Ele é Banco Alsaciano, seguro, agência de viagens, e até salsichas. Deusulivre falar em casas estilo "enxaimel" ou alemão. Nã nã não, são casas alsacianas. A situação é tão caricata que certa vez, o marido veio feliz da feira porque a senhora da banca lhe disse que aquelas maçãs eram boas, pois claro, são alsacianas, isto não é o bastante? Tava ali o selo, ó!
Quem diria que euzinha que escutei sua história lá nos idos tempos de colégio, iria morar no grande motivo de discórdia que foi Alsácia e Lorena? Uma vez da Alemanha, depois da França, depois para a Alemanha, depois para a França...
Acontece que este joguinho de ping pong resultou em coisa nenhuma. É como se os habitantes dissessem: não queremos ser franceses nem alemães. E eu realmente entendo os alsacianos, eu gaúcha dos pampas (haha de apartamento mesmo, mas tá valendo), que sei tão bem o que significa estar a fazer papel de corda em jogo de força, até ganhar vida própria, tradição e identidade. Assim como os alsacianos, os gaúchos conviveram com duas realidades antagônicas: de um lado o Brasilzão e do outro bléc...ops Argentina. Aguentando quase que sozinhos as constantes invasões do império até depois uma tentativa vã de separar-se do país, o povo gaúcho tem um pouco de rebeldia argentina e acomodação brasileira na medida certa. Embora a história da região alsaciana tenha as suas particularidades, não deixa de ser o mesmo sentimento ufanista com relação a sua terra das gentes do Sul. E sendo a Alsácia a segunda região mais rica da França, em que temos muito mais privilégios (abonos, maiores comparticipações em tratamentos, menor contribuição para segurança social, etc) do que no resto, podemos concluir que os alsacianos tão podendo mermo

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Desejos de fim de ano (aguentem-me que hoje estou faladora)

Se houvesse feito uma resolução de ano novo seria a de parar de me comparar com os outros, ou pelo menos começar a fazê-lo somente com quem tem menos que eu. E isto se deve porque há mais ou menos dez meses minha tia descobriu que tem leucemia, mas não é uma qualquer, é das mais letais, daquelas que dão quase que maioritariamente em crianças. Já fez o tratamento que durou nove meses e tinha muita fé de que não precisasse de mais nada. No entanto se não achar um doador, é apenas uma questão de tempo e de mais tratamentos paliativos para mantê-la entre nós. A tia levou a doença por assim dizer, não o contrário, fez questão de continuar a fazer tudo o que exige uma rotina com três filhos pequenos, sendo a mais nova ainda bebê. Mas esta notícia com que não contava ou, pelo menos fingia que a médica não verbalizaria com todas as letras doloridas, a fez permanecer em silêncio. Não atendeu meus telefonemas para desejar-lhe bom ano.
 Em todas as outras vezes que liguei para saber deles, a tia optou por não falar muito sobre a doença, falávamos sobre os filhos, sobre as caduquices da minha vó que está lá "segurando as pontas", sobre o frio daqui, o calor do Rio, enfim... Nunca insisti, mas mantive-me aberta caso ela quisesse desabafar, mas não o fez e talvez agora menos ainda. Diante de casos destes, parece-me  tão mesquinho pedir qualquer  coisa que não seja mais saúde, pelo menos eu acho, até porque felicidade e paz é como diz o outro: é a gente que faz...

Mundo masculino: o (meu) marido explica

"Vocês tem que entender que quando vocês dizem que estão gordas, vocês estão gostosas. Quando vocês finalmente acham que estão gostosas, vocês estão na verdade magras demais. E só quem gosta de mulher muito magra são vocês mesmas ou os bixas. Quando vocês acham que estão gordonas, provavelmente estejam...apenas gordas (para nós)".



Ai...o que se aprende enquanto o observo a cortar cebolas...


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