O Fabian mexeu e mexeu na balança ali no quarto. Virou ela e empurrou os ponteiros do relógio. (É uma balança/relógio do ikea). Já satisfeito veio e disse:
- Ponto mãe, já arrumi o relógio. Agora já tá na hora do papai chegá.
(...)
quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
Fabionices
Ele entra eufórico pela sala:
Fabian - Mãe, olha! O pai compô dinhero pá nóis!
Fernando - É... e ele não queria me devolver!
A partir de agora já sei, compra-se dinheiro no multibanco, agora queria saber o que a gente dá em troca!
Fabian - Mãe, olha! O pai compô dinhero pá nóis!
Fernando - É... e ele não queria me devolver!
A partir de agora já sei, compra-se dinheiro no multibanco, agora queria saber o que a gente dá em troca!
O frio
Sem banho a dois para nós (pelo menos no inverno). |
Dizem que o frio é psicológico e o que prova isto são aquelas pessoas que em pleno inverno, com tudo branquinho de neve, resolvem se jogar no rio/lago/mar. Eu acho que é loucura mesmo, não falta de frio. Agora se disserem que o frio é um teste psicotécnico aí eu já acredito. Obviamente as pessoas tem níveis diferentes de tolerância a ele, sei disto principalmente porque o marido consegue tomar banho gelado (que ele jura que é morno) mesmo no inverno. Tanto é verdade que até inventaram um edredon à prova de divórcio que é assim: lado quentinho para um lado (500 gr de espuma por m3), lado menos quente para o outro (250gr por m3). O que eu não esperava é que eu mesma tenha mudado meu nível de tolerância ao frio que cá pra nós é bem baixo. O mínimo que tivemos de temperatura aqui foi -3 graus, sendo que a média varia entre os 2 e os 6 durante o dia. Assim quando saía de casa, parecia que a minha orelha ia cair, meu nariz ardia tanto por dentro que a minha vontade era de usar aquelas máscaras de gás. Fiasco à parte, cheguei já a sentir dor de cabeça quando entrava novamente em um lugar aquecido. Fora que cada pedacinho de osso doía como se estivesse congelado a ponto de quebrar-se em caquinhos. Pois bem, hoje acordei e como de hábito vou abrindo as janelas. E o meu ar de consternação: "está quente"... Está quente? Está quente!!! Deixei os vidros abertos da cozinha e dos quartos para aproveitar a raridade que é mudar o ar aqui em casa. Desliguei os aquecedores da sala que costumam ficar o dia todo ligados. Corri para a aplicação do ipad que me mostraria a quantas anda a loucura de são Pedro. Ha ha 11 graus! Quem diria! Antigamente com esta temperatura estaria embaixo de muita roupa e com muito frio. Agora estava a ponto de colocar mangas curtas. Cada vez entendo mais os russos que suam com suas havaianas com míseros 15º. Daqui a pouco estou como eles...
domingo, 5 de janeiro de 2014
Eu e o peso, o peso e eu
Quem está aqui há pouco tempo não sabe desta heroica luta entre o bem e o mal que travo desde a adolescência, provavelmente nem deveria, mas como o blog é meu e escrever é uma terapia, lá vai. Eu era uma pessoa magra, uma pessoa que até os seis anos foi magérrima (não que isto fosse bom), mas daí até a adolescência passei por um efeito sanfona que era assim: uma ditadura alimentícia nas mãos da minha mãe e uma democracia cara-caramba-cara-cara-ô, república das bananas mesmo, nas mãos dos meus padrinhos no período de férias escolares. Então eu engordava tudo que a mãe tinha tido o trabalho de me fazer perder nos três meses que tinha na praia e demorava por sua vez um ano para emagrecer novamente e três meses para engordar outra vez em um ciclo que terminou aos quatorze anos. Porque simplesmente eu deixei de emagrecer e vi o ponteiro ir para os setenta. Mesmo com a minha estatura mediana de quase 1.70 (1.69 para ser exata) deixava-me com pneus na barriga e principalmente umas pernas grossas que sempre detestei. Aí quando o amor bateu na minha porta, trouxe com ele uma onda de auto-estima e descobri a academia. Vesti uns 58 quilos e deles pouco distanciei-me porque o meu corpo ficou feliz e agradecia queimando todas as calorias a mais mesmo quando não malhava duas horas por dia cinco vezes na semana. Mesmo quando não malhava nada por meses.
Resolvi engravidar, fiz tratamentos de fertilidade e isto implica em tomar hormônios que por si mesmos não engordam, só fazem inchar por aquele ciclo, o que engorda mesmo é a ansiedade e a montanha russa que é lidar com o não que às vezes a vida nos oferece. No segundo tratamento voei para os 66 quilos e foi assim que comecei a minha gravidez. Cheguei ao final com oitenta (vou escrever por extenso pois isto me soa mais dramático). Oitenta quilos!!! Onde deixei minha vergonha na cara? Deve ter caído entre um pacote e outro de pipoca doce que mandava pedia para o marido buscar no cinema de Cascais. Não faço o tipo de gordo que chora as remelas e faz beicinho com a cara mais inocente do mundo: não sei como engordo... Eu engordo com o ar, só pode!
Não, eu sei porque engordei, aliás eu sei com o que engordei o que é diferente. E isto a maioria das pessoas sabem porque nunca vi ninguém que ganhou 10 quilos porque só come couves. Agora o porquê engordei já vou chegar lá.
Achava eu que tinha conseguido manter meu Santo Graal da sanidade que representava os meus 58 mais coisa menos coisa, mas depois de analisar bem a situação, vi que não foi bem assim. Engordei (e emagreci depois) quando me mudei para Portugal, onde pulei três etapas ao mesmo tempo: saí pela primeira vez de casa, troquei de país e casei. Depois quando tive de passar uma temporada em Paris porque o marido tinha uma formação lá, depois porque engravidei, depois porque o marido perdeu o emprego e voltamos para o Brasil e agora quando pela segunda vez tenho de me adaptar a uma outra cultura. Todas as vezes que engordei foi uma resposta automática para o meu desespero. Para a minha inabilidade em lidar com mudanças, para a minha resistência com a vida. E isto aconteceu não porque eu sou uma masoquista emotiva, mas porque naquele período eu não quis me escutar, não quis escutar os pedidos de socorro que eu mesma gritava. Eu jogava doces para acalmar as feras. Os homens possivelmente não entendem porque para eles o mundo é muito prático, vai ver os monstros deles são menos exigentes e contentam-se apenas com futebol e cerveja gelada.
O que acontece aqui dentro é uma hipnose profunda que vai deitando-me a vontade abaixo, vai corroendo a engrenagem das pernas, enferrujando-me, impedindo-me de andar. Ah foi só um quilo, amanhã foram dois e três e quatro e quinze... Há uma inconsciência de si mesmo, uma dormência que começa por nos fazer fugir de fotos, de comprar roupas bonitas, de sair até. De sair. Porque faz tão frio aqui dentro...e o sol demora meses para atravessar todas as nuvens. E percebo que a cada perda de peso há somente um número novo na balança, que vai embora tão depressa porque tenho de parar com a mania de atirar doces a cada vez que acontece algo qualquer aqui fora. Tenho de parar com esta mania de fazer que não é comigo, porque todas as vezes que virei para o lado deu nisto. Inflei de medo. E talvez o meu medo maior tenha sido me perder pelo caminho... e por ironia da balança foi justamente o que fiz neste tempo inteiro.
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