Ou nas palavras do Fabian: chichão com saninha. Todos os dias tanto no almoço como no jantar a pergunta é sempre a mesma. Mãe, vou comer chichão com saninha, tá? Não meu filho, hoje não tem. E quando tem só come isto, não quer saber de arroz ou de beterraba ou cenoura. Só chichão. Mas a vida não é só chichão, lhe digo...a vida é carne, é galinha com molho...umas vezes peixe e outras couve flor. Ele olha decepcionado para o prato e suspira. Come bem porque tem fome, mas não repete. Esta é a versão bife com batata frita de quando tinha a idade dele, com a diferença de que eu não era tão insistente. Passavam dias e dias até que por um toque de mágica diretamente das mãos da minha (fada) madrinha comia o meu prato predileto. E eram os dias de estrogonofe, de lasanha, sopa de espinafre, que faziam aquele dia do bife com batatas fritas tão especial. Que fazia eu mastigar saboreando cada centímetro da carne com o molho a escorrer pelas bordas do prato, a que cuidadosamente molhava as batatas nada simétricas que não lembravam as do Mc Donalds, mas eram tão boas... É a espera de termos finalmente o nossas necessidades (fugazes é verdade) satisfeitas que torna a existência tão rara. Isto se acreditarmos que a vida é a la carte e não um rodízio aleatório de sabores...
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
Se não existisse devia ser inventado
O marido tem um ex-colega de trabalho que tem um pensamento muito estranho para alguém que já passou dos cinquenta. Resumindo, é como se o mundo todo tivesse de o bajular, e como tal não existe, vive o tempo todo a reclamar. Foi demitido há alguns anos por ser pego a mandar e ler emails com mulheres nuas em pleno horário de trabalho, mas é claro que a culpa não era dele, é do chefe que é um mal humorado, sem nenhum poder de encaixe. Depois foi uma história que tornou pública através do facebook, contando da sua falta de sorte e reclamando dos guardas portugueses que só sabem caçar multa e não estão nem aí para a segurança pública. Isto porque estava com o imposto do selo atrasado há um bom tempo e foi pego por andar cem metros para comprar cigarro. A cara de pau é tanta que além de esquivar-se sempre de sua (falta de) responsabilidade, queria que os amigos fizessem uma vaquinha para pagar os duzentos euros de multa. Agora a última me rachou a cara mesmo. O marido bem intencionado lhe enviou uma proposta de emprego para a França, já que o sujeito gaba-se de falar francês. Além de devolver o email com erros básicos, pediu para o marido traduzir o currículo dele e entregar para a empresa que o marido trabalha. Falou isto como se fosse uma proposta irrecusável, daquelas que começam com "que tal", aliás deve ser isto mesmo, as pessoas tem uma enorme vantagem em lhe ter como amigo. O homem é tão caricato que custa acreditar que não é saído de algum programa de comédia e que não tem menos três anos de idade. Se conselho fosse bom, devia escutar Ana Terra* : "nem sempre podemos barganhar com a vida"...
*Personagem em "O tempo e o vento", de Erico Verissimo.
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
Eu canso
Costumo racionalizar: há um certo tipo de pessoas com uma visão tão estreita, mas tão estreita que só conseguem correr atrás do próprio rabo, como os cães. Mês passado rolou uma lista elaborada supostamente por um estado unidense sobre as vinte coisas que mais detestou no Brasil. A liberdade de expressão está aí para isto, no entanto o que deixa-me boquiaberta é a facilidade com que se enquadram 200 milhões de pessoas em um esteriótipo que começa do ladrão, mau caráter, egoísta, e por aí vai. E o pior de tudo nem é a visão (ridícula de tão infantil, mas pronto) de um sujeito que viveu um lado pequenino de um país continental, mas os próprios brasileiros a abaixar a bunda para gringo e dizer "pise-me, pode passar". Jesus como me revolta. Porque já morei fora, esta é a minha segunda experiência de emigrante e pessoas mal educadas, que querem levar vantagem, corruptas, existem em todo o lugar, inclusive entre os turistas branquinhos de olhos azuis.
Os brasileiros que viram-se com fúria para dizer: concordo com tudo, os brasileiros são assim mesmo. Dá vontade de perguntar se ele bate carteira no ônibus, se a sua mãe rebola de fio dental nos bailes funk ou se seu pai é algum vagabundo que passa a tarde a entornar trago no bar. Ah não? Porque se entramos na visão ridícula de colocar todos sob um estereótipo, não podemos esquecer que aqueles que conhecemos também fazem parte do mesmo. As pessoas julgam-se especiais, todos são assim menos ela e os familiares e amigos, jura? A partir de agora vai um vídeo como resposta a este tipo de pensamento, com a palavra, Caetano:
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