quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

E cada vez mais...


E cada vez mais acho que mais vale mil ateus de bom coração do que um crente destes que por sinal anda muito ocupado com a vida dos outros.


A imbecilidade virtual

Há uns tempos atrás escrevi um post em que dizia que não acho graça em ter gêmeos, é uma opinião pessoal, ainda por cima escrita em um sentido desabafo/com pitada de humor em um momento que a pouco havia limpado dois litros de amaciante que meu filho tinha derramado na cozinha. Até aí tudo bem, nada de polêmico, nem de xingamentos...até que alguma alma muito astuta teve a ideia de publicar em todos os grupos de mães de gêmeos do Facebook. Deve ser uma pessoa com a vida muito preenchida que pensou: e se colocasse lenha na fogueira? Imagino o ar de triunfo da pobre criatura com a tocha na mão: vejam, vejam o que ela pensa de nós!! E como se a minha opinião tivesse grande peso para a vida destas frequentadoras, foram comentários e mais comentários de gente triste, infeliz e de mal com a vida. Só destaco uma menina que apesar de não ter concordado, foi muito educada e não merece estar no mesmo bolo que as outras.
Nunca em tantos anos de blog tive tantas visitas diárias. Isto poderia ser o sonho de qualquer blogger, mas não é o meu. Principalmente de mães neuróticas e muito religiosas todas elas crentes no bom Deus que não me "deixou" engravidar de gêmeos por pena das criancinhas. 
Como ia dizendo, em todo esse tempo de blog é a primeira vez que necessitei desativar comentários anônimos e a também a primeira vez que recebo verdadeiras pérolas por email, pérolas que me fazem lembrar o quanto é bom ter um espaço pequenino, na penumbra como era o meu. 
Estas pessoas não entendem que A: este espaço é meu e aqui exerço o meu direito de opinião. B: os comentários discordantes serão publicados desde que sejam educados. C: o post foi feito neste contexto e aqui, e não com o objetivo de "entrar" no espaço virtual das mesmas. Quem o fez e deu-me este protagonismo foi uma delas e não eu. D: é o que muita gente pensa, não sou só eu. E muito provavelmente já tenham ouvido de gente na rua e até na própria família. Mas EU não tenho nada a ver com isto. EU nunca falei para ninguém na rua o que penso, como disse não é do meu feitio. Agora falar disto no MEU espaço é completamente diferente. 
Agora vamos ao lado maternal. Quantas das que vieram me acusar de ser uma péssima mãe ficaram em casa com os seus filhos e acompanharam o seu crescimento? Ou melhor, quantas não colocaram em uma creche aos 5 meses e voltaram louquinhas para trabalhar porque já não aguentavam mais ouvir choro de criança? Quantas abstiveram-se de sair a barzinhos, de ir no cinema por meses? Quantas deixam o(s) seu(s) filho(s) com qualquer um? Como me disse uma do "beijão": quantas deixam os seus filhos para ir em um baile funk?  Quantas sentam no chão para brincar com seus filhos? Quantas leem para eles, levam na pracinha ao invés de colocar desenhos na tv? Quantas não ficam horas no facebook? Armam-se em defensoras da moral e bons costumes da maternidade e vai se a ver tem muito tempo para andar em polêmicas a procurar cabelo em ovo. 
E por último: porque o que eu penso (que não sou nada delas, nem as conheço benza Deus!) tem tanta importância? Isto tomou proporções tão ridículas que só leva-me a pensar que: ou tem qualquer tipo de frustração recalcada e aquilo bateu fundo ou é uma tremenda falta do que fazer. Já que quem é feliz com sua vida e com o que Deus lhe deu não tem a menor necessidade de se revoltar por uma coisa tão pequena. Ou tem?

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Não me toque

Desconfio de soluções fáceis, principalmente no que diz respeito a se adaptar. Não é tão simples como trocar o chip de um celular e isto que nem estou falando da língua. É claro que sentir-se bem em outro país é uma questão relativa, há quem consiga em três anos e quem o faça em dez. No entanto acho que faz parte da nossa natureza comparar os modos de ser com o nosso. E é em plena era do "estranhamento" a que me encontro. Já sabia que os franceses, para falar a verdade os europeus no geral são mais fechados que os brasileiros. A diferença é que em Portugal depois de uma sisudez inicial é possível fazer amizades, já aqui as pessoas tendem a ser simpáticas no local de trabalho/escola, mas a convivência para por aí. Hoje tive um exemplo que deixou-me perplexa. Depois da aula sentei-me com a professora para que ela corrigisse dois parágrafos que havia traduzido de um conto meu. Quando acabamos, perguntei se caso ela quisesse saber o resto, eu podia enviar por email. Ela esquivou-se dando-me uma desculpa. Senti um choque no ar, que barulho faz duas visões de mundo a esbarraram-se? Na verdade pareceu-me um silêncio escorrido de amarelo, o amarelo do meu sorriso. Então quer dizer que um email é algo pessoal demais para se trocar com um professor que temos aulas há quatro meses? Que seria se pedisse amizade pelo facebook, o endereço ou coisa qualquer (que obviamente não o faria)? De repente desmaiava. Um email...poxa aquilo que se pode fazer um apenas para conhecidos e outro para familiares e amigos, que podemos apagar, que não há envolvimento de fotos, nem nada. Um inofensivo endereço eletrônico. Ou para os franceses nem tanto.

 Ui era só um email, não um pedido de casamento!

A vida não é só salsichão com farinha

Ou nas palavras do Fabian: chichão com saninha. Todos os dias tanto no almoço como no jantar a pergunta é sempre a mesma. Mãe, vou comer chichão com saninha, tá? Não meu filho, hoje não tem. E quando tem só come isto, não quer saber de arroz ou de beterraba ou cenoura. Só chichão. Mas a vida não é só chichão, lhe digo...a vida é carne, é galinha com molho...umas vezes peixe e outras couve flor. Ele olha decepcionado para o prato e suspira. Come bem porque tem fome, mas não repete. Esta é a versão bife com batata frita de quando tinha a idade dele, com a diferença de que eu não era tão insistente. Passavam dias e dias até que por um toque de mágica diretamente das mãos da minha (fada) madrinha comia o meu prato predileto. E eram os dias de estrogonofe, de lasanha, sopa de espinafre, que faziam aquele dia do bife com batatas fritas tão especial. Que fazia eu mastigar saboreando cada centímetro da carne com o molho a escorrer pelas bordas do prato, a que cuidadosamente molhava as batatas nada simétricas que não lembravam as do Mc Donalds, mas eram tão boas... É a espera de termos finalmente o nossas necessidades (fugazes é verdade) satisfeitas que torna a existência tão rara. Isto se acreditarmos que a vida é a la carte e não um rodízio aleatório de sabores...

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