sério...20 graus dá um bom dia de praia, não?
sábado, 25 de janeiro de 2014
Diferenças
Eu eu a minha mania de boa samaritana escrevemos em um site sobre custo de vida em Porto Alegre, minha cidade natal e agora tenho carradas de gente a fazer-me todo o tipo de perguntas. Um deles, do Rio de Janeiro, pretende se mudar para lá a trabalho está apavorado com o frio de 20 graus...(e eu aqui com -3)
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
Sou puta, não sabia?
Dizia eu que não era feminista. Dizia porque a primeira imagem que me vinha à cabeça era de um bando de mulheres histéricas a queimar sutiã em praça pública (também tenho direito à estupidez, não?). Mas depois fui lendo e me aprofundando na matéria e descobri que sou sim feminista. Porque feminismo não tem nada a ver com defender que a mulher é mais que o homem, tem a ver com igualdade dos sexos, igualdade de oportunidades, de salário, de tarefas domésticas e por aí vai. Em suma, é dizer que nós mulheres não nascemos para capacho deles. Quem já me lê um tempo sabe que só não gosto do extremismo de algumas mulheres que acham que todas devem ser independentes, na minha opinião cada uma sabe o que faz e é livre (ou deveria ser) tanto para ser gestora em uma multinacional como para ficar em casa passando camisa.
Agora vejam a minha situação, sou mulher e ainda por cima sou brasileira. Sinto muito falar disto seguidamente, mas é um tema muito sensível porque tenho de lidar quase diariamente com ele. Então já não me basta ter de aturar os machistas da minha terra tenho de aturar os de outras nacionalidades?! E se a mulher já é vista como objeto e como causadora da tentação masculina em muitas culturas, a mulher brasileira parece que tem de provar duas vezes a sua inocência. Às vezes eu canso...porque tenho de ser eu a mudar? Porque tenho de ser eu a não sorrir com medo porque um simples sorriso pode ser interpretado de outra forma? Porque uma francesa ou inglesa ou portuguesa vestida com roupa curta é vista de um jeito e uma brasileira é vista de outro? Porque a mulher de César não basta ser séria, tem de parecer séria? Cansa, machismo cansa. Estereótipo cansa. É claro que não sou burra e sei que qualquer estereótipo tem um pano de fundo, o problema é a generalização de um comportamento pontual porque a primeira coisa que se diz é "a maioria das brasileiras que foram para a Europa foram para se prostituir". E pergunto-me de qual censo é que tiraram isto, pois a maioria é sempre o que queremos que seja. Quantas foram para trabalhar honestamente? Quantas porque conheceram um estrangeiro e foram morar com ele e constituir família? Estas não contam para as estatísticas? Porque somente o que interessa são fatos negativos sobre determinada etnia. Então será verdade que todos os franceses são porcos? Que todo norte americano é um obeso ignorante e presunçoso? Que todo gaúcho é viado? Que todo português é burro? Que todo alemão é nazista?
Sabe, as pessoas dizem que não, mas pensam assim. Ninguém é preconceituoso até abrir a boca e é nas entrelinhas que caçamos estes pensamentos. "Não existe amizade entre um homem e uma mulher". "Uma mulher não pode sair sozinha com um homem, porque isto significa que ela quer dar e se for brasileira então"...
Infelizmente sei que viemos de uma cultura sexualizada, onde eu com onze anos dancei a dança da bundinha do É o Tchan, sem ter consciência de que isto remetia a movimentos sexuais. Sim é verdade que muitos programas só tem audiência se mostrar bons pares de pernas e mamas das dançarinas ou apresentadoras ou entrevistadas. Que vivemos extremamente preocupadas para estar com o corpo em dia, que é só varrer os perfis das minhas amigas e constatar que mais da metade colocou silicone. Sim, é verdade que exportamos novelas, é verdade que as mulheres tendem a ser mais espontâneas (assim como os homens o são). Mas não é por isto que ao dizer que sou brasileira, estou dizendo "quero transar contigo". Isto é nojento, é absurdo, é mesquinho. E eu estou cansada. Cansada de lutar por algo que é maior que eu. Que é covarde porque se esconde atrás de posições hipócritas sobre o que fica bem fazer. Como se as francesas não gostassem de sexo, como se as italianas idem. Porque talvez seja isto, mulher não pode gostar de sexo que é puta. Não pode por roupa curta que é puta. Não pode rir à toa que é puta. E é mais puta ainda se for brasileira. É melhor que digam logo que lugar de mulher é na cozinha, e lugar de brasileira é na cama, assim já os topamos de longe.
terça-feira, 21 de janeiro de 2014
Só os olhos de fora (ou nem isto)
Uns dias atrás tive uma discussão com um ex colega (cá para mim ele gosta de picar-me com estes assuntos) porque defendi a posição da França em proibir o véu que deixa apenas os olhos de fora (niqab) ou nos piores casos, a burca em espaço público. Dizia-me ele que então a França não era um país livre e democrático já que não aceitava a religião muçulmana. Para mim liberdade e democracia são conceitos relativos, pois acho que seria muito interessante um país livre que permitisse uma forma tão extrema de repressão ao gênero feminino. As pessoas não são proibidas de seguirem esta fé, elas podem usar véu para cobrir os cabelos e pescoço (hijab), os vestidos pretos até os pés, podem andar dois metros atrás dos maridos (que é como andam), sentar no banco traseiro enquanto o filho senta na frente com o pai, só não podem cobrir o rosto. Culturalmente a França não interfere no jeito deles viverem, as mulheres seguem sendo reprimidas seja voluntaria ou involuntariamente. Sinceramente este não é o primeiro assunto que vejo dar polêmica com quem se enfia atrás de uma série de teorias políticas e defende uma posição sem nunca ter vivenciado. Em 2008 antes da aprovação desta lei, durante os dois meses em que "morei" em Paris parecia muitas vezes que estava no Afeganistão ou qualquer país talibã do gênero, tal era a quantidade de mulheres de burca que andavam por lá. E como sou do pensamento que se fosse no país deles eu teria de me sujeitar a tapar-me toda, sendo assim, se eles escolheram um país livre para viver e não uma ditadura muçulmana, tem ao menos de mostrar a cara. O meu ex colega que é professor, nunca passou pela situação de dar aula para mais da metade de alunas em que só vê os olhos ou nem isto, ou tentar interagir com uma pessoa por trás daqueles panos todos. É claro que não descarta-se também por parte do governo francês uma questão política e ideológica porque são os emigrantes quem tem de se dobrar aos costumes e não o contrário.
Quanto a este cartoon penso que enquanto a mulher ocidental consegue ter escolha do que se vestir a outra já não ocorre o mesmo. E o argumento usado por ele de que deviam deixar que a própria convivência com um país mais aberto mudassem aos poucos a forma desta etnia pensar, vestir e agir, é ridícula e denuncia mesmo a ignorância de uma pessoa que nunca conviveu com um grupo minoritário e auto-excludente (que em muitos sentidos me faz lembrar os ciganos em Portugal). Este assunto por acaso dá pano para burca, pretendo falar outras vezes por aqui.
Transcrevo aqui uma opinião interessante deixada em uma coluna sobre este tema:
Totalmente a favor da proibição. Não acho que isto acirra o preconceito. Ninguém está acima da lei. Aqui na Suiça por exemplo é proibido andar com rosto coberto em vias publicas. Esta lei existe ha muito tempo. E foi criada para desmacarar os neo nazis que gostavam de fazer suas passeatas pró nazismo com o rosto coberto. Desde que esta lei foi criada vem diminuindo o numero deste tipo de passeatas, pois eles nao tem coragem de mostrar a cara em publico. Quanto a motociclistas, carnavalescos, sao autorizaçoes especiais. O motociclista só pode usar o capaceta enquanto está em cima da moto, e os carnavalescos faz parte da tradição, da cultura do país. Eu tenho uma amiga muçulmana ( minha concunhada), as mulheres da familia dela nao usam burca, no maximo a mae usa niqab, ela nem isso, mas as mulheres de sua familia tb sao a favor da proibiçao a burca. E se uma pessoa criar uma nova religiao onde todos têm que andar nus ? Esta tudo bem em nome da religiao andar nu por ai ? Existe aqui na Suiça e na Alemanha um grupo de naturistas religiosos que caminham nus nas montanhas como forma de estar em total contato com a natureza. Chega o verao, coloca-se mais policiais vigiando estes lugares e estas pessoas sao multadas e presas. Agora se algumas podem usar a burca, pq outros nao podem caminhar nus pela cidade ? Vc é a favor que os naturistas religiosos adquiram o direito de andar nus em vias publicas para assim poderem expressar sua fé ? "domingo, 19 de janeiro de 2014
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