quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Então e já estão adaptados? Já estão falando francês?

Ninguém pode imaginar a raiva que fico quando escuto estas perguntas e o impressionante é que uma vem no seguimento da outra, impossível dissociá-las. Afinal para estar adaptado é preciso falar francês. Se for só isto, falar como índio conta para adaptação? Arrastar um pão duro e comprido por tudo que for superfície lotada de bactérias também conta pontos? E depois se um dia eu conseguir fazer aqueles "RRRR" e aqueles "IÚU" e "IÊEE" com um charmoso biquinho, posso me considerar francesinha da gema? 
Hoje quando fui buscar o Fabian na escola, perguntei as mesmas coisas de sempre, se havia brincado com os amigos, o que a professora tinha ensinado hoje, etc. Quando insisti para que ele respondesse a última pergunta, ainda parados à espera que o sinal abrisse, ele olha para mim e diz: não sei mãe, eu não entendo o que ela diz. E eu, pois eu sei filho, a mamãe também não, mas eu estou indo na escola para aprender cada dia um pouquinho mais...
Ele já veio nos dizer que não gostava desta casa, que ia pegar um avião e arrumar outra casinha, e por duas vezes disse que não queria falar francês. Eu fico de modos que assim, perplexa porque ou as pessoas todas que me disseram que era fácil, que uh la la as crianças aprendem rápido e quiçá mais do que eu, que logo ele estaria falando muito bem e patati patatá, estão todas erradas ou meu filho tem muita complexidade para uma criança de 3 anos ou é muito burro. Não sei. Acho que no fundo todos nós temos uma certa amnésia para fatos passados. Se hoje alguém me perguntar como foi o meu parto vou dizer que fiz com um pé nas costas (não é verdade porque não seria lá uma posição muito boa), mas provavelmente estarei esquecendo de mencionar a merda que foi o meu pós parto e as três semanas que passei orando para que me arrancassem a xoxota porque aquilo doía como o cão.
Talvez seja uma forma de tranquilizar os outros dando-lhes umas palmadinhas nas costas, no sentido de que é no andar da carroça que as melancias se ajeitam. Ou talvez uma forma de minimizar o problema alheio porque afinal já faz tanto tempo que passamos por isto que até para nós aquela experiência horrorosa nem foi tão ruim assim (vista hoje). Ao menos por mim, por nós posso falar, já estamos aqui há quase meio ano, sendo que o Fabian vai para a escola todos os dias e mesmo não sendo uma criança tímida, está sendo bem difícil sua adaptação. Aliás eu já o disse, será que as pessoas acham que existe alguma tecla SAP ou que podemos trocar de chip tal qual um telefone desbloqueado e sair falando, sair vivendo la vie en rose? Não sei os outros, mas eu e agora vejo no meu filho, não somos celulares livres, temos os nossos bloqueios linguísticos e emocionais e ainda levaremos algum tempo até achar/captar o "sinal" francês...

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Diga-me o que publicas que te direi se és um imbecil



Semana passada houve uma polêmica porque uma professora de uma universidade privada famosa, escreveu em seu facebook o seu desapontamento por não haver mais glamour ao se viajar de avião. Não satisfeita, tirou uma foto do homem ao qual cabia o comentário, chamando-lhe de Mr. Rodoviária e lamentou o fato dele ir no mesmo voo. O que está em causa nem é o preconceito pelo modo de vestir, nem a ideia de soberba de uma classe que não suporta que pessoas como seu porteiro ou a empregada de limpeza possam hoje ter condições de desfrutar de uma viagem de avião. O problema está em tornar público. O problema está em querendo ou não, uma professora universitária tem uma imagem a zelar, um cargo de formação de consciência político e identitário e deveria ter mais cuidado com o que torna público. O problema ainda maior, ao meu ver, é expor, é dar cara ao visado. Se ela dissesse a mesma coisa em palavras apenas estaria sendo idiota. Mas dizer isto e ainda ilustrar é mesquinho demais. E sou completamente contra a esta "nova" mania que atinge os registradores de plantão que tem a necessidade de ilustrar os seus causos. Já vi em alguns blogs que sigo, os autores para serem engraçados colocarem fotos dos seus alvos e na época não disse nada, mas agora digo: isto é muito triste e de uma falta de educação incrível.  Uma coisa é eu dizer que vi uma mulher de sessenta anos de mini saia e achei ridículo, outra completamente diferente é sacar do meu telefone e tirar a foto da tal senhora. Que por acaso até pode um dia dar de cara com isto na net. Ela vai saber que as pernas são dela, que a saia é dela, que estava no centro de Strasboug naquele dia cinzento. Assim como este homem, apelidado de Mr. Rodoviária, era nada menos que um advogado e procurador  que por acaso teve a bondade de levar na brincadeira a estupidez da senhora. Mas ela podia não ter a mesma sorte, que é o mesmo que dizer que as aparências enganam e aqueles que são fracos para ver, deviam permanecer calados. Entendeu querida professora ou precisa que tire foto?

Update filmográfico

Isto é filme para passar em escola, é tão rico e levanta tantas questões que daria uma boa discussão.

Doze anos de escravidão: muito bom, mas mesmo muito bom. O fato de ter realmente acontecido, dando nome e rosto aos personagens, é muito mais tocante do que se fosse apenas mais uma história hollywoodiana para fazer chorar. E o marido passou um hora e meia implicando comigo porque eu disse que o Brad Pitt entrava em alguma parte...foi no fim, mas aquele sotaque matou a véia aqui. 
Categoria: puta que pariu isto aconteceu mesmo...

Uma das surpresas é a ótima atuação de Oprah.

O mordomo: Uma resposta clara à diferença de tratamento entre os negros do sul e do norte dos Estados Unidos levantada por um dos blogs que sigo. O blogger reclamava que no sul há muito mais racismo por parte dos negros em relação aos brancos do que em outras partes do país. Dizia ele que além disto, o vitimismo era frequente, ora se analisarmos o quão resistente foi o sul em abolir a escravidão, assim como mais tarde assumir os negros como parte da sociedade, dando-lhes espaço para ocuparem cargos e lugares nunca antes possíveis, podemos ter ideia de quanto rancor guarda a identidade afro nesta região.
Categoria: puta que pariu isto aconteceu mesmo...

A muda sabe tudo, mas não fala nada! 


Open Grave: Uma salva de palmas por eu não ter conseguido adivinhar o fim. Só aí já merece ter sido um dos melhores filmes que vi, mas não é só isto: um suspense inteligente que envolve um sujeito acordar em um meio de uma cova aberta (é claro que lotada de cadáveres) sem saber quem é e o porquê de estar ali. Alguém lhe estende uma corda, mas ele não sabe o que poderá encontrar no outro ponto desta. Nenhum ator conhecido, mas por um lado é bom...não sendo um filme com a Sandra Bullock e o Ben Stiller podemos considerar que é um bom sinal.
Categoria: como é que eu não tinha pensado nisto!


Este cabelinho espetado do Javier e a cor de alaranjada à Karl Lagerfeld tá "u Ó", sem falar na roupa cafonérrima. 


The counselor (ou O Conselheiro do Crime): Uma verdadeira bosta. Sério, o meu primeiro pensamento inocente é humm deixa ver... Brad Pitt, Cameron Diaz (já fez os seus filmes de merda, mas alguns bons), Penélope Cruz, Javier Bardem e Michael Fassbender juntos só pode ser bom! Uau um filmaço!! Mas... a história é clichê: um cara que quer ganhar dinheiro fácil se envolve no crime, neste caso um transporte milionário de cocaína. Dá tudo errado é claro, vai dizer que alguém ia acreditar que daria certo? Mas nem é pela previsibilidade da coisa, é mais porque é parado e entre um tiro e outro o McCarthy resolveu que os seus traficantes tinham feito um curso de filosofia na Ufrgs. E assim são diálogos de matar... sobre o porquê fazemos as coisas que fazemos, porque as mulheres nos fodem (a vida), sobra a importância de se caso escolhêssemos um caminho desviante temos de ter colhões para assumir o risco (jura??), etc. 
Categoria: Pontos para quem não dormir no filme...isto porque nenhuma cena de nu com o Brad é sacanagem com a minha pessoa.


All is lost: Filme todo com apenas um ator e mesmo assim ficamos discutindo se era o Harrison Ford ou o Robert Redford. O mais estranho  nem é a falta de monólogo, já que nem todo mundo é como eu. Mas o que torna o  filme questionável é a crescente falta de sorte desacompanhada de um sonoro palavrão (que acaba vindo no fim, mas pronto). 
Categoria: Não veria de novo.



Blue Jasmine: É um filme do Woody Allen que não parece do Woody Allen, ou seja: não é chato com diálogos intermináveis e existencialistas. É um filme sobre uma dondoca que se vê pobre da noite para o dia, tendo que conviver novamente com sua irmã de criação. Este filme toca em um ponto básico, o qual concordo que a maioria das mulheres no fundo quer um homem que as sustente, que é muito mais fácil chegar lá com o caminho já feito (procurando espécimes bem sucedidos) do que batalhar do zero para alcançar o sucesso.  E é incrível como o amor acontece rápido quando se tem todas as predisposiçõe$ para tal.
Categoria: eu conheço alguém assim...

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Por favor, parem!

Uma Thurman já equipada para a inauguração da Copa


Parem de partilhar estes vídeos contra a copa, já chega, cansou. Não sou a favor da Copa no Brasil, acho que foi uma ótima desculpa para mais desvios de verba e o discurso de que é bom para o país, mais empregos e infra-estrutura é balela. Mas agora chega de ficar enchendo o saco com vídeos que fazem o  com que a Somália, Afeganistão e Cuba pareçam o primeiro mundo perto de nós. As pessoas querem mostrar uma realidade vista em lupa e com muito mais drama e sangue do que um filme de Quentin Tarantino. Deixem logo esta missão hercúlea de fazer os estrangeiros terem a pior visão possível de nosso país, isto não vai adiantar...sabem porque? Porque quem quer vir, vem de qualquer jeito. Porque os ingressos já se encontram esgotados e valem uma pequena fortuna. Porque os que virão não estão nem um pouco preocupados com as mazelas da nossa terrinha, nem vão a uma excursão nos hospitais públicos, nem vão andar de ônibus, nem visitar nossas escolas com goteiras. Eles vem aqui por causa do futebol, boa? Não que isto seja louvável ou condenável, simplesmente não me interessa. Querem fazer alguma coisa para mudar ou é só mesmo isto, encher a paciência virtualmente? O que diga-se de passagem, nos últimos tempos tem se tornado uma arte...
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