sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Avaliação escolar

Ontem veio a avaliação do Fabian para lermos e assinarmos embaixo. Muitas coisas não puderam ser pesadas porque ele não domina o francês. Mas apesar de estar em desvantagem com relação as outras crianças, vi aspectos positivos na parte de expressão artística, no respeito às regras (para comer, lavar as mãos, esperar o colega falar) e principalmente na atenção na hora da professora contar uma história. Já no Brasil tinham me falado disto: o Fabian é uma das crianças que mais gosta de estar parado a escutar um conto, neste caso, mesmo que não entenda muito bem. Diz a professora que ele responde as perguntas que ela faz sobre o livro, mas em português, o que já é um passo. 
Nós temos reforçado para que ele participe mais das aulas, que não tenha vergonha de falar, mesmo que ainda não se saia muito bem. Conosco ele diz algumas palavras em francês e inclusive canta as músicas que aprende na escola, mas eu sei, a criança que temos em casa é por vezes muito diferente da que a professora conhece. Ainda assim estou contente, acho que é um menino que já passou por muitas mudanças em tão pouco tempo de vida, portanto é só dar tempo ao tempo. 

O que é ser inteligente?

Tenho a plena consciência de que fui uma aluna mediana, não no que diz respeito à notas porque sempre tirei Bons e Muito Bons, mas notas boas para mim não é sinônimo de ser inteligente. As provas tão temidas eram apenas avaliações superficiais do conhecimento fresco ainda pela memorização. Afinal, olhando hoje para tudo o que me foi ensinado, questiono-me o que permaneceu e o que se "evaporou" da minha cabeça. Então se a inteligência fosse medida por notas, seria coerente pensar que agora eu já não possuo mais esta tal inteligência? Ela se foi com os anos e com o tempo? 
Para as ciências exatas era preciso calma, exercícios e prestar atenção na aula, só assim para alcançar um bom resultado. Mas nunca tive qualquer problema em educação artística, por exemplo, em criar histórias e fazer redações e interpretar textos e feições. Às vezes pergunto-me porque este tipo de habilidade não é tida como inteligência, porque a sociedade sobrevaloriza ser bom em matemática, química ou física quase como se fosse o selo oficial de um QI alto. Ninguém olha para um desenho bonito e pensa: nossa que criança inteligente! Mas olham ao contrário, para a boa nota de um teste sobre átomos e dão tapinhas nas costas dos filhos. E hoje, já adulta, imagino que nas provas da vida, podemos mais é enfiar estas notas no fiofó, porque de nada servem...e há tão poucos, mas tão poucos com a inteligência que esta nos cobra: a inteligência emocional... (Agora veio-me a lembrança da primeira vez que achei um livro no lixo: e o nome era exatamente este: A inteligência emocional. Arrependo-me até hoje de não o ter resgatado. Enfim.)

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O câncer do Brasil




Não, não é a corrupção. São os crentes, mais especificamente os evangélicos. É claro que há como em toda regra algumas exceções, mas o problema está em a comunidade crente ter se tornado cada dia mais expressiva no Brasil, inclusive na política. A primeira vez que tomei contato com eles foi na faculdade. Eu e uma amiga tínhamos uma aula daquelas que nem davam tempo de almoçar antes no RU, já que começava à uma e pouco, e nem dava para almoçar depois, porque terminava às três. Neste meio tempo ficávamos vagando pelos corredores de luzes apagadas e salas vazias enquanto comíamos algum lanche que tínhamos trazido. Naquele dia percebemos um alvoroçamento incomum: balões, música (rap? já não lembro), e algumas pessoas passando com pratos com doces e salgados. Alguém nos viu sentadas a um canto e nos convidou para entrar na "festa". Não foi somente alguém, diria que foi um certo alguém alto e lindo, de olhos verdes da cor do mar de Maceió. Olhamo-nos e fomos com muito prazer. Chegando lá, muita alegria, confraternização entre estudantes na maioria do curso de letras, e ficamos sabendo que a tal festa aconteceria todas as quintas naquele horário. Quando nos despedimos por causa da aula, eles perguntaram: então, voltam? E nós: que dúvida! Depois...bem depois nos apresentaram a bíblia e a sua "missão" (caramba que aquela gente se leva bem à sério) na faculdade. Queriam que participássemos das festas que rapidamente deixaram de ser apenas diversão para ser o veículo por onde tentavam nos convencer a frequentar uma igreja evangélica. Para quem não conhece há várias: Universal (que é a mais conhecida), Igreja do evangelho quadrangular, do triangular, etc. Mas ao saber que tanto eu quanto a minha amiga não tínhamos intenção de nos engajar à causa, a nascente camaradagem terminou. Ali.
Eu não sou contra as religiões no geral, mas sou contra a ignorância, ao preconceito e consequente intolerância travestida em fé. Porque se as pessoas vão a qualquer lugar, seja um terreiro de umbanda, seja uma igreja batista ou evangélica e aquilo faz-lhes bem, é isto que importa. Mas não acho jamais que este tipo de culto faça bem porque o que acontece ali é uma lavagem cerebral em que são todos muito amigos e muito unidos se comungam da mesma fé, no entanto são proibidos de manter contato com pessoas de outras religiões a não ser para trazê-las para o rebanho. Há casos que vi com os meus próprios olhos de pessoas que inclusive se afastaram da família, que deixaram de assistir tv, que passaram a escutar somente a rádio do pastor e que finalmente acabaram se divorciando porque não há Cristo  que aguente alguém assim. Para mim este fanatismo evangélico é uma pseudo religião, porque se o significado da mesma é "religar" a Deus ou a uma energia divina e por conseguinte a tudo que desta advém (ou seja, a humanidade está incluída), e a única coisa que faz é separar, é ostracizar e infernizar quem não acredita no mesmo, então esta não cumpre o seu papel. Além disto, outra coisa que deixa-me perplexa é o fato das pessoas se preocuparem muito mais com o demônio do que com Deus. Tem uma piada que diz que no motel se fala mais "Deus" do que nestas igrejas... O que contribui para isto é o pastor e o seu discurso de medo: tudo pode ser artimanha do diabo, uma música, um filme, uma notícia de jornal e até a marca de uma maionese famosa (isto mesmo a Hellmann´s haha). Tal julgamento não abre qualquer espaço para reflexão e para que o crente pense em nada que não seja o que é dito por ele. Em certa medida, a igreja evangélica é nos tempos modernos, o que a católica foi na Idade Média: um instrumento de medo, de controle e de enriquecimento.
Quando falei aqui sobre a polêmica do beijo, os comentários que mais me apavoraram por serem extramente maledicentes e preconceituosos, partiram de nada mais nada menos do que destes servos do Senhor. E a desculpa nem era de estar sendo um babaca, não, eles estavam apenas dizendo A verdade, contida to-di-nha na bíblia. Ora, dá para levar à sério alguém que acredita em um livro que foi escrito anos depois (mais de cinquenta pelo menos) da morte de Jesus, e na maioria por gente que sequer o conheceu, ouvindo apenas o boca a boca? Um livro escrito por milhares de autores diferentes dizendo que aquela era a palavra de Deus? Por homens comuns ou com outros interesses, um livro cujas páginas se perderam na história e outras  foram acrescentadas, reescritas e/ou censuradas ao bel prazer da santa madre igreja?  Quem me prova se em algum destes escritos lá no meio não havia "Deus" dito que não tinha nada contra os homossexuais,  sendo que até os espalhou por quase toda sua criação? Quem me prova que o diabo não foi apenas um personagem criado pela Igreja católica para aterrorizar as "criancinhas" tal como nós falamos em nome do bicho papão para sermos respeitados?
O mundo não precisa de mais pessoas tementes a Deus e ao diabo. Precisa de gente de bem, independente de acreditarem ou não em alguma coisa, basta apenas que acreditem em seu próprio valor e contribuição para a humanidade...pena que isto não enriqueça muita gente, não é?

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