Para uma pessimista convicta, ver o lado bom é um exercício constante. Tenho me perguntado o que eu mais gosto daqui além da nossa casa e cheguei a conclusão que não é a educação que nos faz soltar bom dias mecânicos a cada desconhecido, mas a simpatia ao modo francês. E esta simpatia está espalhada entre todos os motoristas de ônibus. É só ele (ou ela pois que há muitas mulheres nesta profissão) ver alguém desesperado correndo lá na outra esquina para esperar sempre. O Fernando diz que até fora do ponto eles abrem a porta, mas isto eu já tenho vergonha de pedir. Além disto, dirigem bem sem nos deixar com o famoso sentimento de carne de açougue. Claro que não posso falar pela França toda, nem sei se em Paris é assim. Sempre que me refiro à França ou aos franceses o faço com um recorte do cotidiano que experimento, até porque nem teria como falar por um país tão grande.
segunda-feira, 12 de maio de 2014
domingo, 11 de maio de 2014
Dar um jeito
A música oficial da Fifa está uma bela merda, para ser sincera. Rimas fáceis estilo coração com paixão, amar com esperar, que chegam a dar vergonha alheia. Mas incrivelmente combina com a maneira que tem sido tratada a copa no Brasil. Dar um jeito, fazer de última hora, superfaturar obras, no maior estilo "logo que vê".
obs: A única coisa que se salva (um pouco) é o Santana.
obs: A única coisa que se salva (um pouco) é o Santana.
E hoje é dia...
das mães no Brasil. O facebook está lotado de fotos e declarações para as melhores mães do mundo, tão boas, tão perfeitas. Interessante ver uma das minhas amigas que me disse verbalmente que só teve filho porque o marido quis e que por ela a criança não precisava existir, estar estampada em uma das fotografias. Embaixo os dizeres de sempre: mudaste a minha vida, te amo mais que tudo bla bla bla. Meus olhos passam por dezenas, arriscaria dizer centenas de frases de agradecimento e amor incondicional e não consigo deixar de pensar quantas já não andaram aqui pelo meu blog. Quanto a mim, tive de fazer o esforço de ligar para a minha mãe, dizer coisas vazias e ouvir coisas igualmente vazias e sem sentido. É...deve ser isto que sentem as pessoas que não gostam do natal.
O empreendedorismo francês
Faz um mês que o espacinho envidraçado que eu e o marido cobiçávamos em sonhos, foi alugado. Antes era uma pequena lanchonete com móveis manchados de tinta e cobertos de pó. A reforma durou uma semana: pintaram, trocaram o balcão, colocaram pequenas mesas para dois e penduraram cortinas decoradas com limões. O nome era alguma coisa como "soleil d'or", mas depois vi que este era o nome do negócio antigo, talvez de antes, de antes, de antes deste.
Semana passada o Fernando disse que haviam fechado e eu fiquei meio: como assim???? Um mês, um mês! Esperavam algum ganho líquido neste período? Até eu leiga da silva em empreendimentos, sei que demora-se uma média de um ano para recuperar todo o investimento dispensado e dois para obter finalmente lucro . Tá certo que o ponto não é lá estas coisas, mas aqui perto há algumas empresas de grande porte que poderiam bem ter significado clientes frequentes. Há poucos restaurantes, principalmente de comida mais rápida, barata e eclética.
Como são Tomé, só acreditei quando passei à frente da porta e li o papel logo abaixo do aviso de encerramento, no qual se encontrava ainda o horário do ex-restaurante. Do meio dia às duas e das dezenove às vinte e duas horas. Não preciso dizer que não abrem em finais de semana nem feriados. Notei que apesar da nossa caixa de correio viver abarrotada de propagandas, não recebemos uma sequer anunciando-o. Na fachada, nada de pratos descritos em um quadro, nada de promoções do dia, e também nada de clientes.
Não é querer ser tendenciosa, mas é só olhar para os lados e ver a quantidade de restaurantes turcos, chineses, iranianos e etc, abertos 7 sur 7 jours. Com propagandas em tudo que é lugar, sendo que quase toda a semana chega-nos um menu a preços justos com entrega gratuita a partir de 15 euros. Aí a pessoa aluga, faz reforma e gasta uma pequena fortuna para abrir um negócio e quer que como mágica pulem fregueses no seu colo. Não diversifica os produtos oferecendo por exemplo, lanches para o período da tarde, não coloca anúncios nas imediações, abre em um horário em que a rua fica deserta (à noite), ao invés do período laboral das 9 às 18 horas, e eu ainda admiro-me quando fecha em tão pouco tempo.
Em um lugar onde a padaria fecha finais de semana e segunda-feira, onde o salão de beleza trabalha só sábado de manhã e fecha na segunda o dia todo, onde os shoppings e supermercados fecham aos domingos, é um pouco difícil conciliar lucro, falta de vontade e direitos trabalhistas.
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