quarta-feira, 28 de maio de 2014

Aprender?



Volta e meia vozes se levantam contra a adultização das crianças e eu dou razão em parte. Não creio que seja benéfico preencher todos os horários mal deixando-lhes tempo para brincar, no entanto fico ao mesmo tempo pasma com a forma inflexível desta outra visão: a que prega um retorno idílico ao que (pensam que) foi a infância paterna. Meu filho estuda em uma turma mista que vai dos três anos aos cinco. Portanto é normal que ele tenha lições de como "desenhar" letras e  números, assim como saber a primeira letra que compõe o seu nome. Não vejo nada de mal nisto, sério. Ele adora "escrever" no quadro que demos a ele e agora tem estado muito feliz a preenchê-lo de quatros por todo lado. Sabe todo o alfabeto francês de cor através das músicas que a professora os ensina e que ele pede para pormos no youtube. Mas não é por ele saber estas e estar aprendendo outras coisas que sua infância não esteja sendo respeitada. Pelo contrário, o estado de sujeira e furos nas calças com que chega em casa, é uma prova de que ele mexe-se, corre, anda de bicicleta,  vai atrás do seu amigo inseparável, and so on.  Esta história de que ah as crianças não devem saber isto ou aquilo, devem apenas brincar eternamente parece-me coisa dita por pais de crianças que não costumam se encaixar neste processo de aprendizagem. E inclusive acredito que há até um pouquinho de ciumeira, pois do contrário o discurso mudava para apregoar a inteligência e o destaque dos seus filhos, não há nenhuma dúvida. 
Na creche que o Fabian frequentava no Brasil, que se baseava nesta linha de pensamento do brincar sem limites, não possuía imagens de animais nas paredes, nem eram-lhes ensinado absolutamente nada a não ser fazer bolos e deixá-los correr (isto para crianças entre três e quatro anos). Não gosto nada destes extremismos porque isto me remete à ideia de que as crianças não tem de aprender, e sei que elas não tem ainda a real necessidade de saber o zoo inteiro, mas é desde pequeno que se estimula a descoberta e daí a importância de se começar por algum lado. Estas pessoas e estas listas tão amplamente divulgadas nas redes sociais, que dizem o que uma criança deve aprender na primeira infância, ou seja apenas brincar e ter tempo com os pais, na minha opinião são tão redutoras quanto a ideologia a que se contrapõem. Não levam em consideração que há crianças que desejam mesmo saber até mais do que lhes é proposto (como é o caso do meu filho quando descobriu as letras) e nem que quando eram os pais crianças também andaram a contornar vogais com linhas e feijões e nem por isto deixaram de ralar joelhos e colecionar roxos pelo corpo.  

Facebookeando


terça-feira, 27 de maio de 2014

Os blerc verdes



A moda da vez são os sucos verdes instagramizados acompanhados de um #bomdia, #começandobem, #projetoverão. Bla bla bla. Aviso aos navegantes que esta sopa crua que alguns ousam chamar de smootthie, meu padrasto já tomava há vinte anos atrás. Lembro que o coitado teve de se submeter a sucos verdes por um mês em uma dieta que os hipsters alimentícios gostam de chamar detox, mas não foi para emagrecer e sim uma tentativa de reverter o processo de um caso de transplante de fígado. Deu certo, tanto que está aí até hoje. Mas foi um mês: manhã, tarde e noite, além de banho de água do mar a que íamos buscar com garrafas de cinco litros para encher a piscina de plástico. Acho que se falassem para ele sobre os tais sucos e que há uns que os tomam de livre e espontânea vontade, ele os chamaria loucos. E vai ver até tem razão. Vão mais é parar de frescura como se tivessem inventado a roda!

Férias

Este ano é a primeira vez em quase oito anos  de casamento que o meu marido tira férias, duas semanas corridas em agosto. Aqui há uma lei que obriga os funcionários a tirarem no mínimo estes dias durante o recesso escolar, creio eu para que os pais passem ao menos um pouco de tempo com os filhos. E tenho certeza de que se pudesse, o marido optava por tirá-los em setembro ou mesmo no final do ano, visto que detesta calor e como vamos ficar em casa mesmo...sem praia por perto, ele até tem razão. Uma coisa que não me agrada nada é a possível vinda do meu enteado para cá. Já tinha falado aqui o quanto me desagrada lidar com alguns familiares do Fernando e depois do que aconteceu com a morte do seu padrastro, teria que ter no mínimo cara de pau para me encarar de novo. Eu sei que ele já andou lendo o meu blog, portanto até acho que as coisas seriam mais fáceis se ele entendesse este recado: nossa vida agora é a três. E é como disse a minha outra enteada que sequer reconhece o meu filho como seu irmão, já por muitas vezes colocou-se desta forma, hoje somos uma família completa, o passado está lá atrás, não tenho raiva, mas eu não quero conviver novamente com algumas pessoas. 
Quanto a mim e ao Fabian, as férias estão logo ao virar da esquina, para meu desespero. Nestas horas sinto muitas saudades de Portugal e de viver perto do mar...não sei se tenho paciência para piscinas públicas, enfim.
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