Que aqui em casa a tv é monopolizada pelo Fabian, ninguém questiona, mas agora o que anda a tocar em replay é o tal do Gummy Bear. Sério que cada vez que eu vejo aquele urso com cara de quem tomou LSD, e suas músicas eletrônicas muito histéricas, tenho vontade de voar para longe. Não há um dia que este urso medonho não venha aporrinhar, o pior de tudo é ficar com as músicas na cabeça horas e horas depois...
quinta-feira, 3 de julho de 2014
sábado, 28 de junho de 2014
Fóruns de mães? Não, obrigada.
Antes da internet como vocês faziam para passar vergonha? |
Não tenho mais saco para fóruns de puericultura. Ponto. Não é tanto porque me ache doutorada no assunto, longe disto, mas é que dá uma vergonha alheia inevitável. Aliás, vamos combinar que de alheia não tem nada, o problema é que me revejo em cada tópico, em cada verdade absoluta do "aqui faço isto e dá certo" como se todas as crianças fossem iguais. E depois, depois aquela coisa ridícula de achar que porque o filho sentou com cinco meses é o mais novo Einsten e andou com dez meses e com um ano já falava mais de cem palavras. Ta aí o novo Fernando Pessoa. E bateu palminhas e dançou feito uma macaquinha balançando as mãos para cima e a bunda, gente, é a nova Miley Cyrus! Se ainda parasse por aí, mas não, seguem... O meu filho já sabe o alfabeto com dois anos, ah o meu sabe contar até 20. E o teu já anda com bicicleta sem rodinhas? Tirou que nota em inglês no infantário?
Mães... Mããães (repetir é bom porque nós já estamos tão acostumadas a ser chamadas trilhões de vezes ao dia que não viemos na primeira)! Eu sei que dói muito não escorregar para o exagero, mas a verdade é que o meu, o seu, o dos outros, tem 99,9% de chances de serem crianças normalíssimas. Que vão se destacar em alguma(s) área(s) como é óbvio, mas que vão ser uma grande porcaria em outras tantas, lembrando que isto são características de qualquer adulto com inteligência mediana.
Mas pelo amor da Nossa Senhora das Mães de Primeira Viagem, não repitam com o segundo, o terceiro, o quarto. Quer dizer, eu ando no primeiro e já tive de abdicar de um monte de certezas em nome da minha sanidade mental. E eu fico imaginando as vezes que as mães mais experientes leram aqueles absurdos e reviraram os olhos à frente do computador. Porque há as dúvidas legítimas, mas que na maioria das vezes carecem de resposta com conhecimento mais profundo e, por esta razão, mereciam ver a luz no consultório do pediatra. Depois há aquelas do estilo "meu bebê não arrota", "meu filho cospe a sopa", "meu bebê de um ano não aceita o penico" (já vi isto por incrível que pareça). E por fim há todo um desfile de egos inflados que mais parecem aquela parada do final do dia na Disney, com a fada Sininho abanando lá de cima, o Woody, o Buzz (para o infinito e além!) e oh, as princesas... todas as mais lindas, mais delicadas e melhores filhas do mundo. Eu acho sinceramente que o que está por trás disto nem é a criança em si, mas as próprias progenitoras a almejarem o reflexo dos holofotes por tabela. Porque se há um novo superdotado na família, a culpa é dos genes ou da educação/estimulação compulsiva que lhes deram. Mas isto é como meu avô muito dizia: é muito cacique para pouco índio. Vá lá que pelo menos uma delas esteja com a razão.
Já vou dizendo que a culpa foi toda minha
Poucas coisas marcam mais uma pessoa do que uma experiência de quase morte. Tive-a eu quando andava pelos nove anos, e olhando para trás, foi tão bobo que nem sei como aconteceu. Estávamos eu e uma amiga em uma piscina daquelas que dão pé nas extremidades, mas que vão se aprofundando aos poucos até chegar perto dos dois metros no meio. A minha amiga usava bóias nos braços aos sete anos e eu achei boa ideia lhe ensinar a nadar, nem que fosse cachorrinho. Depois andamos a brincar, ela agarrada nas minhas costas enquanto eu pulava dentro da área que a água me batia ao peito. Isto foi até o meu pé escorregar centímetros a dentro da rampa da piscina. A minha amiga em pânico, rapidamente agarrou-se ao meu pescoço e me empurrou para baixo. É impressionante como o cérebro em milésimos de segundos nos dá uma pronta decisão. Eu embaixo d'água pensei: calma, isto é fácil, estou mesmo na borda, é só me agarrar e puxar a B. e estamos salvas. O problema foi ela desesperadamente agarrada aos meus ombros, não me deixando espaço para nenhuma manobra. E a filha da boa senhora ainda quando estava com a cabeça de fora não gritava por socorro. Coube a mim esta tarefa, e aí sim já estava agoniada o bastante, completamente desesperada a lutar por uma golfada de ar e ao mesmo tempo chamar a atenção. Não sei quanto tempo durou, porque quando estamos à beira da morte o tempo deixa de fazer sentido. Lembro-me de pensar aos nove anos de idade que eu ia mesmo morrer e que ia ser tão ridículo morrer com o braço quase a alcançar a borda que até era bem feito pela minha teimosia.
O final da história não é surpresa, senão nem estaria aqui. Meu padrinho e mais um homem se jogaram e nos tiraram da água. Isto para dizer que nunca, mas nunquinha mesmo nós sabemos como vamos reagir a uma experiência de risco de vida. Vejo gente que julga e desmerece pessoas que reagem a assaltos, por exemplo, quando já estamos carecas de saber que não se deve fazer nada, ou gente que fica parado quando outro cai nos trilhos do trem, etc. Para mim há dois tipos de pessoas: as que agem e as que se deixam afundar pelo desespero. E volto a dizer, não há maneira de saber qual tipo somos senão o fato de estarmos à mercê de nossos instintos.
Felizmente não desenvolvi fobia a água, no entanto toda a vez que vejo cenas de afogamento em filmes, dá-me um nó na garganta, meu coração acelera e vejo-me agoniada sem perceber que fico a prender a respiração. Meu corpo revive automaticamente como se tivesse sido ontem e quase me vejo a balançar os braços e a submergir com metade dos gritos a morrerem em minha garganta. Ar...ar...ar...Um suspiro fundo traz-me à tona os instantes necessários antes de sufocar os dedos do marido.
quinta-feira, 26 de junho de 2014
Fora de moda
Às vezes me sinto uma roupa atirada no roupeiro, mal dobrada, mal passada à espera de dias melhores. Não me sirvo mais, estou puída e tenho bolinhas de muito uso. Algumas manchas de gordura e chocolate que nem o vanish conseguiu tirar. Às vezes me pego e me olho em um misto de desdém e tristeza. Já não me ponho mais à frente do espelho para ver quantos centímetros me sobram para fora. Às vezes acho que desisti de mim. E só me guardo no fundo da prateleira, embolada com as roupas da outra estação, à espera da coragem em alguma campanha de agasalho. Que eu sei que vou me enrolar o bastante para me deixar ficar até sucumbir de traças, ou de pó. Às vezes eu me sinto assim...démodé.
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