quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Insônia

Parecia uma turbina de avião aquela hora da madrugada, mas eu sabia que era só o caminhão do lixo. O motorista mexe em uns botões, o colega desce e encaixa a lixeira do prédio. A máquina agarra, depois levanta e depois retorna ao chão. Nenhum barulho além do motor do caminhão. Nada de "êeee" e "ôooooo" dos homens. Lembro de quando o caminhão laranja do DMLU passava naquela rua, vinham em três, às vezes quatro e de luvas nas mãos. Sempre paravam para pegar o nosso lixo que sabiam vir acompanhado de frutas que o meu padrasto separava para o lanche. De vez em quando chovia muito, e ele se embaraçava nas próprias pernas, ou esquecia de pôr lá fora. Mesmo assim, eles batiam na campainha, sempre sorrindo, "bom dia!", carregavam o lixo e o lanche e êeeee que a caçamba fedida do caminhão nem sempre esperava. 
Lá era durante o dia bem cedo. Lá a gente enrolava milhares de jornais para ninguém cortar o dedo. Lá  sempre que estava calor demais ou quando o mundo desabava, sentia uma mistura de dó e admiração por quem fazia este trabalho. Alguém tem de fazê-lo, pois a cidade não pode viver em meio ao lixo, então alguém tem de viver. Aqui o caminhão foi embora e só restou os roncos do marido.

Mais de dois meses depois

Vou te contar, a impressão que tenho é que reuniram a velharada mais cri cri do mundo e colocaram neste prédio, deve ser um carma meu. E quando digo isto as pessoas me acham exagerada, mas não imaginam que esta gente foi capaz de fazer uma reunião de condomínio para falar sobre a franja do nosso toldo esquerdo que estava dez centímetros desencaixada e que isto prejudicava o visual do prédio. Juro. Então como o defeito já vinha de antes de nos mudarmos, e se tratava de um cano quebrado (o que encaixa no trilho da franja), foi decidido que o melhor para todos seríamos tirarmos a porcaria da mesma. Agora o corrimão do primeiro andar que esteve este tempo todo solto (e isto sim é grave e sério para se fazer uma reunião...não vá um velho cair e quebrar a bacia), só foi consertado esta semana. 
Em uma das vezes que desci para levar o meu cachorro na rua, vi o toldo do vizinho da frente, não o de cima, mas aqueles que as pessoas colocam nas barras de proteção da sacada, todo revirado, uma abertura de vá, mais de trinta centímetros. Segurei-me, como me contive para não convocar uma assembleia extraordinária. E olhem pessoas, bem na fachada do prédio! Que absurdo, o que os outros vão pensar? Que aqui só mora gente relaxada?

Vi e copiei

Treinar a motricidade fina amarrando cadarços. Nada está bom para a minha mãe.  Resposta dela: ah que lindo e tal. Meia hora mais tarde no watsapp : ele não tem um tênis de amarrar? Tem que comprar um ou me diz o número que eu compro aqui.  Assim ele lida com o "concreto", é muito melhor.
Nota de rodapé: a minha mãe anda fazendo um tal de curso Waldorf, se eu já tinha má vontade com este tipo de educação,  agora muito mais. (Minha mãe é uma espécie de Midas ao contrário).

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

É de cair o cu da bunda

Brasileiro, mestiço e emigrante (ainda ilegal) apoiando a Frente Nacional, partido de extrema direta e xenófobo. Pode resetar o mundo.
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