quinta-feira, 1 de outubro de 2015
domingo, 27 de setembro de 2015
Ah esta coisa que nunca sai de moda...o pensamento binário
Estes dias li um textão super "emocinante" sobre a tragédia que é ser filha única. Dizia a autora enquanto esperava o pai fazer uma ultra-sonografia, que é um terror não ter irmãos. Porque se, ou melhor, quando os pais morrerem ela vai estar sozinha nesta dor e daí eu me pergunto, se tivesse irmãos seria tão diferente? Além de cada um viver o luto de uma forma, o que as pessoas não entendem é que a vida não é uma equação. E caso fosse, os exemplos que tenho são muito mais negativos, de desunião ou de simples indiferença entre irmãos que só me resta pensar ser uma falácia a história de que ser filho único é sinônimo de infelicidade.
Ah deem um irmãozinho para ele, é o melhor presente que se pode dar a um filho. Não. Para. Meu filho tem ciúmes do meu cachorro: passo o tempo todo dizendo para ele não machucá-lo, para ter jeito com as brincadeiras brutas, chega a ser tão desgastante que às vezes me arrependo de ter pedido para minha vó trazê-lo. E se ele faz isto com um animal, imagino o que seria com um bebê que demanda muito mais cuidados e atenção (fazendo um exercício de abstração e esquecendo o fato de que eu não toleraria mais nenhuma criança na minha vida). Será mesmo que um irmão é a melhor coisa a se dar "de presente"? Um elemento que vai perturbar ainda mais a logística familiar e, levando em conta a experiência de quem passa por isto, não poderia fantasiar de que seriam amigos e brincariam juntos, quando o que mais ocorre é o contrário. Brigas e disputas por brinquedos e pelo amor dos pais. Ah," é bom para aprenderem a não serem egoístas". Sim, porque quem tem irmãos são como a madre Teresa né? E quem não tem são como quem, o Darth Vader? Pessoas, admitam que querem ter mais filhos por vocês e parem de arrumar justificações baseadas em fluxograma de família feliz. E para a autora, gostaria muito que ela parasse de se iludir com historinhas de novela...às vezes os verdadeiros irmãos (que nos fazem ser pessoas melhores), são aqueles que escolhemos pelo caminho.
sábado, 26 de setembro de 2015
Ah então como foi a primeira aula de boxe?
Foi boa. Se eu fiquei assim, imagine o saco!
Se você pensou que ele ficou lá paradinho na dele como se nada tivesse acontecido, acertou.
sexta-feira, 25 de setembro de 2015
Turismo pau de selfie
Neste mês tivemos a visita de uma prima do marido com o seu esposo e o filho. Era para ficarem pouco mais de uma semana, mas depois de várias mensagens postergando a estada ora porque iam dar uma passadinha na Normandie, ora porque resolveram voltar à Itália para conhecer Pisa, ora porque isto ou aquilo, acabaram por ficar aqui três noites apenas. Já tinha virado gozação entre nós, "o que foi, a fulana vem amanhã? Não, resolveram de última hora já que é tudo tão perto, dar uma passadinha na Índia antes. E talvez estiquem até a China, quem sabe?".
Dois mil e muitos quilômetros depois e meio milhão de fotos pelo caminho, o resultado foi pelo menos duas pessoas na metade dos quarenta de olhar cansado, sendo puxados pelo filho dela, uma espécie de criança hiperativa de 22 anos. Não é exagero dizer que mais da metade das fotos eram exatamente iguais, tirando o pano de fundo que variava de três a quatro vezes por dia. Eles conheceram a capital Suíça, umas dez cidades italianas e praticamente quase todas as regiões francesas em vinte dias. E eu estou aqui há dois anos e só conheço Strasbourg, Paris, a estação de Nice e pouco mais. Admito que deu uma certa inveja no começo, mas depois vi o que eles chamavam de turismo e para mim, mais se assemelha a um estado permanente de ansiedade em fotografar tudo do que propriamente algo prazeiroso que é realmente conhecer outros lugares.
Todas as noites, assim que conseguiam o sinal de Wi-Fi do hotel, ela descarregava 80, 90 fotos do passeio do dia. As mesmas fotos de ombro e tiradas de um ângulo de cima. Fico pensando e também faço a auto-crítica, se não houvesse Facebook, quão exponencialmente cairia a necessidade de fotografar tudo e mais alguma coisa? Se não houvesse para quem contar, ou como era "antigamente", apenas os familiares e amigos próximos soubessem que dia tal estaríamos em Malága e que voltariámos alguns dias mais tarde, haveria esta necessidade de provas?
Tento vasculhar minha memória à procura de quando isto foi um comportamento aceitável, mas não encontro. As pessoas viajavam, claro que havia os que se gabavam de viajar, as máquinas eram de rolo, as fotos eram menos repetitivas, levava-se uma eternidade para saber que afinal saímos com os olhos fechados ou vermelhos em metade delas. Mas não havia este desespero em provar que viajamos de verdade, que não nos socamos dentro de casa incomunicáveis. Realmente pudemos bancar a fortuna de uma passagem de avião à Europa, realmente andamos de gôndola e vimos a torre Eiffel e o Louvre (mesmo que não tenhamos entrado para não perder tempo). Hoje parece que as pessoas viajam para os outros, e o fazem com o cuidado de nos manter bem informados de como é bonito o teto da capela Sistina e de como são estreitas ruas de Bergamo mesmo que eles não tenham se dado conta disto, estavam mais preocupados em não esbarrar no pau de selfie alheio. Duvido que guardem memória daqui dois ou três anos. Se não fossem estes registros pouco criativos, talvez pensassem estar tendo um déjà vu, caso voltassem a passar por lá.
Durante o período que eles estiveram aqui, não ouvi em nenhum momento demonstrarem entusiasmo ou felicidade pela viagem. Pelo contrário, pareciam estar presos em um pesadelo e que não viam a hora de acordar. Sem saber me conter eu disse: é, agora acho que vocês vão precisar de umas férias para descansar destas...
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