terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Coincidências

Não posso dar a chance para a revolta porque sei que se abro as comportas ela vem e me atropela. Ao invés disto tenho adotado a formula do "era para ser assim", é como tenho apaziguado este meu flerte com o desespero de estar sozinha outra vez. 
O marido diz que a cidade é feia, fica a duas horas do mar, isto para mim já tira a maior parte do encanto de qualquer uma. Mas Toulouse é uma cidade grande e os transportes funcionam bem melhor do que aqui. 
O Fabian pergunta a cada duas horas se o pai já vem e quando o pai vai nos buscar para morar na nova casa. Respondo-lhe que ainda demora "tantos dia" e que primeiro ele vem para o Natal para nos visitar. Tudo outra vez...e de novo tenho aquela pista como o sonho que tive com a foto do nosso quarto antes de nos mudarmos, uma foto em uma sugestão de viagem. Uma cidade medieval a uma hora de trem de Toulouse, e a 15 minutos de uma praia fluvial. Se as coisas correrem como o esperado Carcassonne será o nosso novo destino.


Que lugar me contém que possa me parar?





Sou errada, sou errante, sempre na estrada, sempre distante...vou errando enquanto o tempo me deixar...

sábado, 28 de novembro de 2015

Sério isto?




Dizem que é a febre deste verão 2016... Se não fosse moda quem teria a coragem de usar? às vezes fico pensando que se os estilistas inventassem biquínis de saco de lixo trançado e dissessem que é o luxo da estação, muita gente ia dar fortunas para desfilar com um na praia.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Sou muito crua, eu sei

Não consigo esconder o nojo que sinto do pensamento de que "cabe sempre mais um", de que "tudo se arranja com fé em Deus", "é só mais uma boca para alimentar", como se as coisas fossem tão simples quanto pousar mais um prato na mesa.  Vai ver eu deixo as fantasias para as novelas mesmo, a vida eu enxergo com muito pouco cor-de-rosa.
Quando pensei em ter um filho nunca imaginei o quanto isto me custaria, qual seria a parcela do casamento que ficaria por pagar nem por quanto tempo estaria no spc do amor. Também não pensava no quinhão de identidade que me seria usurpado nem se algum dia eu reconstruiria meus pedaços. Quando eu pensei em ter um filho, já pensei em tê-lo longe da família, minha rede de apoio era pequena, porém hoje é inexistente. Quando pensei em ser mãe, não pensei nas voltas que o mundo daria, nas voltas que eu daria até ter de novo um lugar para morar. Não pensei em estarmos só eu e ele, o marido a quilômetros de distância, nem na solidão que se tornaria a minha vida. Porque ser mãe não preenche todos os meus espaços, não me fez virar uma pessoa melhor, uma heroína montada num unicórnio (saudades She-ra...). Ser mãe me fez ficar mais crítica com esta parcela que acha que ter filho é tudo de bom e que quanto mais crianças tiver, mais feliz a mãe é. Mesmo que não tenha a mínima condição para criá-los.
E eu não estou falando dos pobres miseráveis, falo de gente de classe média mesmo, ter condição de criar não é só ter dinheiro para uma creche top e dinheiro para babá ao fim-de-semana. 
É verdade que não se põe todas as possibilidades em jogo quando se coloca alguém no mundo. Ninguém pensa que pode perder o emprego, mudar de país, mudar de vida, perder amigos. Ninguém pensa que pode morrer e deixar o filho com um pai maluco que dá banho gelado nas crianças, que é mau, bruto e negligente. Porra, e me dá ainda mais raiva e impotência saber que isto acontece na minha família...

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