sábado, 19 de março de 2016
Alice
Tenho sonhado com a decoração da nossa futura casa e me deparei com um site (Etsy) de pessoas que fazem artesanatos e vendem ali, uma espécie de amazon mais exclusivo. Pela primeira vez me ponho a pensar em juntar este desejo de personalizar o nosso lar com a paixão pela Alice no pais das maravilhas. A ideia não é transforma-lo em uma atração da Disney, mas ver uma coisa ou outra para alegrar os olhos. Gosto muito da almofada, acho que esta vai parar no meu sofá.
A velha história de pôr paninhos quentes (aqui não funciona)
Tenho alguns amigos portugueses no facebook tremendamente preocupados com a situação do Brasil, estão tão preocupados (ops, esqueci as aspas de novo) que esquecem que proporcionalmente o seu país não deve menos em falando de corrupção à sua ex-colônia. Ora vejamos, falando honestamente, há gente que se compraz com isto e não esconde, mas o interessante é que em nenhum momento tive amigos brasileiros a darem uma atenção que seja ao que se passa do outro lado do Atlântico, e a crise ainda está pesada por lá que eu sei. Fica a impressão de que hoje os portugueses (talvez alguns, vá) vivem muito mais em função de nós do que nós deles, seja através de novelas, músicas, ou de notícias de escândalos políticos. A história não cansa de nos lembrar que o mundo dá voltas...e desta vez sou eu quem fico feliz com a ironia de tudo isto.
Eu gostaria de ser de direita
Gostaria de ser como 90% das pessoas que conheço. Queria acreditar que o problema do Brasil é de um só partido, que uma rede poderosa de TV sabe o que é melhor para mim assim como soube em 64. Queria acreditar que se hoje estou onde estou é porque mereço, não porque fui privilegiada desde o momento em que nasci. Que o problema da violência é falta de cadeia, que os pobres são pobres porque são vagabundos que não se esforçam o suficiente e queria repetir que "não se deve dar o peixe, tem que ensinar a pescar" cada vez que falarem em politicas sociais. Queria deitar a cabeça no travesseiro com a consciência tranquila de que estou do lado dos bons, mesmo que tenha xingado virtualmente e vibrado com a multidão histérica que agride qualquer um que tenha uma camiseta vermelha ou tenha cara de comunista. Queria também tirar a carta mágica que acaba com qualquer discussão: vai para Cuba! Terminando com as hashtags #forapt e #foradilma que ficam sempre bem. Queria torcer pelo impeachment da presidente acreditando estar lutando contra a corrupção, ainda que 1/4 da comissão que irá julgá-la responda a acusações criminais no supremo tribunal federal. Queria ser de direita como a maioria das pessoas que conheço. Dizem que os idiotas são mais felizes, mas o problema é meu. Eu é que tenho uma certa queda para a melancolia, não sei lidar com o ódio disfarçado de justiceiro, tenho a mania de pensar, ler e contextualizar demais. E por isto não consigo me "endireitar", não adianta, até a genética está contra mim: sou canhota, de esquerda desde pequenininha. E no fundo digo que "ainda bem" que assim é.
segunda-feira, 14 de março de 2016
So hard to stay, too hard to leave it...
Há dias vivendo em um clip do Nickelback, começo a cair em mim de que é preciso abandonar mais uma vez a segurança de um lugar que já fiz meu. Perambulo observando as calçadas, o detalhe dos muros, a expressão das pessoas, como se pudesse com muito esforço captar uma fotografia da cidade. Dói-me deixar o mar e a maresia que me invade perto da marina quando levo o Fabian na pracinha. O sol se esparramando sobre a água esverdeada e serena, o grito das gaivotas confundindo-se ao das crianças. Como eu disse quando cheguei, sempre imagino ser para sempre, penso nos amigos de infância que o Fabian fará e nas nossas mãos entrelaçando-se tortas por aí. Faço uma novela, vivo nos quatro minutos de música de um rock mela-cueca. Isto me dá segurança, mas não é real. Quantas foram as amizades de toda uma vida que o Fabian não viveu e quantas sombras de nós dois desapareceram em ruas anônimas, sem deixar rastro?
A mudança sempre implica uma morte para dar lugar ao novo. Por enquanto vivo neste limbo que não é coisa nenhuma, só um sentimento vago que não sei explicar direito, um vazio que ainda está cheio, a falta de uma coisa que não se foi (ainda).
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