segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Up







Eu simplesmente a-d-o-r-o filmes infantis e não escondo! Lá vamos nós, eu e o meu marido para o cinema sem nem ao menos disfarçar que não trazemos nenhuma criança conosco. E é tão bom! Tá certo, a Idade do Gelo 3 é um mimo, muito engraçadinho, ah o Cid! ehehe Mas UP é sensacional, superou todas as minhas expectativas. Em primeiro lugar porque apesar da fantasia inerente a qualquer filme do gênero ele traz muitas verdades sutis da vida adulta: entre elas a morte. Não é o primeiro a fazê-lo, Bambi que o diga, mas é o primeiro a dar um significado para ela e contextualizá-la com direito a alguns minutos de tristeza e silêncio completo na sala.
Segundo porque o Sr. Frederickson é mesmo um rabujento de se apaixonar!! E terceiro: aquela linda casa flutuante a pairar na maior parte do filme. Queria ter uma, não como a da Dorothy, mas suave como esta...a voar e voar para longe e para o alto.
O filme traz a baila a questão das promessas de adultos, dos nossos sonhos adiados, da modificações que a vida nos traz e a forma com que lidamos com os problemas que involutariamente atraímos. E também o recomeço que é a parte principal. Acreditar que nunca é tarde o bastante para recuperar os sonhos, por vezes transformados pelas circunstâncias...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O caso da tia

Estava remexendo no meu e-mail antigo e encontrei este arquivado. Não sei, fiquei perplexa ao ler, pois nada mais antagónico do que o sentimento que sinto por esta pessoa hoje. É estranho...como pode ter se transformado tanto?
Vou começar do início. Quando nasci a minha tia era até então o bebê da família, tinha 16 anos. Tomei o status de caçula e não só: parece que foi o fim de um ciclo dela com os meus padrinhos e o início do meu, com viagens, presentes, mimos e "estragos"...
A tia começou a trabalhar cedo, a namorar cedo. Tinha um monte de amigos, saía, ia para as festas. Meus avós eram super liberais e inclusive ela até levava o namorado para dormir em casa. Eu achava a vida dela o máximo, tinha ela como modelo a seguir e não a minha mãe. Para mim ela era a mais bonita (apesar de não o ser realmente), mais inteligente, enfim, queria ser assim quando crescesse. No entanto tive uma relação muito atribulada com ela, eu sempre a tratei bem, tinha o maior carinho, mas ela sempre me deu patadas e me criticava por tudo. Por eu ter o cabelo muito comprido, por eu não fazer ginástica, por eu ser muito dependente, mais tarde por não trabalhar, por não ter namorados e ser muito "criançola"... Depois de alguns anos de reflexão hoje eu vejo que muitas coisas que dizia era por ciúme.
Ela teve um papel muito importante no meu namoro com o Fernando, foi ela que nos "apresentou virtualmente", mas esta é outra história. Também depois que nós decidimos namorar sério, fez um monte de fofocas e falações para nos separar...
Mas isso era de se esperar, toda a família havia ficado contra nós, portanto, mais um...
A mágoa veio mesmo quando ela voltou para o Brasil, após ter morado sete anos em Portugal. As críticas voltaram e eu já não tinha mais a ingenuidade de uma criança. As palavras foram me magoando e acho que com o tempo fui colecionando mais tristezas. Sempre fui uma pessoa agressiva-passiva, o que não saía para fora porque não podia, ou não conseguia, ou não me deixavam, ia me enferrujando por dentro.
Finalmente ela foi para São Paulo, arrumou um emprego lá e surpresa das surpresas, alguns meses depois quando vim morar aqui, aparece grávida. De quem? Um cara que ela tinha conhecido dois meses antes e deve ter sido tipo na primeira. Mas não fiquei completamente surpresa, pois já havia sonhado com isso (tenho sonhos premonitórios). Não deixei de ficar triste...mais triste ainda porque esta pessoa que ela escolheu é de uma baixeza de sentimentos para não dizer palavras mais fortes. É do tipo de gente que se acha o máximo porque pode ter um filho entende? Como se um maluco qualquer não o conseguisse. Depois as coisas mudaram para pior, ele foi pouco a pouco a deixando submissa e isolando-a da família. Ela que era uma pessoa independente, de gênio forte, opiniática como diria a minha dinda, ficava como um cachorrinho atrás dele. E quando fui passar o Natal no Brasil, outra supresa. Com um bebê de 8 meses no colo, anunciou que estava grávida novamente de 2 meses. E o neto era o presente daquele indíviduo para o meu vô doente e a minha vó. Numa situação terrível de desemprego mútuo. Mas acho que naquela hora fiquei cega de revolta. Pensava porque eu que sou jovem, que tenho uma relação estável de 6 anos com o meu marido não podíamos sequer pensar na possibilidade? Depois disso seguiram-se pérolas do tipo: queremos 4, o fulano não vai fazer vasectomia como o Fernando; É bom para eles terem um pai (se referindo ao meu pai biológico que não quis nada comigo); Porque tu fechou a cara quando a tua tia anunciou o teu primo? Inocência das inocências. Este homem ainda deixou o clima mais pesado. Acho que simplesmente não precisava disso na familia...
Enfim...hoje está ela com dois filhos, continua com ele e brigada com um dos meus tios por causa do estrupicio...
Não, não há ainda espaço para perdão no meu coração. Eu tento o esquecimento, pois apesar de relativizar a situação, porque é óbvio que naquela palhaçada não há amor, não consigo ir além.
E aqui fica o e-mail que achei. Fica suspenso até que eu não-sei-o-que possa se modificar dentro de mim.

"oi tya!
que bom receber a tua "cartinha". fiquei muito feliz quando tu disseste que irá vir daqui a uns dois anos e para o Rio... eu tenho um sonho de conhecer o Rio...é muito interessante tua análise sobre o ciclo da vida, sobre ser mãe... acho que quando as pessoas começam a refletir sobre isso, é sinal de amadurecimento e sinal de que agora estás preparada para essa mudança. um casal sem filhos, digo, assim depois que o tempo passa e eles decidiram por não ter uma criança, é triste, falta algo com que se realizar... principalmente para a mulher, Deus é sábio, pois através da maternidade é possível despertar os sentimentos adormecidos. é também, dedicar o tempo que era somente nosso (aquele que não dividimos com ninguém), para usá-lo em função daquele novo ser. deve ser fantástico saber que carregamos no ventre, o milagre de um recomeço, de um espírito confiado a nós, necessitando de amparo, de ternura.talvez tu estejas te sentindo um pouco pressionada, inconscientemente, talvez essa seja a exigência de teu eu interno há muito tempo, mas que estava lá, guardado, dormente. te assusta esse seu despertar, não? é normal, sempre dá aquele friozinho na barriga quando chega a hora...e não te preocupes, o tio sérgio vai no embalo. tu sabes que já receberam no mundo espiritual essa "criança" e que ela já está se preparando para vir ao teu lar. tu sabes, bem lá no fundo que tu és capaz, que tu já fizeste isso antes e, que ser mãe é também um aprendizado assim como qualquer educação de sentimentos (não que seja fácil). e que não dá para pensar muito nos acertos que se quer ter, mas somente no amor que se pode dar.
um beijão da nyne"

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Está tudo ligado


Pois é, por mais que tento o inconsciente me dá rasteiras e ele não me deixa esquecer por muito tempo que ando nervosa e com medo por trás dessa calma superficial. Para começar não adianta negar nem mentir para si mesmo (como diria Lulu Santos), ando comendo compulsivamente, depois faço ginástica para queimar tudo e não engordar...um ciclo vicioso.

Depois minha menstruação está atrasada há quase 10 dias e isso nunca me aconteceu. Logo agora que estava tão feliz por meus ciclos regularizarem depois do tratamento em 30 dias...

Nada, antes tinha cólicas, mas agora nem isso. E pode ser tanta coisa...e não ser nada ao mesmo tempo.

E por último é a segunda vez consecutiva que esqueço a sessão de acupuntura!!! Eu que sou tão responsável e não dada a esses relapsos...ai minha cabeça.

É claro que uma pessoa que está de fora junta as pecinhas num instante e diz: estás sob stress, não consegues relaxar e deixar a vida fluir... dá tempo ao tempo. Tenha paciência, vai dar tudo certo. O teu dia vai chegar. Mas os sinais são outros, inconscientemente meu corpo está dizendo basta Jeanyne, dê atenção ao que eu digo. Estou cansado. Não quero passar por isso agora, eu quero paz.

domingo, 26 de julho de 2009

Nada sobre meu Pai


Achei interessante essa reportagem, até porque no segundo domingo de agosto é dia dos pais. Acho que já fui menos resolvida nessa questão, no entanto reconheço que não ter tido um pai reconhecido por muitos anos na minha certidão alterou em muitas formas as minhas escolhas e o modo como vejo a vida...



"A cada ano, nascem 700 mil crianças no Brasil de “pai desconhecido”. Filhos de homens que não quiseram reconhecê-los como seus. No Dia dos Pais, quase 30% dos brasileiros não saberão a quem dar um presente ou homenagear. Nunca souberam. A maioria dos “filhos só da mãe” nem sequer sabe o nome do pai, nunca viu uma foto, e nem tem certeza se está vivo. Muitos buscam em vão o reconhecimento na Justiça.
Histórias de rejeição e ausência paterna estão sendo filmadas no documentário Nada sobre meu pai, da cineasta Susanna Lira. O título é referência ao filme de Almodóvar Tudo sobre minha mãe. Susanna, de 34 anos, é filha de pai desconhecido. Mas não foi por isso que embarcou nesse filme.
“Fui criada por uma mãe forte, guerreira, que me contou tudo desde que eu tinha 2 anos”, me disse Susanna por telefone, de Salvador, onde filma no momento. “Meu pai, equatoriano, tinha 19 anos quando minha mãe engravidou, era envolvido com política. Deu dinheiro para ela abortar. Ela não quis. Isso nunca foi uma grande questão para mim. Mas minha filha, ao desenhar a árvore genealógica na escola, insistiu em saber quem era o avô materno, os bisavós. E aí eu decidi fazer o filme. Percebi que essa lacuna pode aparecer até em outra geração. Pelos depoimentos que registrei, compreendi como o desconhecimento do pai causa feridas profundas. Encontrei crianças e adultos em frangalhos com essa ausência. Eles buscam o pai a vida inteira.”
No Rio de Janeiro, um preso que Susanna entrevistou compara a vergonha da prisão à vergonha de não saber quem é seu pai. Em Porto Alegre, um menino de 13 anos vive com a mãe, que se desdobra para suprir tudo sozinha. Mas ele sente falta: “Queria meu pai pra jogar bola comigo”. Em São Paulo, um montador de cinema sabe que o pai mora na esquina de sua rua – mas nunca conseguiu que o reconhecesse.
Nas classes sociais mais altas, a mãe se organiza, o filho faz terapia. Na periferia, a ausência paterna é uma luta. A mãe solteira e pobre trabalha muito fora. O menino fica na rua, vulnerável, à mercê de más influências. Na pesquisa, Susanna descobriu que 80% dos jovens infratores não têm o nome do pai na certidão.
Um filme mostra os dramas da rejeição: 80% dos jovens infratores não têm o nome do pai na certidão
As mães pobres costumam ser mais orgulhosas, mesmo quando passam fome. Sobre o homem que se ausentou, dizem: não quero ele para nada. Elas podem não precisar, mas os filhos precisam. Talvez devessem revelar o nome para o Ministério Público.
A busca do reconhecimento da paternidade é árdua. A consultora de Susanna no documentário, a filósofa e socióloga Ana Liese, acaba de escrever o livro Em nome da mãe – o não reconhecimento paterno no Brasil, com estimativas e dados impressionantes sobre esse drama nacional. Ana conversou comigo por telefone, de Brasília. “Se o pai se nega a dar o nome na hora do registro, só um em cada dez reconhecerá aquele filho espontaneamente em toda a vida.” Quando o Ministério Público pressiona, apenas 30% acabam reconhecendo. O prefácio do livro de Ana leva o título “Um país de filhos da mãe”.
Por uma questão cultural, o Estado brasileiro também sabe pouco sobre o pai. O certificado preenchido na maternidade é o primeiro documento dos 3 milhões de brasileiros que nascem por ano. Segundo Ana, há uns 15 campos com dados sobre a mãe. E nenhum sobre o pai. “Quase não temos dados oficiais sobre o pai no Brasil. Quem ele é, em que faixa etária se torna pai. Sobre as mães, sabemos quase tudo”, diz a socióloga.
O documentário de Susanna não será um filme de “protesto contra os pais desertores”. Ela almeja revelar “histórias de amor que querem e podem ser vividas”. Susanna quer fazer um convite amoroso para o homem viver a paternidade plenamente, mesmo casado ou separado. Porque só a mãe não basta.
Como diz a socióloga Ana Liese: “Esses homens nem suspeitam que são o maior objeto do desejo de seu filho ou sua filha”. Não é só o dinheiro ou o sobrenome. O que falta a essas crianças, jovens e adultos sem pai, é algo chamado reconhecimento. Não o legal, mas o amoroso. É o acolhimento.
No segundo domingo de agosto, se seu pai for conhecido, vivo e presente em sua vida, dê um beijo nele. E diga: valeu, pai. "

Ruth de Aquino
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