domingo, 3 de março de 2013

O blog

Somente aqui busco refúgio e é um alívio pelo menos neste espaço ser eu, expressar tudo que sinto. Porque não preciso responder com um "tá tudo bem" quando me perguntam como estou. Aqui posso xingar, posso chorar, posso esbravejar e dizer palavrões sem censura. É um lugar só meu. Não conto uma vida de rosas, porque não sou flor que se cheire. Aqui há drama, há sangue, há lágrimas. E não podia ser diferente porque isto é tão eu! Quem quer ler coisas alegres ou ver fotos que visitem outros lugares e quem quiser saber um pouco da minha vida que continue, será bem-vindo. Na minha página virtual quase nunca falo, não acho que deva transformar em um diário como o faz tanta gente. Não acho também que deva ser palco das minhas frustrações políticas, econômicas ou amorosas. Acho que ninguém tem a obrigação de aturar os meus lamentos ou as minhas alegrias, quando as tiver. Já no blog é diferente, sei que quem vem é porque quer saber exclusivamente de mim e daí não me culpo. Eu falo, eu confesso.
Hoje acordei com cara de quem responde o que tem de bom nesta porra, a quem dizer bom dia. Estou mãe solteira de novo, o marido com meia dezena de euros para recomeçar, mais ainda uns meses a aturar e dizer sim senhora na casa da minha mãe. E já começou todo o stress de novo de arrumar creche, arrumar emprego, de arrumar malas. Ou desarrumar malas. Volto à busca de trabalho para pagar a creche, é trabalhar para pagar somente porque não verei nem um real deste dinheiro. E poxas, depois ainda perguntam porque não quero mais filho. Deus me livre disto, já que do resto to longe de me livrar.

Saudade...

É a palavra mais bonita e ao mesmo tempo mais dolorida da língua portuguesa.

                                                                        


sexta-feira, 1 de março de 2013

A morte no sonho


"Tem momentos em que morrer é bom. É uma idéia antiga aquela que expressa a verdade que o grão na terra precisa morrer para que o broto apareça. Entretanto, morrer pode não ser nada fácil. Os sonhos mostram a dificuldade dessa passagem contando do medo, da dor, do choque e às vezes do alivio que a morte traz.
A principal razão do medo da morte nos sonhos está na falta de preparo da consciência para superar-se e dar o salto num plano superior. Essa simples frase que parece tão fácil de entender, pode ser muito sofrida na prática porque na vida real da psique, ou seja na nossa própria vida vivida na carne e no sangue, não temos garantias do que vai ser. Um processo de morte que se preze, que não seja mera prestidigitação do ego, inclui sentir a angústia do fim, da despedida, da perda. O que morre leva consigo um pedaço de vida nossa, e estamos vinculados afetivamente a tudo, mesmo aos momentos dramáticos que aparentemente gostaríamos de esquecer. Não é fácil morrer, nem morrer à vida ruim, porque acabamos por nos identificar com aquele pedaço de vida ou modo de ser. Não conhecemos outro. Abandoná-lo sem mais nem menos seria como andar pelados pelas ruas, aliás, pior do que isso, pois faltariam referências, coordenadas e sentido."  Adriana Nogueira.

Retirado do blog: 

Tenho matado muitas pessoas em sonho. Não matar assim na literalidade da coisa. Não, quando eu chego eles já estão mortos. O primeiro sonho foi com o meu padrinho, foi até engraçado porque cheguei no "céu" e passei a procurá-lo por todos os cantos. Encontro-o em um condomínio de luxo, com piscina, massagem, academia. Estava irada! Que então estamos lá embaixo a nos debulhar em lágrimas e ele numa boa?! 
O segundo morreu a minha vó. Eu que amo tanto a minha vózinha, estava muito triste, porém sabia que ela ia morrer logo já que o vô tinha ido uns meses antes. Pela ligação que havia entre eles, era comentado que ela não demoraria muito. Ia morrer de tristeza e assim foi. De alguma forma sentia-me culpada pela morte dela, era como se no sonho soubesse que sonhava e que havia "criado" toda aquela situação. 
Agora foi a ex mulher do meu marido quem morreu. Alguém trouxe a notícia e imediatamente fiquei paralisada. O medo e a culpa se colavam à mente. De repente senti vergonha da raiva que nutri por ela todo este tempo, como se as pessoas quando morressem virassem santas. E quem é que guarda rancor de santos? Estava em uma capela escura, perto de um banco de madeira. Lembro-me de passar a mão pela superfície lisa e pensar: agora ao menos podemos casar na igreja, agora que ele ficou viúvo para Deus. E eu nunca quis casar na igreja, mas ao menos queria casar de branco, podia ser em frente a um juíz. E depois vinha a vergonha novamente, porque afinal não queria que morresse, queria que ficasse bem viva para ver a nossa casa nova e as coisas que iria adquirir, as viagens que iria fazer…
Se pensar por este lado, da morte como o encerramento de uma etapa, do meu medo e resistência em deixar-me morrer um pouquinho, estes sonhos tem razão de ser.  Porque até da vida ruim nos acostumamos e passamos a estimar. Porque é uma parte de nós e ao ego custa sempre perder, mesmo que seja aquela vida que detestávamos. Continuo a dar muita atenção ao que sonho. Para mim sonhos são como mensagens do inconsciente trazidas em garrafas atiradas ao mar. Cabe a nós o trabalho de juntá-las e atribuir significado à consciência.

E como se explica?


Como se explica a uma criança de dois anos e meio que o pai vai deixar-nos e mais uma vez vamos nos afastar? Temos dito todos os dias que o papai vai viajar de avião para trabalhar, para arrumar uma casinha e que depois vamos até ele. O Fabian responde: vamu ficá cajinha da fofó Xanda. Para ele ficávamos os três morando com a minha mãe. Ao que lhe digo que não pode ser, vamos ficar lá só por um tempo, mas que temos de ter a nossa casa, o nosso quarto, as nossas coisas. E pergunto-lhe se tem saudades da nossa antiga casinha, ao que ele fica muito quieto e me olha tristonho. Depois explica-me que o papai vai fazer casinha porque a outra "caiu". 
É assim que tentamos, mas na cabecinha dele é difícil entender este mundo adulto tão cheio de adeus...
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