quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Fomos assaltados

É verdade, mas o que nos roubam é... comida. Não são as aranhas, não senhor. Temos é um gato preto do vizinho que não pode ver a janela aberta que zapt aqui para dentro. A nossa janela dá para o quintal deles e não temos nada que separe um terreno do outro senão um muro bem pequeno, que não espanta nem formiga. Tivemos a certeza do roubo depois de alguma discussão a respeito de uma panqueca que sobrou, a qual o marido jurava que não tinha comido além de uma provinha. E eu pensava que ele tinha era esquecido disto, porque o homem vive no mundo da lua. Como o Fabian não alcança a bancada só restava ele, porque eu até então tenho uma memória RAM de dois teras. Eis que ontem vou na cozinha colocar o prato e deparo-me com o gato de olho nas batatas assadas que o marido tinha feito. Dei um grito e o bicho lá saiu tropeçando nas próprias patas. Eu não odeio gatos, mas detesto gatos ladrões, gatos que andam pela cozinha, em cima da mesa, detesto comida com pelo de gato. Este era um problema que tínhamos seguidamente na casa da minha sogra e se um cão podemos educar, já um gato não é assim tão simples. Agora temos de ter cuidado redobrado com a janela e temos de falar para o vizinho sobre isto (embora ache que não adiante muito). Agora me digam, qual é a pena para um ladrão destes? 

A novela da cozinha

Estamos tentando arrumar a cozinha há uma semana. Primeiro o marido tentou inutilmente contactar com o rapaz que montou ela primeiro, depois lá fui eu atrás de "maridos de aluguel" até que conseguimos tratar com um senhor português. Conversa vai, desculpa vem, nunca podia. Mas nos apresentou o seu pai que também trabalhava com isto. Pois o homem veio sábado passado e ficou oito horas entretido em tirar o plano de trabalho, por mais para cima, arrumar os móveis, cortar o plano de trabalho original, etc. Ficou faltando por os tapa pés de metal e um dos armários superiores. Ficou de vir segunda e não veio. Hoje apareceu para acabar de vez com esta novela. A bucha para pendurar o armário: não trouxe. A serra para cortar: não estava boa. O silicone para impermeabilizar a bancada da pia: estava fora do prazo de validade e completamente seco. O que vale é que volta amanhã. Depois que o marido contou-me que o senhor está enfrentando um processo de divórcio e que descobriu que a ex-mulher lhe deixou um monte de dívidas, até tive pena do homem. Não é à toa que anda todo desbaratado. 

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Estes franceses...


Tenho sido auto-didata. Já entendi que tem de ser assim pois com a quantidade de férias que temos e as aulas a passo de caracol, preciso fazer por mim. Descobri um site muito bom e tenho estudado por ali, pois além de ter as lições, tem no final o vídeo com a pronúncia de cada tópico.
Hoje dediquei-me aos números e não é que chegando pelos 70, dou-me conta que algo de errado aconteceu. Ou tiveram preguiça de inventar nomes para o setenta, oitenta, noventa. Ou é pura sacanagem com os incautos que tentarem aprender sua língua. 
Ora vejam:
70 = soixante-dix - ou seja, sessenta mais dez
80 = quatre-vingts - quantro vezes vinte
81 = quatre-vintgt-un - quatro vezes vinte mais um
90 = quatre-vingt-dix - quatro vezes vinte mais dez
91 = quatre-vingt-onze - quatro vezes vinte mais onze

E depois dizem que os alemães que gostam de palavras intermináveis. Ahhh!!!

Podemos sentir isto por alguém que nunca vimos?

Tenho um tio, um filho fora do casamento (antes mesmo deste) que o meu avô teve. Já falei mais ou menos sobre isto aqui. Pois hoje ele faleceu de câncer como o pai dele. Apesar de nunca lhe ter falado, nem ter escutado a sua voz, apenas vi umas fotos no facebook em que de fato nota-se a semelhança, estou triste. Não pelo destino que não entrelaçou nossos caminhos, não por ter desconhecido até então mais uma prima. Mas porque hoje senti falta do meu avô, senti raiva desta distância, de não estar junto dele nos últimos dias, de não escutar aquele jeito desbocado que herdei quando mandava a gente ao "cu da vó", muito menos a força de vontade e teimosia de não se entregar, a qual infelizmente não lhe agarrei dos genes. Embora tenha a crença espiritualista de que esta brincadeira chamada vida não acaba por aqui, hoje senti falta da presença física, e quando estamos longe, impotentes, quando nos mentem que ainda há chances, mesmo sabendo que não haveria, mesmo quando nos mentem já no velório que tudo está bem, mesmo quando nos querem proteger. Não há respostas, não há consolo, não há tempo. Há apenas uma estúpida duma puta distância que não cura. E quando acordamos no meio da noite lavada em lágrimas porque sonhamos com uma despedida que não houve, temos certeza. Certeza de que tudo que fazemos é pouco, e que no fundo não passamos de crianças com medo do escuro.
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