terça-feira, 5 de novembro de 2013

Meu olhar de condescendência para quem (ainda) não tem filhos

Realmente há uma tênue linha que separa quem os tem do resto. Não, minto. Há um universo paralelo, enciclopédias de como educar o filho dos outros, fraldas, choros, peito dolorido, paciência que não estica, um emprego não reconhecido sem direito à férias, enfim...que separa os pais do resto todo que sabe o que faria em cada situação patética  hipotética (mas que com a benção do Senhor, vira as costas e dorme uma noite inteira se-gui-di-nha).
Ora vejam, coitada desta mãe, o que esta criança fez com ela! Hahahah!

Frio...frio...para que te quero


Eu sei, eu sei, sou uma velha resmunguenta. Mas detesto frio. O frio me entristece... Olhamos pela janela e às cinco da tarde é noite completa. Sendo que o dia nem chega a ser dia, se é que me entende. Está sempre nublado ou chovendo. Os "meteó" nem precisam se esforçar: ou chove ou ameaça chover. Ou faz frio. Ou faz muito frio. É completamente diferente do inverno "tropical" do Brasil. Lá em uma semana fazia 2 graus, em outra 24. Uma semana chovia sem parar, com direito a trovoadas e temporal, na outra andávamos de manga curta. Aqui é uma chuvinha chata, fininha, que mói os nervos e não se cansa de cair. O sol passa dias e dias sem aparecer e quando vem, dá uma espiadinha e deve voltar correndo para a parte debaixo do mundo.  Pois eu até prefiro o inverno de Portugal com suas mínimas de 3 graus no alto do inverno, aqui já faz menos que isto e é outono. Lá o sol demora também a aparecer, mas fica de vez em quando como uma visita a quem insistimos muito para não se ir. Aqui eu já tomei uma ampola de vitamina D receitada pela médica. 
Sabe, quando tinha treze anos queria muito conhecer a neve e conheci em Bariloche. Diverti-me, fiz bonecos de neve, andei com aqueles macacões alugados e as botas, mas olha foi uma semana e já está. A neve é sempre a mesma coisa e é tipo aquilo que chamamos de família: tão lindo em um cartão postal, mas uma merda ao vivo. 

O dilema das leggings

Já li muita gente falando mal das ditas. Já vi fotos, já vi coisas nas ruas por aqui também que até nem foram tão traumatizantes. Por acaso era uma jovem magra com uma calcinha fio dental a passar de bicicleta. O primeiro ponto a esclarecer é que ao que parece as européias não entenderam as leggings. E isto se deve ao fato de que as que se vendem por aqui não passam de meias-calça muitas nem de um fio 40: completamente transparentes. No Brasil usam-se desde uma década atrás e lá são fabricadas em suplex, que é o mesmo tecido das roupas de ginástica. Não acho vulgar usar com saias e vestidos curtos, vulgar sim é pegar em uma meia calça e sair de blusão estilo boyfriend em que se enxergam até a costura das supostas "leggings".  Portanto, mais uma vez blogosfera: as leggings não estão no mesmo departamento das saruel, são práticas, deixam a mulher elegante (se nos atermos em cores escuras e camisas mais soltas), só é preciso escolhê-las na sessão de esportes. Ou importar do Brasil.


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A invenção da infância

As pessoas acham que estudar história é decorar datas, saber os feriados, e não entendem a importância desta disciplina. Esta é uma queixa constante dos meus ex-colegas professores. Para mim a história só faz sentido se nos por a pensar e nos levar para viajar em outros tempos, por exemplo hoje o que chamamos de infância, a tal proteção que temos com nossas crianças, não passa de uma invenção moderna. As crianças até a existência das vacinas e antibióticos eram seres extremamente frágeis tanto que muitas delas só recebiam nome a partir de determinada idade, quando tornavam-se menos fadadas à morte, como se isto fosse possível. Há uma expressão muito antiga: não deixar ir a criança com a água da bacia. Isto porque o banho (quando havia diga-se de passagem) era inaugurado por ordem de importância familiar, portanto o chefe de família, depois a esposa, depois os velhos, depois os filhos por idade cronológica e por último, os bebês. Isto mesmo! Imagina a pureza da água, você mãe que ferve e esteriliza tudo e se possível só daria banho com água engarrafada! As crianças antes da Revolução Industrial já trabalhavam e não refiro-me a trabalhar na roça, mas nas pequenas manufaturas mantidas às vezes pelos beneméritos padres e freiras, nos orfanatos, ou mesmo quando adotadas (até porque geralmente o eram com este fim), retribuíam com horas e horas sentados a coser, pregar, etc. Fotos de arquivo, mostram mais tarde, pedais e maquinário adaptado para pés e mãos de apenas...cinco anos! E nem pensem que ser rico era muito melhor.
As crianças na corte francesa, só para citar um exemplo, eram tidas como pequenos-adultos a partir dos dois anos de idade e obrigadas a vestirem-se como tal, naquelas roupas super confortáveis. Tais infantes eram criados, como se sabe, por amas e pouco contato tinham com os pais. Mesmo os brinquedos dos ricos eram poucos e muito caros, não sendo raro passarem de geração a geração. Ademais, prova mesmo de que a infância simplesmente não cabia no pensamento da época, são os casamentos infantis, muitas vezes consumados antes da menarca da menina. Portanto o que hoje a mídia e tanta gente se escandaliza com a gravidez de uma "criança" de treze anos, há poucos séculos atrás isto seria absolutamente normal, lembrando que mulheres com trinta anos estariam hoje para as nossas coroas de 40/50 anos. Dar este panorama para os jovens que ensinam seria muito interessante, fazê-los pensar em como seriam suas vidas se tivessem nascido  nesta época com pouco ou mais de sorte. Muito provavelmente mais da metade não estaria sentada ali vivinha da silva. É só assim que a História se faz necessária, ao nos dar conhecimento de nossa caminhada até aqui enquanto humanidade, sendo este conceito como quase todos, uma mera construção moderna, inclusive a infância, e convenhamos, nossas crianças nunca foram tão felizes  como hoje.
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