sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

O clichê da maternidade

Ando muito cansada emocionalmente falando...talvez seja por isto que tenha me mantido quieta neste cantinho. Mas embora esteja quieta a cabeça não para de matutar e quase sempre a mesma coisa. Tem sido tempos difíceis...e é como dizem: sorte no amor...azar em todo resto (no meu caso). Este período de exílio voluntário tem me trazido outras questões à tona, ou melhor são as mesmas questões, os mesmos problemas mal resolvidos de sempre, mas agora com mais intensidade. Realmente sinto-me esgotada, cansada no meu papel de mãe. O Fabian fica apenas três horas na escola e o resto do tempo que está comigo, tem se saído muito bem em sua tarefa de me enlouquecer aos pouquinhos. 
Estou cansada de ver espelhada por qualquer lugar que se ponha os olhos que a maternidade é a melhor coisa que pode acontecer com uma mulher. Que só conhecemos o amor incondicional depois que temos filhos. Que há qualquer coisa de sobrenatural em ser mãe. São clichês, apenas clichês digo a mim  mesma. Mas irrita porque isto não é verdade. E não é verdade para muita gente. Ser mãe é apenas um dos papéis que desempenhamos e para algumas pessoas este pode ser o papel principal, mas para outras pode não ser. Somos diferentes em tantos aspectos porque diabos nisto temos de todas sentir o mesmo? Tantas mulheres digitam "odeio ser mãe" diariamente e vem parar aqui no blog e infelizmente não posso fazer nada por elas, aliás não posso fazer nem ao menos por mim. Quando vejo alguém evangelizar outras pessoas de que ser mãe mudou a vida dela e que como em um filme Disney "tudo passou a fazer sentido", embrulha-me o estômago, não por ela, mas pela ideia cristalizada na sociedade de que isto é uma verdade absoluta. Não é. E vou dizer que a mídia também sabe disto e explora cada pedacinho de culpa nestas mães que não se sentem assim. 
A cada vez que o Fabian apronta das suas eu tenho vontade de berrar, tenho de fazer o possível para manter o controle, mas especialmente nestas horas eu penso que cagada eu fiz com a minha vida. Se filho fosse tão bom, porque o governo aqui tem que quase empurrar goela abaixo? Vejo as pessoas me dizendo: ah só tens um, faz lá mais outro para poderes ter direito a abonos e auxílio moradia. Eu simplesmente não acho que ter filhos valha os 500 euros que o governo possa me depositar na conta. Tem uma mulher, vizinha de um casal de amigos, que tem cinco filhos e vive de abonamentos, ganha 1500 euros pelos filhos mais o valor total do aluguel de dois apartamentos interligados. Esta amiga virou-se para mim: se eu fosse tu fazia mais um e não precisavas de te preocupar em trabalhar. Deus me livre de mais um desgosto destes, pensei, mas apenas lhe sorri e não disse nada. Nunca digo nada, muito menos às mom addicted, porque assim como não me cabe a ideia de alguém por insana  de sã consciência decidir ter cinco filhos ou mais (ainda que o governo ajude), não lhe vai caber na dela que eu daria um  ou dois vá lá, dedos mindinhos para ter a minha vida de volta. 

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Fabionices

Fabian e a morte


Logo que chegamos em Schiltigheim, em setembro, demos um longo passeio e creio que fizemos a volta na cidade. Quando passamos por uma pequena igreja muito bonita por sinal, que fica há umas duas quadras de casa, o Fabian me puxa pela mão. Ao lado dela havia um cemitério igualmente pequeno, com as portas abertas:
- Mãe, mãe, vamos visitá a família? 


* * *



Ontem ao voltar do mercado o Fabian pergunta ao marido:
- Pai vamu naquela rua?
- Não, não podemos ir lá. Tem carro.
- Não pode porque aí o carro pega nóis? E depois a gente morre...e a mamãe vai chorá muito?

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Hoje to com a macaca

Quando tentei sorrir (por educação) hoje foi mais ou menos isto.


O marido teve uma excelente ideia às seis da manhã: levantou-se, espiou o telefone e trouxe o Fabian que estava dormindo serenamente para o meu lado na cama. No mesmo minuto eu perdi o sono e enquanto tentava fechar os olhos com mais força xingando em pensamento, a voz do Fabian não se calava. Mamãe...o papai não vem? Posso nanar com o papai? Tá na hora di acodá! Nisto ouvia-se um ronco incessante. Ah pára! Agora consigo escutar a vizinha de cima roncando, era só o que me faltava. Eu com insônia às seis da manhã, o Fabian tagarelando e o ronco da vizinha. Ia mandando ele ficar quieto e dormir que o pai estava no banho e depois viria buscá-lo, mas só depois descobri que o ronco era nada mais nada menos do que o do senhor meu marido!!! 
Levanto com apenas cinco horas de sono e meto-me no chuveiro a ver se aparecia com uma cara decente na aula. Cai o shampoo nos olhos e quando olhei no espelho só tive vontade de gritar ao ver a cara de chapada que estava: com os olhos pequenos e vermelhos... Chegando na aula, constato a carrada de georgianos, russos e polacos que invadiram o curso e agora temos de retardar todo os que estavam avançados para dar matéria aos recém chegados. Voltamos às aulas de mímica e ao verbo être e avoir.  Tanta emoção! Saio da aula para buscar o Fabian já puta da cara o suficiente para me dar conta de que chovia e tinha esquecido o guarda-chuva em casa. Mas como nada está ruim que não possa piorar, na volta percebo que a chuva passou a neve... muita neve. O Fabian pede para amarrar os tênis no meio do caminho, flocos de neve entram-me nos ouvidos e na boca. Venta. O sinal fecha, as minhas calças vão ficando com grandes bolas brancas que caem e deixam redondos molhados. Isto seria chato se eu sentisse as minhas pernas, mas não as sinto de tanto frio. A sombrinha de uma menina passa pelos nossos pés. Podia gentilmente fazê-la parar para que ela a alcançasse, ao invés disto, desvencilhei-me com raiva e segui no vento e no gelo. Tá certo São Pedro, entendi o recado. Só te aviso uma coisa, não tenta esfriar a cabeça de uma mulher menstruada. Não tenta. Ah e tal a neve é linda, é romântica (só que não). Manda bombons São Pedro, não melhor, manda meus quilos embora, caramba que tu não tens muito jeito com as mulheres...

sábado, 25 de janeiro de 2014

Ah se a minha TPM falasse



Quando eu te vi fechar a porta, eu pensei em me atirar pela janela do 8º andar... invés disto eu dei meia volta e comi uma torta inteira de amora no jantar...
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