sexta-feira, 7 de março de 2014

Amor é novela, sexo é cinema

" Sexo é imaginação, fantasia

amor é prosa,

sexo é poesia"




Estes dias estava pensando porque sexo é super bom nos filmes? A mocinha sempre fecha os olhinhos como se algo muito mágico fosse acontecer, o mocinho nuncaaaa tem bafo, a mocinha não precisa tentar se estimular porque sempre há um orgasmo vaginal (luck girl!). O mocinho não fica horas tentando achar o ponto G, nem põe a camisinha se é sexo casual, pra quê quebrar o clima, né minha gente? 
Aí eu penso o que que eu to fazendo de errado? Não ouvi sinos, não sei uma posição do kama sutra, nunca experimentei velas e incensos já que não tenho fetiche por templo budista...
 E enquanto via a Liv Tyler e o Charlie Hunnam transar na beira de uma mesa pensei, "ah e tu no feijão com arroz". E outra voz completa desdenhosa: também, eles não tem pirralhos para ficar chamando que querem água, que querem saltar para o meio da cama, que querem enfim, foder a paciência. E tu ainda tens que te concentrar no orgasmo, na fantasia, onde tu estavas? Aí te distrais porque ele não te toca como devia ser, porque ele também já tem sono, quem manda ser a esta hora da noite? E aí já ficas de saco cheio e já tens pressa que acabe, já tens impaciência com o teu próprio prazer. E acabas por pensar neste meio tempo na injustiça que é depender de um botãozinho delicado e de carradas de imaginação para chegar lá enquanto para eles bastam uns para frente e para trás e já está. Aí chegas a conclusão de que o sexo no cinema deve ser a extensão daqueles filmes disney em que as princesas só dão um selinho no final.
 Volto para a Liv que, com seus olhos profundamente azuis mastiga minha inveja todinha, caramba vai ser linda assim na China... Enquanto a simultaneidade do orgasmo entre os dois acontece, o que o torna ainda mais etéreo e irreal. Pelo menos não foram felizes para sempre, que aí já era demais!

"Sexo vem dos outros,                        

E vai embora

Amor vem de nós,

E demora"




quinta-feira, 6 de março de 2014

O dinheiro não aceita desaforo

Selfie de hoje, querido primo diz: pronto para a balada! hahahah


O marido sentenciou: nem que eu fosse rico criava um filho assim! Isto porque eu havia lhe contado minutos antes sobre a mais nova aquisição do meu primo. Um tênis Nike de 700 reais. Ele tinha em seus pés exatamente o valor que uma pessoa leva um mês para receber. Sabe, eu não tenho inveja, juro que não tenho. Eu tenho é tristeza, é pena, é revolta, tudo misturado em uma bola só. Não é um tênis para um atleta nem que seja amador, não, é um tênis para desfilar no shopping. Não é simplesmente um tênis caríssimo comprado com o suor de seu trabalho ou mesmo por merecimento por ser um bom filho ou estudante (que não é). É um tênis símbolo de ostentação, mais um para a coleção como ele mesmo disse, terminando como termina todas as suas publicações: com um risinho histérico, nervoso. Desde que fez 18 anos, trocou três vezes de carro e sempre fez questão de mostrar com fotos e detalhes as modificações, a aparelhagem soberba de som, as rodas personalizadas. A coleção de garrafas Absolut guardadas no armário, o engradado de cerveja antes de cada festa. Quem vê o estilo de vida pensa que ela vai muito bem, e vai...à base de empréstimo e dívidas. 
O marido trabalhou 18 anos em uma bem sucedida empresa familiar antes de ir para Portugal, e apesar de riquíssimos, os donos da mesma faziam questão de que se algum dos filhos ou sobrinhos quisessem trabalhar nela, tinham de começar por baixo. Assim era ver os futuros diretores a fazer serviços de "boy" como tirar cópias, fazer recados, e todo o tipo de tarefas humildes que cabiam aos empregados.  Tal medida, além de ser uma forma de conhecer o funcionamento da empresa, servia principalmente para ensinar a dar valor ao dinheiro. Mostrar o quanto custa trabalhar um mês inteiro para ganhar um salário muitas vezes baixo dependendo do que se fizesse. 
A impressão que me dá é que os meus tios leram aquelas listinhas de como criar um filho tirano e as aplicaram sem se dar conta de que deviam ter feito o oposto. E esta má interpretação ou falta de sensibilidade para a ironia, transformou o meu agora não tão pequeno primo em um rei déspota, infantilizado e que leva muito a sério a sua torpe de bobos que lhe fazem a alegria da corte. Eu não sei, o marido aposta que vai acabar mesmo é substituindo o pai no sindicato, assim como este substituiu o meu avô. Mas isto só se for quando a mesada esgotar ou o banco cortar os empréstimos...

segunda-feira, 3 de março de 2014

O BUM (de bomba mesmo) imobiliário



Acompanho de longe, mas também já estive perto e cada vez mais fico chocada. Será que as pessoas não vêem ou sou eu a melodramática que prevejo o mesmo que aconteceu no mercado norte-americano? Tá certo que eu concordo com o programa "Minha casa, minha vida" que proporcionou a oportunidade para gente humilde que nunca na vida imaginou que poderia se livrar do aluguel ter finalmente a casa própria. Agora precisava ser uma caixinha de isopor? Sério, apartamentos de dois quartos com menos de 50 metros quadrados? Onde uma esteira é sinônimo de sala fitness, duas mesas de plástico e uma mini churrasqueira fazem o "espaço gourmet", uma piscina de dois metros quadrados para quatro prédios só para deixar mais caro o condomínio? As portas, os acabamentos (ou seria os não-acabamentos) são tão frágeis que agora é proibido furar parede, claro, se o fizerem  prédio desaba! A cozinha que já era pequenininha na década de 90, hoje aderiu ao conceito "living", que é na prática, um exíguo corredor separado da sala por uma mesa de madeira e dois banquinhos altos de bar. No fim há um espaço para a máquina de lavar e só. Ah e não vão pensando que podem cozinhar em conjunto a não ser que o outro dê um apoio moral do sofá ao lado, enquanto estiver a meio metro da tv de 42 polegadas. E todo este conforto por uma bagatela de duzentos mil reais. É. E sabe aqueles imóveis "amplos" de 65 metros quadrados que estão construindo na zona nobre da cidade? Estes vão a 500 mil reais, isto mesmo! Segura o infarto agora para os apartamentos de um milhão, aqueles de dois quartos mais um mini escritório, nada de luxo não, apenas construído com a qualidade com que deveriam ser todos os imóveis. Há casas sendo construídas no litoral gaúcho (que nem se compara ao de Santa Catarina) que ultrapassam os quatro milhões e não estou falando de casas extremamente luxuosas. Ora se eu tenho este dinheiro vou logo gastar no Sul? As pessoas já pensaram que tá mais barato comprar um apê em Paris do que em Porto Alegre? É porque ovo por ovo, Paris é bem mais chic né? E sempre teremos o charme dos elevadores pifando ou simplesmente das escadas a subir com duas sacolas de mercado em cada mão, ou dos ruídos das necessidades fisiológicas dos vizinhos, ou das paredes abaloadas pelo tempo (ou falta de qualidade dos materiais). 
Esta semana, o marido recebeu um email daquele nosso amigo que morava em Portugal, dizendo que a casa que ele comprou valorizou 10% em um ano!! Isto é um dos bordões que um corretor aprende logo a dizer: com este mesmo dinheiro tu não compras este imóvel daqui a dois meses. Mas é aquela coisa, compra quem quer, só que não deixo de pensar como anda todo mundo doido para abocanhar um naco da onda do Mundial. E aqueles que dizem a frase pragmática como a gente já ouviu de muita vó (estilo: imagina se pega no olho!): "Imagina na Copa". Eu digo, com mais cheiro de naftalina ainda: Imagina depois! Quero ver o que vão fazer com todos estes prédios e conjuntos de casas que pipocam por tudo que é lugar se não há gente que tenha condições para embolsar uma grana destas. As pessoas esquecem que ao invés do boom pode vir mesmo o BUM, porque depois da bonança, vem a tempestade novamente.

Quem roubou o meu sorriso?



Tenho de fazer um esforço para lembrar...já faz tanto tempo. Diria que três, não, quatro meses. A verdade delegado, é que nem ao certo sei quando ele começou a me fazer falta. Estava eu passeando pela rua, você sabe, portando o meu sorriso. Não é um qualquer, porque todo mundo acha que é tudo igual, mas não é. O meu sorriso era assim do tamanho (medindo os dedos ao redor da boca. Olhar impaciente do ouvinte). Não sei, senhor, e não sei porque variava. Às vezes cabia uma nesga de sol, às vezes um Magnum de caramelo, às vezes expandia-se tanto que eu podia engolir o mundo inteiro. É...era um sorriso especial, não assim que fosse melhor que o seu delegado, mas é que era o meu. E não entendo como alguém pode ter a coragem de roubá-lo, ele não estava fazendo mal a ninguém, estava restrito e amarrado ao meu rosto... 
O delegado retira por momentos os olhos escondidos pelas sobrancelhas pretas: 
- Você é estrangeiro?
- Sim, senhor. Sou brasileiro.
O homem solta um suspiro.
- Já não é o primeiro caso. Estava a ponto de por um cartaz no tram a avisar. 
- Então, já sabem quem foi?
O homem chega-se à frente, debruçando-se sobre a papelada que os separava, disse em um tom conspirador:
- Nunca lhe contaram que aqui adoram roubar sorrisos?... Fazemos assim: deixe os seus contatos, se acharmos o seu nós avisamos. É por isto que a gente logo vê quem não é daqui. Há que ter muito cuidado e uma vez com ele, evite de deixá-lo à solta por aí. 
- Normalmente eu lhe apertaria a mão sorrindo, mas...
- Eu entendo, com o tempo o senhor se acostuma. - "Ces étrangères et l'habitude de penser que peut sourire impunément dans notre pays".
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