quarta-feira, 7 de maio de 2014

Sem comparação

Eu já não sou amante de uma alimentação balanceada, frutas, legumes e etc, mas...se comer o que não me diz muito é ruim, imagina comer alimentos sem sabor! Se há coisas que na França são muito melhores, o mesmo não pode-se dizer das frutas (inclusive as teoricamente biológicas). Saudade das maçãs suculentas, da banana doce e do melão que desmancha-se na boca...


segunda-feira, 5 de maio de 2014

Fobia



Ela apertou o passo querendo de alguma forma fugir de sua sombra. Mas esta a espreitava em cada janela encostada ao chão. A cidade  possuía olhos por baixo das casas e prédios antigos...eram verdadeiros buracos negros úmidos, empoeirados e cheirando a mofo. Quando passava sentia-os bafejar-lhe algo, mas sua voz evaporava mal tocava a claridade. Seus olhos escorregavam para  eles como meninos assustados e curiosos que tocam a campainha para esconderem-se depois. Que pensavam e o que queriam, roubar-lhe a alma ou carregar isto e corpo e gritos chão a dentro? De qualquer forma ela cuidava: sua sombra não podia jamais encostar nas janelas. Mas eles continuavam a observar por cada esquina, e cada rua, os porões de concreto, cavernas modernas (ou nem tanto) cheias de lixo, de bicho e de escuro. Ela apertava o passo sempre que a cidade ameaçava engoli-la. E ela pensava que morrer de medo deve ser era a pior morte de todas.

Santa hipocrisia, Batman!

A primeira vez que li isto me deu uma vontade louca de rir. De nervoso, claro. A filha da Monique Evans (eterna musa dos anos 80), a Bárbara Evans, que faz o tipo modelo-loira-sem-sal, postou uma foto maaaagra de morrer com o dizer "que todas as meninas tem que se aceitar como são". O detalhe é que no mesmo dia saiu uma reportagem no site da Globo onde ela contava sobre uma dieta que a tinha feito perder 9 quilos em um mês. Isto mesmo: 9 quilos. A filha do Ozzy Osbourne, a Kelly, que eu acompanhava no início dos anos 2000 com seu estilo patricinha do punk, bermudas pretas e cabelo rosa, cantando Madonna: papa don't preach,(...) I'm gonna keep my baby. Esta mesmo. Que vivia ridicularizando as moças oxigenadas e magras, as Barbies americanas devidamente padronizadas do mundo pop e arredores, eis que muda de cidade, de amizades e de estilo, terminando por  ser justamente...uma moça oxigenada e magra (dentro das possibilidades de seu corpo). 
Eu acho lindo esta bandeira de aceitação que algumas defendem. Só acho difícil de acreditar. Porque o que a mídia e todos os seus representantes famosos (sejam eles ao mesmo tempo passivos e ativos no quesito padrão de beleza) fazem, é nos empurrar um conceito restrito do que é belo. E depois de encher a cara da Julia Roberts com photoshop, encher todos os buraquinhos de celulite da Juliana Paes na praia ou encher-se de sucos detox, nos passam a mão na cabeça. Veja bem, não faz mal que você não seja perfeita, não faz mal que você se entupa de creme adelgaçante e entre em desespero porque não há o seu número naquela calça jeans maravilhosa. Mas continue tentando! É isto que o sistema faz. Nos enlouquece, nos coloca um patamar impossível de satisfação e nos devolve um falso estandarte de aceitação, tão falso quanto o último discurso da Beyoncé. Que não estava magra o bastante e resolveu fazer mais uma dieta mirabolante da vez, mas ó, isto sou eu viu, gente? Vocês, ah vocês tem que se aceitar. E diz isto como se ela não tivesse responsabilidade nenhuma em quebrar este pensamento, como se ao submeter-se ao perder mais peso não influísse no resto. Não, eu não sou contra o emagrecimento para sentir-se bem, mas até que ponto é sentir-me bem comigo e até que ponto é querer alcançar um status de plena aceitação social? Se a Beyoncé acha que ela tem de se submeter a constantes dietas detox para aprovação do público, que louco seria se deixasse ficar suas curvas onde estão e que o público por sua vez não exigisse nem de si nem dos famosos tamanha perfeição. É como eu digo, é uma via de mão dupla, que é extremamente cruel com quem tenta cruzá-la na contramão, mas a estes, meu sincero obrigada. Enquanto isto, vamos ver as pseudo-libertárias da opressão da beleza fazerem discursos ocos até um dia em que vencerem a queda de braço com a balança.
Ah sim, esqueci de dizer que a imagem que ela postou do alto de sua aceitação à base de proteínas e drenagem linfática e carboxiterápica, foi esta.

Kelly em um momento antes e depois.


sexta-feira, 2 de maio de 2014

Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência

Não vou lembrar, não adianta...mas isto é só um mero detalhe. O nome. Quando eu era pequena, tinha um livro que falava sobre a amizade da Dona Geladeira e da Dona Gilete. Amigas bem improváveis, eu sei. Acontece que a D. Geladeira era sempre muito gozada pelos colegas pelo simples fato de ser gorda. Lembro-me tão bem das ilustrações, das pernas redondas da geladeira amarela, assim como dos traços finos que eram os membros da sua amiga Gilete. Cada vez que as pessoas riam, mais gorda a D. Geladeira ficava, e mais comida ela guardava. No final, já enorme e quase sem conseguir andar, ela esconde-se em casa, decidindo não ir mais à escola. A amiga vai lhe visitar, mas quase morre com a explosão assim que abre a porta. Morreu? Lá estava ela bem murcha em um canto, com toda a comida espalhada nas paredes e no chão. Desta vez, magra e apoiada pela sua fiel companheira, ela volta para a escola e ninguém mais ri dela. Pergunto-me o que aconteceu depois...engordou como em um ciclo de compulsão-passivo-agressiva? Todo mundo a respeitou  apenas porque estava finalmente magra? Não sei...e que inquietante é não saber o final da nossa história...
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