quarta-feira, 23 de setembro de 2015

O politicamente incorreto também me irrita



Tenho chamado este distúrbio de "síndrome Danilo Gentili"*.Tem se tornado cada vez mais comum seja em redes sociais, seja em comentários de sites de notícias, é uma epidemia. Ela consiste em bostejar (adoro o neologismo, é bem o retrato da situação) e depois dizer "ainnn mas agora nem se pode   ser preconceituoso em paz....ainnn censura, respeitem a minha opinião". Tenho ficado quieta, mas esta é uma das coisas que mais me irrita ( isto e o corretor querendo pôr o acento em palavras que não quero)! Escuta aqui queridinho/a, a partir do momento em que nos posicionamos, botamos como costumava dizer o meu vô, a bunda na janela. Não somos um peixinho beta a nadar em um aquário de cinco litros, estamos à mercê do julgamento de outras pessoas, podendo este ser favorável ou não. Ninguém nos põe um revólver na cabeça e nos obriga a parar de escrever, ou apagar o que escrevemos. Ninguém vai na nossa porta para nos arrastar e jogar em uma turba de justiceiros (embora vocês defendam este tipo de sentença para os outros). Portanto, o que acontece é consequência do que emitimos, e nem sempre ganharemos aplausos. Lidem com isto.
O problema destas pessoas está em esquecer que quem fala o que quer, escuta, ou neste caso, lê o que não quer. E isto não se trata de não ter a opinião respeitada, mas de uma coisa chamada interatividade e se não a quiserem tem um bom remédio: falarem para o espelho. 



* Humorista brasileiro conhecido por fazer humor politicamente incorreto, também conhecido por constantemente não aceitar as críticas de pessoas e grupos que ele ofende.

Prozac virtual

Minha cara de tacho ao me deparar com uma selfie na linha do tempo de uma dita cuja lavada em lágrimas. Então, o que se passa na cabeça destas pessoas? Lembrei-me daquela frasezinha super pedagógica quando criança faz manha: tá chorando é? Vou te dar um motivo para chorar. 
Ahhh detalhe, adoro esta coisa de escancarar a vida, mas depois não dizer o motivo, é para pôr os curiosos a perguntar  o porquê e ver ela a dar likes e não responder. Gente besta...

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Sincretismo

Eu tinha sete anos quando pousamos os pés pela primeira vez naquele casebre de madeira. Era ela que definia a ordem, geralmente começava por quem estava "mais precisado" e este geralmente era o meu padastro. Quando me chamava para a salinha, o pequeno comodo já exalava um aroma adocicado de ervas e incenso. A senhora gorda e negra chegava perto de mim com olhos fechados e passava duas velas coloridas pelos meus braços e pernas, pelas costas e depois dos dois lados da testa. Demorava-se ali. Era bom, dava cocegas e arrepios pelo corpo todo. Ela batia um sino de leve e depois me mandava ir. Assim como começamos a frequentar, deixamos de o fazer sem qualquer explicação da minha mãe, que já tinha sido umbandista, trabalhado  na casa espirita do dr. Guilherme e depois de um tempo, obrigou-me a fazer catequese e crisma. Uma forma de oficializar as coisas com Deus.  
De todas as casas que fomos antes desta, lembro de não gostar da que tinha uma santa pintada de vermelho em uma gruta ao lado da porta. Detestava ir la, mesmo que não entrasse e ficasse no quintal com outras crianças. Sempre quis saber porque pintaram a santa e o que minha mãe fazia ali dentro, mas nunca perguntei e acredito que hoje nem ela se lembre mais...

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Primeiro dia de aula




Era para ser o segundo se eu não tivesse posto nesta cabecinha que as aulas começavam dia 2. Agrada-me ver as caras felizes das mães, pais e claro, das crianças ao voltarem para a escola. Ninguém achou que estava contracenando com a Sandra Bullock ou a Meg Ryan, nem se abaixou, com a mão ao peito enquanto puxava discretamente um lenço e dizia em tom definitivo um molhado "au revoir". Graças ao Nosso Senhor do meu Saquinho! Multiplica mais mães assim!!
Deu para notar que não sou só eu que andava saltitando em nuvens de algodão doce quando finalmente deixei para trás aquele portão verde. 
Preveni as amigas trintonas desesperadas por engravidar (algumas já gravidas): nunca mais por um período de 18 anos pelo menos, vais ter férias. Não existe férias com crianças. Existe um limbo tipo aquela cena do Matrix quando o Neo descobre que ficou em um liquido pegajoso sendo sugado a vida inteira. Isto é um panorama até alegre da coisa, a verdade é muito pior (acrescentar risada maléfica). 
Sabem aquelas pessoas que dizem nã, a vida com filho não muda nada? Elas mentem. Experimentei dois dias de passeio, nada de outro mundo, uma ida a Cannes e no outro dia, a Monaco. Mais da metade do tempo foi gasto em carrossel e porcarias de jogos porque la está, eles não se interessam por museu, nem casino, nem por andar à esmo pelas ruas. Acho, ~só acho~  um pouco ridículo rodar kms e kms apenas para ir em pracinhas e brinquedos que se tem ao virar da esquina. 
Então não, não consigo entender que alguém chore no primeiro dia de aula de um filho. A criança está indo para a escola não para a guerra, vão voltar a se ver no fim do dia e não ao fim de um ano... 
Se for para chorar, que sejam lágrimas de alegria.
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