sábado, 28 de novembro de 2015

Sério isto?




Dizem que é a febre deste verão 2016... Se não fosse moda quem teria a coragem de usar? às vezes fico pensando que se os estilistas inventassem biquínis de saco de lixo trançado e dissessem que é o luxo da estação, muita gente ia dar fortunas para desfilar com um na praia.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Sou muito crua, eu sei

Não consigo esconder o nojo que sinto do pensamento de que "cabe sempre mais um", de que "tudo se arranja com fé em Deus", "é só mais uma boca para alimentar", como se as coisas fossem tão simples quanto pousar mais um prato na mesa.  Vai ver eu deixo as fantasias para as novelas mesmo, a vida eu enxergo com muito pouco cor-de-rosa.
Quando pensei em ter um filho nunca imaginei o quanto isto me custaria, qual seria a parcela do casamento que ficaria por pagar nem por quanto tempo estaria no spc do amor. Também não pensava no quinhão de identidade que me seria usurpado nem se algum dia eu reconstruiria meus pedaços. Quando eu pensei em ter um filho, já pensei em tê-lo longe da família, minha rede de apoio era pequena, porém hoje é inexistente. Quando pensei em ser mãe, não pensei nas voltas que o mundo daria, nas voltas que eu daria até ter de novo um lugar para morar. Não pensei em estarmos só eu e ele, o marido a quilômetros de distância, nem na solidão que se tornaria a minha vida. Porque ser mãe não preenche todos os meus espaços, não me fez virar uma pessoa melhor, uma heroína montada num unicórnio (saudades She-ra...). Ser mãe me fez ficar mais crítica com esta parcela que acha que ter filho é tudo de bom e que quanto mais crianças tiver, mais feliz a mãe é. Mesmo que não tenha a mínima condição para criá-los.
E eu não estou falando dos pobres miseráveis, falo de gente de classe média mesmo, ter condição de criar não é só ter dinheiro para uma creche top e dinheiro para babá ao fim-de-semana. 
É verdade que não se põe todas as possibilidades em jogo quando se coloca alguém no mundo. Ninguém pensa que pode perder o emprego, mudar de país, mudar de vida, perder amigos. Ninguém pensa que pode morrer e deixar o filho com um pai maluco que dá banho gelado nas crianças, que é mau, bruto e negligente. Porra, e me dá ainda mais raiva e impotência saber que isto acontece na minha família...

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Figuraça

Estava arrumando as luvas de volta na sacola quando fui interpelada por ela. De salto alto, as pernas finas metidas dentro de uma legging preta, e a legging por sua vez, metida em um short jeans muito curto (e com a bainha dobrada). Dizia ela que a pouco quase havia atropelado um ciclista na rótula e que uffff (barulhos com a boca, tão importantes quanto os biquinhos feitos na hora certa) este também não tinha visto nada. Ô lá lá. Pfffff. E eu respondi escondendo meu Bah na bolsa, junto com as luvas. Aqui ele não significa nada. Ô...lá lá. Pffff. Levantei a cabeça, ela de cabelos curtos e brancos, óculos grossos, diria tranquilamente que virava a curva dos oitenta e ri-me por dentro. Ri do fato de ser considerada (e às vezes  sentir-me) passada, ui, "mulher madura" e balzaca com meus trinta chegando ao fim em janeiro. Lembrei que as "novinhas" que pipocam nas letras de músicas são gurias de 15 até 20 anos e que eu já não sou jovem para o Brasil há algum tempo. Mas juventude é um conceito tão relativo que se eu dissesse  para ela ou qualquer francês que me sinto meio velhota, tenho certeza que falariam  "c'est bizarre ça". E talvez acompanhado de uma porção de ufff, afinal ainda ontem deixei as fraldas e aqui pelo menos no sul, paraíso dos aposentados, a vida começa aos sessenta. Ainda tenho mais trinta anos até chegar na envelhescência, ufa...

Bonjour ou Bonsoir?

Mesmo depois de algum tempo ainda não me acertei com isto, quer dizer, no Brasil à partir das 19 horas começava a ser "boa noite", ou à partir da uma deixava de ser "bom dia". É uma coisa que me deixa confusa desejar bom dia mesmo sendo seis da tarde, mesmo estando já noite cerrada agora que o inverno veio de vez. Desconheço se aqui existe alguma convenção do tipo, mas noto uma certa esquizofrenia social: enquanto digo Bonjour para alguém, a pessoa responde Bonsoir e assim, a próxima que encontro desejo Bonsoir e ela me responde Bonjour. A lógica sempre me manda beijos e abraços, mas aparecer que é bom, nada.
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