sábado, 19 de março de 2016

Eu gostaria de ser de direita

Gostaria de ser como 90% das pessoas que conheço. Queria acreditar que o problema do Brasil é de um só partido, que uma rede poderosa de TV sabe o que é melhor para mim assim como soube em 64. Queria acreditar que se hoje estou onde estou é porque mereço, não porque fui privilegiada desde o momento em que nasci. Que o problema da violência é falta de cadeia, que os pobres são pobres porque são vagabundos que não se esforçam o suficiente e queria repetir que "não se deve dar o peixe, tem que ensinar a pescar" cada vez que falarem em politicas sociais. Queria deitar a cabeça no travesseiro com a consciência tranquila de que estou do lado dos bons, mesmo que tenha xingado virtualmente e vibrado com a multidão histérica que agride qualquer um que tenha uma camiseta vermelha ou tenha cara de comunista. Queria também tirar a carta mágica que acaba com qualquer discussão: vai para Cuba! Terminando com as hashtags #forapt e #foradilma que ficam sempre bem. Queria torcer pelo  impeachment da presidente acreditando estar lutando contra a corrupção, ainda  que 1/4 da comissão que irá julgá-la responda a  acusações criminais no supremo tribunal federal. Queria ser de direita como a maioria das pessoas que conheço. Dizem que os idiotas são mais felizes, mas o problema é meu. Eu é que tenho uma certa queda para a melancolia, não sei lidar com o ódio disfarçado de justiceiro, tenho a mania de pensar, ler e contextualizar demais. E por isto não consigo me "endireitar", não adianta, até a genética está contra mim: sou canhota, de esquerda desde pequenininha. E no fundo digo que "ainda bem" que assim é.

segunda-feira, 14 de março de 2016

So hard to stay, too hard to leave it...

Há dias vivendo em um clip do Nickelback, começo a cair em mim de que é preciso abandonar mais uma vez a segurança de um lugar que já fiz meu. Perambulo observando as calçadas, o detalhe dos muros, a expressão das pessoas, como se pudesse com muito esforço captar uma fotografia da cidade. Dói-me deixar o mar e a maresia que me invade perto da marina quando levo o Fabian na pracinha. O sol se esparramando sobre a água esverdeada e serena, o grito das gaivotas confundindo-se ao das crianças. Como eu disse quando cheguei, sempre imagino ser para sempre, penso nos amigos de infância que o Fabian fará e nas nossas mãos entrelaçando-se tortas por aí. Faço uma novela, vivo nos quatro minutos de música de um rock mela-cueca. Isto me dá segurança, mas não é real. Quantas foram as amizades de toda uma vida que o Fabian não viveu e quantas sombras de nós dois desapareceram em ruas anônimas, sem deixar rastro?
A mudança sempre implica uma morte para dar lugar ao novo. Por enquanto vivo neste limbo que não é coisa nenhuma, só um sentimento vago que não sei explicar direito, um vazio que ainda está cheio, a falta de uma coisa que não se foi (ainda).


sexta-feira, 11 de março de 2016

Não sei deixar para a ultima hora

Brinco que sou tão preguiçosa, mas tão preguiçosa que resolvo as coisas logo que é para ter mais tempo livre para fazer vários nadas. A ultima vez que tive paciência para algo, fiquei 9 meses de molho, então a mudança que é para o fim do mês, esta praticamente pronta. A vida se encontra  novamente encaixotada  para a próxima etapa. Hiper faxina feita, faltando apenas guardar as poucas coisas que deixei para usarmos até la, agora é que o tempo se arrasta, nunca mais chega abril para por tudo em seu lugar . Podia mesmo era dormir e acordar com o trabalho pronto, ou contratar uns chineses (vi um video de uma empresa de mudança chinesa em que até os bibelôs eram postos novamente como estavam na casa anterior: um luxo!). 
Resta-me apenas riscar os dias que nos separam no meu calendário mental, que é como eu, não deixa nada para a ultima hora, principalmente saudade.

Coisas estranhas

A pessoa usou drogas, a pessoa engravidou cedo,  a pessoa mesmo assim acha-se no direito de apontar o dedo, a pessoa vem descontar toda a sua raiva e xingar virtualmente quem não tem nada a ver com as suas péssimas escolhas. Cresça menina, vai respingar o ódio que sente de você mesma em outro lugar.
Web Statistics