sexta-feira, 29 de abril de 2016

Momento dã

Fazia mais de um ano que eu não tinha relógio de pulso. Foi daquelas coisas que tá, vai se levando com a barriga, é caro, fica para o outro mês e para o outro. Ontem chegou pelo correio o que eu havia "namorado" na amazon. Agora ando assim: que horas são meu deus, ando como uma barata tonta, chego a subir ou descer para a sala para ver as horas na box da tv ou ando à cata do celular até notar (às vezes tarde demais) que trago a resposta comigo. Ja não vou mais rir do marido quando procurar pelos óculos que traz na cara. Mentira, vou rir sim.

Agora não tem desculpa

é o que dizem os vídeos das mamães fitness. A proposta é fazer exercícios envolvendo as crianças: então é abdominal pra ca, criancinha correndo em volta, prancha com a criancinha passando por baixo, triceps com a cadeira atrás e a criancinha no colo. Bah, não. Sinto muito, mas estes vídeos ao invés de inspiradores me agoniam. Se eu tenho de fazer exercício pensando que posso machucar meu filho ou me machucar, prefiro não fazer. No meu caso, quando estou com fones pedalando na elíptica, prefiro não pensar se o Fabian está escalando o portão da rua ou no lado de fora da grade da escada com um vão de quase dois metros de altura abaixo dos pés (coisas que ele fez esta semana). Acho melhor me exercitar quando o Fernando estiver em casa ou agora quando ele voltar às aulas, de manhã antes que a preguiça chegue. Não consigo conceber um momento que é para mim como tomar banho ou escovar os dentes, não ter o mínimo de tranquilidade ou descontração.

Stress pós-traumatico

No caixa do supermercado, um bebê chora no carrinho. A mulher com que ele estava, à volta de uns quarenta anos, enfiou nervosamente as notas do troco na carteira, a moeda ficou pelo caminho. As suas mãos estavam tão atrapalhadas e apressadas que levou mais tempo do que se fizesse com calma. Enquanto isto, o Fabian repousava o queixo sobre o tapete das compras, quieto, apesar de eu ter lhe negado minutos antes meia dúzia de coisas. Sempre que presencio este tipo de cenas sinto um desconforto la no fundo. Ainda não esqueci o inferno que foram os primeiros anos e não consigo achar 'graça' em bebês e crianças pequenas. Olhei para aquela mulher e quase pude sentir o seu cansaço, mas tão logo a notei, mais rápido ainda  desapareceu porta à fora, levando o bebê que chorava. A senhora do caixa elogiou o Fabian, como era bonito e grande, coisa e tal, agradeci sorrindo, mas na minha cabeça ainda pairava aquele choro, aquele choro parece que nunca pára aqui dentro.

sábado, 23 de abril de 2016

Hipocrisia, a rainha absoluta

Um escritor que sigo, conhecido por seu humor acido fez um post sobre os casamentos com grande diferença de idade de uma forma que foi além do arrogante. Considerando-se como um juiz desbocado no quesito "relacionamento", decretou que não haveria e nem nunca  poderia haver amor em casos deste tipo. Eu até reconheço que na maioria das vezes os exemplos de homens velhos de contas recheadas com moças exuberantes, quase sempre cheira a interesse. Mas quem sou eu, alias, logo eu né, para afirmar assim com tanta certeza que ali não há nem nunca haverá amor? 
Que ele escreveu o que muita gente pensa? Verdade. No entanto, esqueceu-se o dono de sauna, ex-dono de puteiro, o que tem seis filhos cada um de um relacionamento, ou melhor, co-relacionamento, bigamia, vá, onde é que ele encaixa o "amor" entre uma foda e outra. Não é por nada mesmo, é que não sei o que fazer com o meu casamento de quase dez anos (com um cara sem grana), se não é amor, segundo o digníssimo escritor, é o que então? 
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