sexta-feira, 14 de março de 2014

Quando eu penso que nada mais me acontece

Realmente nem tenho palavras... que não sejam palavrões e partir para uma ignorância com a qual não me sinto confortável, pois apesar de tudo sou uma pessoa educada. Um site chamado "mundo realista" suportado por um machismo tremendo, basta apenas dar uma olhadela nos tópicos e nas respostas do fórum, publicou um dos meus posts no espaço de "discussão" e quando fui lá ver é isto...
Sem palavras. Ia fazer um print mas deu tanto nojo que não consegui. 




5 comentários:

  1. Antes de mais acho que é positivo te expores assim e trazeres um tema desta importância a praça pública. Não te «conheço» do mundo da blogosfera à muito, pelo que não conhecia este ou outros posts.

    Nem todos os que opinaram no fórum te condenaram - embora também entenda perfeitamente que ao ler um relato assim facilmente se parta para uma avaliação negativa e de crítica fácil. Uma mulher se identificou com essa situação. E assim como existes tu e ela, devem de existir muitas mais.

    Não é algo que esteja próximo do que eu possa sentir mas compreendo-o. É um «terreno» perigoso, porque essa vontade de não ser mãe e de não viver as responsabilidades que vêm com a maternidade pode decerto ser transmitida por acções, palavras e gestos para o teu filho. E sabes pelo que li, que ele é inocente e gostas dele, apenas não gostas de ser mãe e de viver esses deveres e responsabilidades.

    Dizes que a criança foi planeada dentro de um matrimónio - aqui fico na dúvida porque não sei se interpretei bem. Também fazes referência que o aborto te foi recusado/proibido como opção - e assim fico na dúvida. Mas uma coisa sei: se tens um parto aos 16 anos parece-me claro como água da fonte que é uma idade demasiado jovem e IMATURA, carente de experiências acumuladas, para tomar essa decisão. E como bem dizes, querer viver «livre» da responsabilidade da maternidade e dedicares o teu tempo à aprendizagem, ao namoro, não às fraldas. Isso é natural quando se é tão jovem. Afinal, filho não é brinquedo, não é Barbie e com essa idade provavelmente ela tinha sido uma amiga íntima com a qual brincavas apenas poucos anos antes :D (figurativo)

    Acho que se procurares junto a psiquiatras ou analistas acabarás por encontrar quem se dedique a abordar esse tema num grupo ou só contigo mesmo. Tenho a certeza que não estás sozinha. O «desapego» maternal é algo sobejamente conhecido e reconhecido, tem até um nome que eu acho que chamam de «depressão» mas existe outro termo qualquer. Não tenho como saber e afirmar com certezas mas parece-me obvio que exista quem aborde um assunto que não é tão incomum assim como aparentemente se julga. Pode é não ser assumido por muitas mulheres, mas incomum decerto não é.

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  2. Desculpa, percebi que fiz confusão. Li no forum opiniões e experiências alheias que julguei citações tuas. Daí a confusão sobre a gravidez ser ou não planeada.

    Estive a ler os comentários no referido post (tantos!) mas acho que não devias «fechar a porta» a quem não compreende. Mesmo sendo rapaz/homem. É no diálogo e na exposição pública do tema que reside a possibilidade de acabar como o tabu.

    Tem um comentário teu, sobre disputar a atenção do pai com o filho e ficas contente por ser menino e não menina, que me tocou. Tudo isto me toca porque eu por vezes pergunto a minha mãe se a sua gravidez de mim foi desejada. Ela nunca admitiu o contrário contudo todos os relatos que li coincidem com atitudes que ela teve comigo. Inclusive nessa parte em que mencionas a disputa pela atenção do pai. E a parte em que algumas mães com mais de um filho admitem gostar de ser mães de um e não de outro.

    Pessoalmente não sou, biologicamente, mãe. Julgo que nunca virei a ser porque existe uma noção muito forte de dever e responsabilidade que financeiramente não seria capaz de suportar. E sempre me imaginei ser mãe sozinha. Pelo menos capaz de arcar com tudo sozinha. Será estranho?

    Só passando pela experiencia e dependendo da gravidez ser complicada ou não, acredito que pudesse acontecer algo semelhante comigo também. Mas pessoalmente imagino que seria sempre desejado porque o que me levou a desejar a maternidade foi a vontade de educar/criar/formar uma criança. Um desejo que começa exatamente pelas responsabilidades, abdicando um pouco de necessidades mais individualistas. E ao longo da vida cuidei de algumas (de outros é verdade), passei por toda essa experiência de dar mamadeira, de mudar fraldas, de medir temperatura, de cuidar quando fica doente, de tentar adormecer num berreiro tremendo, de passar o dia todo a cuidar dela sem ter tempo de ir ao WC, de ensinar a usar o penico, quase não descansar... de ver crescer com os anos e já nos dar uma maior independência. Cuidar. Ensinar. Formar. Ver crescer. (hoje o "bebé" tem 14 anos)

    Contudo acredito que até isso mude. Tenho mais idade e cuido há quase dois anos quase todos os dias (menos fins-de-semana) de uma criança com quase dois anos. Tenho a mesma paciência, o mesmo gosto por educar e ver o bebé assimilar e aprender é maravilhoso. Nós também aprendemos muito com eles. Contudo já me canso muuuuito mais que antigamente. Já tem dias em que me apetecia ter o dia só para ficar sossegada. E já dei por mim a pensar que se por um acaso calhasse vir a ser mãe biológica talvez possa descobrir que «gastei» todas as minhas energias e não ter sobrado muito para a experiência na primeira pessoa. Não se sabe.

    Já a mãe da criança quase que o é em part-time. Gosta dela, mas assim, como as coisas são. E tem um apoio milagroso do esposo. Ele já era o faz-tudo da casa, o doméstico que faz o jantar, lava a louça, limpa, aspira, cuida. Ele nunca tem folga do bebé mas ela tem e quando pode ficar com ele raramente fica sozinha, partilha a responsabilidade com outras pessoas (avós por exemplo). Prefere trabalhar e mesmo não recebendo regularmente ordenado de um part-time noturno não o larga para cuidar de uma criança tão pequena. Ela nem precisa financeiramente, porque o marido ganha bem, mas a necessidade é de outro género. E também é mãe de um menino, o que para ela faz diferença. Nunca se imaginou muito satisfeita se fosse menina. Em suma: cada qual tem a sua forma de viver a maternidade. Nem todos(as) correspondem ao padrão idealizado de mãe/pai. Podemos todos julgar uns e outros, mas a verdade é que se esta mãe que falei tivesse de ficar todo o dia com o filho (desde os três meses que está ausente de manhã até de noite) ela não ia ter paciência. Não ia aguentar. Ia pirar. Teve a sorte e aqui posso muito bem dizer isto, de encontrar um homem que também ele é excpecional ao convencional e que tem uma capacidade extraordinária para lidar com tudo e ainda ser romântico do tipo de oferece flores... :D

    PS: as crianças na foto anterior são adoráveis!
    Bjs

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  3. Pois eu entendo tudo isto Portuguesinha e olha que muitas mulheres são assim, tem filhos por convenção ou porque acham bonito, enfim, mas um filho dá muito trabalho, exige muito da mulher e nem todas acham que um sorriso compensa todo o stress do dia inteiro. Eu fiquei com o meu filho em casa até ele completar um ano e um mês, depois voltei para a faculdade. Achei importante estar com ele nos primeiros meses de vida, mas para mim foi difícil, eu quase enlouqueci. Percebo que para umas m~es isto seja bom, mas para mim foi a perda de identidade, ainda mais que o meu filho foi um bebê que chorava o tempo todo se não estivesse no colo. Ainda bem que tive um marido ao meu lado, que me ajudou bastante e que saía com ele para eu ficar instantes sozinha nem que seja para tomar um banho decente...
    obrigada pela tua compreensão´
    beijinhos

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  4. Só te louvo por expores o que poucos gostam de confessar, não sem antes justificarem-se reforçando o seu amor pelo bebe, como que já a pedir «desculpa» por sentirem essa exaustão. O teu desabafo foi colocado fora de contexto e divulgado noutros meios- e isso pode ser sentido como uma violação, ainda mais quando descontextualizado. E quando assim nos chegam as coisas é natural que alguns as vejam ou a preto ou a branco. Mas com o decorrer do debate/esclarecimento, quanto mais as pessoas ficam informadas, começam a entender. Toda a questão ajudou para isso, pelo que julgo que te podes sentir melhor por saber que tiraste a tampa de um tema que estava a precisar ser "destapado".

    Desculpa qq coisinha e... boa sorte!

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  5. Só te louvo por expores o que poucos gostam de confessar, não sem antes justificarem-se reforçando o seu amor pelo bebe, como que já a pedir «desculpa» por sentirem essa exaustão. O teu desabafo foi colocado fora de contexto e divulgado noutros meios- e isso pode ser sentido como uma violação, ainda mais quando descontextualizado. E quando assim nos chegam as coisas é natural que alguns as vejam ou a preto ou a branco. Mas com o decorrer do debate/esclarecimento, quanto mais as pessoas ficam informadas, começam a entender. Toda a questão ajudou para isso, pelo que julgo que te podes sentir melhor por saber que tiraste a tampa de um tema que estava a precisar ser "destapado".

    Desculpa qq coisinha e... boa sorte!

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