Imagina a dor, mas imagina o alívio de dizer o que se pensa. |
Porque não adianta nada. É só uma maquiagem para acalentar todo o preconceito para baixo do tapete, e quem diz ou vive o politicamente correto sem revê-los aos menos de vez em sempre é quase tão culpado quanto os que deixam os seus bichos à solta.
Certo dia vi um programa americano sobre perturbações neurológicas e nele contaram a vida de um homem que sofria de Coprolalia. Esta doença nada mais é do que todos os nossos pensamentos mais escrotos que procuramos esconder, virem à luz do dia e...não é bonito. A equipe de filmagem acompanhou uma ida ao mercado com o pobre a xingar Deus e o mundo, a escapar de bolsadas, olhares fulminantes e socos entre os corredores. Olhava para um homem musculoso de camisa colada e gritava "viado", olhava para uma senhora e dizia "gorda do caralho". Depois em casa, ele chorava e lamentava o que não conseguia controlar...nesta hora pensei justamente naqueles que são completamente contra a falsidade e fazem questão de inundar o facebook com mensagens do tipo. A verdade é que somos todos preconceituosos e que muitas vezes o mundo só resiste graças a uma grande dose desta. Se sairmos por aí dizendo tudo que se passa na cabecinha, seria bom checar se o seguro de saúde (ou de vida) cobre acidentes por franqueza extrema.
É um fato que o humor brasileiro é firmemente baseado no nosso preconceito. Não adianta colocar a culpa na sociedade e não se tocar que fazemos parte dela. É ver os humoristas a gozarem com o negro, com o gordo, com o gay, com as minorias enfim. E achamos graça na maior parte das vezes tão somente porque esta linguagem politicamente incorreta dialoga com os nossos preconceitos mais arraigados. E se a nossa sociedade é racista, xenófoba, gordofóbica, nós também o somos. A notícia boa é que ao tomar consciência disto podemo-lo desconstruir, mas não é trocando negro por afrodescendente ou bicha por homossexual que muda alguma coisa se o que pensamos (mas não dizemos) continua intocável.
Eu sinceramente queria ver se todos os neuróticos pró-sinceridade iriam aguentar ouvir o que os outros pensam de si o tempo todo. Para já ia ser uma ótima experiência sociológica se a rede de relacionamentos mais famosa do mundo propusesse um dia da verdade. Um dia em que falássemos tudo o que pensamos sobre as postagens, sobre as fotos alheias. É claro que não rola...era capaz mesmo de se iniciar uma terceira guerra mundial pelo egocentrismo ferido. De qualquer forma, o que vale mesmo é o que faremos depois disto, se ajustaremos continuamente esta tal balança regulatória entre o que deve ou não ser revelado, sempre tendo em mente que é impossível nos fazermos de vítima da falsidade.
Ótimo.
ResponderExcluirÓtimo.
ResponderExcluirÓtimo.
ResponderExcluirGuria, tu por aqui?? Pode entrar, só não repara na bagunça hahahha!
ResponderExcluirbeijokas
hahahahaha Texto mais do que verdadeiro. Hoje mesmo me vi "obrigada" a curtir fotos que achei um horror. Se eu não curtir nunca, vai soar indelicado, vão dizer que tenho inveja. Então curti e aí já vai uma pequena dose de falsidade. srsrsrsrsrs
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