quinta-feira, 14 de março de 2013

Existe algo pior do que ter uma mãe histérica e neurótica?

Existe. Morar com uma mãe histérica e neurótica. E se podemos pensar que não podia ficar pior, esta mãe como avó nos comprova que sim. Coisas básicas que tenho de lidar diariamente:
Voz estridente
Surdez seletiva
Aquele velho hábito da defesa e do ataque, em que falamos a e entende b, sendo b extremamente   ofensivo e apresenta-se um sermão da montanha por isto.
Mania de que é mãe do meu filho, decidindo sobre coisas que eu tenho direito, como sobre se deixo ou não ver tv, se come ou não doces.
Desautorizar-me nas ordens que dou ao meu filho
Mania de discutir por qualquer coisa e desatar a falar e mandar como se fosse criança
Isto é engraçado porque trata-me como criança e quer que seja adulta. Tenho de ter uma imensa paciência e lhe mandar se foder apenas em pensamento, pois é falta de educação falar alto não?
Hoje ouvi dizer que uma moça perdeu a mãe jovem com câncer e dei por mim a pensar, que sorte a dela! Não tenho qualquer sentimento positivo com relação a minha mãe, tanto que se tudo der certo, viro as costas pro Brasil e não volto aqui antes de conhecer todos os lugares possíveis que desejo. E só volto para ficar em hotel, casa dos outros nunca mais!!

quarta-feira, 13 de março de 2013

Cena complicada

Fiquei muito chateada com o que aconteceu a pouco aqui na rua. Um rapaz provavelmente drogado, porque suas atitudes não eram de uma pessoa "normal", gritando e batendo numa moça que chorava. Não sei se namorada ou irmã. Sinto muito mas é muito complicado se meter em uma coisa assim, muitas vezes a própria vítima fica a favor do agressor. Tenho pena, mas não consigo imaginar-me em uma situação desta. Comigo era um pontapé no saco e té logo amor.

Todas as cidades tem seus podres



No século 19, quando Porto Alegre ainda tinha a volta de 20 mil habitantes, descobriu-se dois corpos degolados em um poço. Eram de um comerciante português e o seu caixeiro, ademais havia também o do cachorro deste último e foi por causa do animal que se teve a certeza da identidade dos corpos. O acusado foi um ex-policial, filho de português e uma índia, um homem corpulento e afastado do ofício por episódios de extrema violência. Chamava-se José Ramos e junto a ele, foi presa sua companheira, Catarina Palse, acusada de ser cúmplice dos crimes. No entanto isto era apenas o começo...
Catarina era Húngara, mas descendia de alemães, ainda com 12 anos fora estuprada por vários soldados russos a propósito da Revolução Húngara, deixada inconsciente, talvez dada como morta. Toda sua família fora assassinada nesta ocasião. Catarina casou-se aos 15 com um cardador de lã e cinco anos depois, emigraram para o Brasil. No meio da viagem, o marido suicidou-se, assim, chegou sozinha na Província de São Pedro. Dois anos depois conheceu José que também tinha sua cota de tragédia. O luso-brasileiro matou o pai aos 15 anos, quando tentava defender a mãe das investidas constantes quando este bebia. Era razoavelmente instruído, amava as artes e fazia questão de frequentar todas as noites o Theatro São Pedro. José falava alemão e assim começou a amizade com o açougueiro Carlos Claussner, um solitário imigrante alemão que lhe tomou como aprendiz de sua profissão.  
Quando se conheceram, Catarina e José não demoraram muito para viverem juntos. Quando a polícia investigou a casa deles, descobriu a ossada do açougueiro, a que o criminoso havia dito que tinha lhe vendido o açougue e partido para sua terra natal. Ainda encontraram diversos objetos que não pertenciam ao casal em questão. A mulher foi a que mais cooperou durante os interrogatórios, contando inclusive, que houve mais 6 vítimas, todas descendentes de alemães e viajantes. O marido usava a beleza da mulher para atrair os homens e depois os degolava. Não satisfeito, da carne fizera as linguiças mais saborosas e adocicadas que a cidade conhecia. Eram famosas suas linguiças. Assim, José fez com que todos cometessem um dos maiores crimes de forma inconsciente: o canibalismo. Durante muito tempo pensou-se que se tratava de uma lenda urbana, no entanto, o historiador Décio Freitas, conseguiu uma série de documentos que comprovam os fatos. José Ramos foi até então o mais célebre assassino desta cidade e seus delitos foram conhecidos como os crimes da rua do Arvoredo. Li um romance daqueles de devorar em um dia, chamado Canibais de David Coimbra, baseado no livro O maior crime da Terra, do historiador.  No romance, José Ramos tem uma espécie de tara sexual, em que curte todos os detalhes de sedução da esposa. No quarto há um orifício no qual delicia-se a ver o desconhecido lhe comer a mulher e depois de satisfeitos, Catarina convida a futura vítima para um café. Após empanturrar-se de bolos, ela puxa uma alavanca e a cadeira faz o homem despencar para um porão, lá encontrava a última face da morte: José e seu machado. 

links interessantes:

A volta


A cidade tem pressa de ir embora. Buzinas ricocheteiam para todos os lados. Da janela embaciada do ônibus, podemos ver o reflexo do cansaço gravado nos passageiros em pé. Em uma fresta, passam um mar de guarda-chuvas ondulando no meio dos carros. Parecem medusas a recolherem-se e tomarem impulso a cada brecha entre um para-choque e outro. Há vermelho em cada lugar: no semáforo, nas luzes dos carros. Parar, esperar e angustiar ante mais buzinas. A chuva gosta de dançar enquanto todos se esquivam. A chuva é uma bailarina inoportuna, rodopia entre os vidros e a impaciência das pessoas, a qual finge não ver. A chuva veio para ficar.   Desço e caminho pelas ruas do passado. A calçada é quase portuguesa, não fosse o vermelho das pedras escorregadias. Alguém grita se quero “gá-da-chuva” ou “sombrin”, não me dou ao trabalho de responder, vou certa da minha solidão. Ando pelas ruas escuras, atravesso lugares que passava quando ainda era uma jovem estudante de História, sempre carregada de livros e sonhos. Hoje carrego medo e preocupações, e embora não tendo mochila, este fardo é incrivelmente mais pesado que outrora. Perco-me. Para quando um implante do Google maps no cérebro? Volto, pergunto e para variar ando na direção contrária.  Dou a volta e percebo que tenho andado em círculos. As pessoas devem me achar louca porque falo mentalmente e faço caretas enquanto isto. Finalmente a parada do ônibus, permaneço embaixo do viaduto. Alguns minutos depois, estou novamente tentando equilibrar-me qual gado em um transportador para frente e para trás e para ambos os lados. Uma licencinha por favor. Passa um rapaz com pasta, passa uma jovem gorda. Quase desmenti a física porque simplesmente as pessoas insistem em achar que dois corpos podem sim ocupar o mesmo lugar. Mas os transportes públicos tem as suas regras: aperta que isto é igual coração de mãe, sempre cabe mais um, e quando quiser descer, puxa a cordinha, mas antes procure chegar o mais próximo da porta, pergunte a todos se vão descer na mesma parada e caso contrário, vá rebolando até lá. Afinal a chuva parou deixando um espelho negro que reflete as luzes vermelhas. As buzinas diminuíram, o trânsito flui mais rápido. E a cidade tem menos pressa de ir embora. E eu pelo contrário tenho pressa de voltar para os meus havaianas.
Web Statistics