Chegamos a um ponto em que o Fabian não fala nem português nem francês. O pouco de português correto para uma criança de três anos teima em derrapar em um Fabianês afrancesado que nada mais é do que aquela língua própria que as crianças se tornam fluentes antes de qualquer outra. Ele imita os sons, o "r" carregado, o ir com com som "ar", e uma série de fonemas que eu mesma não tenho a mínima ideia de onde saíram. Assim está a cabeça dele: começa a falar uma frase e no meio já está falando "francês" ou frantuguês ou portucês. Sei lá. E não é que a gente se entende?
domingo, 5 de janeiro de 2014
sábado, 4 de janeiro de 2014
Poesia do cotidiano
Ao ir lavar a louça e com minha mania de fazer as coisas na penumbra, reparo na árvore do vizinho bem em frente à janela. Os galhos secos e torcidos desvendavam as gotas de chuva sobreviventes que por sua vez brilhavam pela luz que recebiam do poste do outro lado da rua. Era uma árvore de Natal à moda da própria natureza, ali enquanto ia fazer uma das coisas mais chatas da vida doméstica.
Tá certo que as fotos não ficaram grande coisa, mas o que vale é a intenção.
Para que não haja dúvidas
Tenho um medo absurdo quando me perguntam o que eu faço. Não é por ter vergonha de ser dona de casa, mas é mais pela dicotomia entre dizer ou não que sou formada em História. É o olhar de susto das pessoas como se eu fosse um ser extra terrestre que às vezes pode significar nada menos do que pena, se vocês soubessem a situação dos professores no Brasil...
O medo é justamente da percepção da maioria das pessoas que me acham automaticamente com cara de calendário e sacam de lá uma pergunta: sabe o que aconteceu no dia 18 de abril do século XIX na Rússia? Peraí, calma na carroça. Eu não sei a história do mundo desde que os primeiros homens das cavernas descobriram o fogo. E mais: eu não sei toda a história moderna, desconheço uma série de coisas umas por que não me interessei em saber e outras porque simplesmente não caberia na minha na cabeça, é possível, acreditem! É mais ou menos como exigir que um médico seja perito em uma doença a qual não é sua especialidade.
Quando lembro-me da cara que os meus colegas de Psicologia faziam quando tínhamos umas meras vinte folhas de um artigo para uma aula, eu ria por dentro. Tá certo que era em inglês, mas nada bate as 100 páginas que tínhamos de ler apenas para uma aula das sete cadeira que estávamos matriculados. Eu li tanto, mas tanto nestes quatro anos que acho que isto devia valer para que no resto da minha vida não precisasse tocar em nenhuma linha.
Não é só porque é preciso fazer um recorte na História, não é só porque aprendemos a história do Brasil desde os descobrimentos até Jango com descompassos cronológicos ou a história Medieval até a Moderna européia, ficando de fora (embora fossem opcionais) estudos africanos, período pós Guerra Fria, história da Ásia, e América do Norte, etc. É porque para cada assunto chave (ou seja quase todos já que estão no currículo do curso) tínhamos vários pontos de vista de vários historiadores de vários períodos históricos. Para quem tá de fora fica difícil entender, mas a história é mais ou menos como um jogo de detetive, as pessoas vão te dando pistas e temos de ser nós mesmos a "descobrir" quem matou a Dona Branca com o castiçal na sala de música. Não é nada daquilo que Hollywood faz para aparecer Mel Gibson e seus olhos azuis e litros de sangue artificial. Ou até é se formos analisar como o século vinte fez a releitura sobre determinado fato histórico. Mas como ia dizendo, a História não é uma história como aquelas dos livros infantis, com início meio e fim. É mais parecida com um enredo maleável ao qual milhares de cabeças se juntaram em anos diferentes para dar forma aos personagens que são tão movimentados, (re)inventados e (re)costurados que deles mesmos pouco se sabe. Na história o protagonista somos (e fomos) nós desde sempre.
Chinelinhos à porta
Ainda não sei o quão amplo é este hábito entre franceses (mas já fui em uma casa assim), sei que lá no oriente esta coisa de deixar os chinelos na porta é um sinal de respeito (pelo menos para os chineses e japoneses dos filmes). Quanto aos árabes desconheço a razão e pelos alemães sei que é uma coisa que tem a ver com a sujeira ou a neve nos calçados. Posso imaginar...faz sentido. Quando há neve. Ou barro. E o pior é quando nem calçam os chinelos e andam de meias mesmo.
Para mim isto não passa de uma neurose braba com limpeza e olha que de neuroses de limpeza eu entendo. Eu sei que estamos no país deles e bla bla bla, em Roma seja como os romanos, maaaaaas na minha casa mando eu. Se eu vou de visita a uma casa cujos moradores tem o seu fetiche por pés semi-desnudos, ótimo, que remédio... Agora aqui em casa não! Por favor, detesto que andem de meia! E depois o estado que ela fica, toda preta, ainda vão dizer que não limpo direito o chão. Tem outra coisa: não consigo me desviar da lembrança da minha querida vó e da sua honrada preocupação pelo frio nos meus membros inferiores. Escuto ela dizer: vai botar os chinelos guria, vai gelar estes pés! Fora o barulho que faz, é o mesmo dos meus vizinhos de cima que eu tenho certeza de que não usam chinelos. Tum tum tum. Bah!!! A solução é por uma plaquinha no hall: "Il est interdit de marcher en chaussettes." Ou isto ou compro uns pares de pantufas extras.
Pronto: isto deve satisfazer ambas as partes. |
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