domingo, 26 de julho de 2015

Sonho de sábado

O Fabian era um adolescente e tinha desaparecido. Lembro-me de suas costas e dos cabelos curtos, quase raspados, mas não vi o seu rosto. Aliás, fazia tempo que não o via, talvez ele estivesse se apagando pouco a pouco, diluindo-se em uma rotina das coisas que pediam para continuar. As pessoas olhavam-me como se me conhecessem há décadas, mas ninguém era-me minimamente familiar. 
Fui convidada para a cerimônia de encerramento do liceu (segundo grau) para discursar em nome do meu filho. Subi no palco e olhei aquelas expressões juvenis ainda tão leves, sem qualquer preocupação sobre o futuro. Eles me conheciam das freqüentes idas e vindas na escola por conta do mau comportamento do Fabian, ele era um rapaz muito inteligente, diziam, mas muito arruaceiro. Envolvia-se em brigas e discussões, certa vez até mandou um colega para o hospital. E agora tinha sumido...desapareceu sem qualquer sinal. Lembro de olhar para baixo e falar no improviso sobre a espera, sobre a dúvida se algum dia iríamos nos reencontrar. Era para ele estar ali, mais um rosto entre tantos rostos sem preocupação sobre o futuro...Mas ele não estava. Pedi permissão para cantar um trecho de uma música brasileira "La Bella Luna" e não desafinei: a noite passada você veio me ver, a noite passada eu sonhei com você. Duas vezes. E acordei com a sensação estranha de que aquilo tudo foi muito real para ser só um sonho. Escutei a música umas dez vezes sem parar.


Por que fechei?

Porque não estou com saco para aturar anônimos ao menos por enquanto. Eles têm razão, quando nos expomos aqui estamos sujeitos a toda sorte de julgamentos e eu acho tudo bem, só rejeito comentários que são puro insulto, no mais, passa. Mas não estou realmente com saco para sequer ler coisas desagradáveis. É uma fase, sei que vai passar, mas senti vontade de estar mais recolhida, de não ficar chateada com gente que só vem para "urubuzar" (neologismo muito nosso hehhe).

Lavou tá novo

Ontem o vento nos expulsou da praia, mas na volta encontramos uma bóia na beira de onde o riacho se encontra com o mar. O homem: olha lá um barquinho abandonado... E eu: quer levar? Hesitação. Não, deixa pra lá. Quando já estávamos fora do alcance eu olho para ele: volta lá e pega, achado não é roubado. Depois de um banho na bóia, com direito a xampú e tudo, hoje vai ser dia de estreá-la.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Polliana

Amanhã o marido nos deixa o dia todo sozinhos. Sai de madrugada e volta perto das onze da noite. Faz um bate e volta em Genebra para uma entrevista, mas também já foi à Paris e Strasbourg (obviamente com os custos pagos pelas consultorias). Também já fez entrevistas para trabalhar em Luxemburgo e Irlanda, aqui não há frescuras, atira-se para todos os lados. Esta talvez seja a vantagem de sermos "avulsos" na vida, não temos ninguém nem nada que nos prenda em lugar algum. Se for por pouco tempo, vamos ficar pelo Sul mesmo, mas se a proposta for duradoura e o salário for bom, nós iremos...é só uma questão de tempo. 
Enquanto o emprego não chega, fico brincando de Polliana, vendo o lado bom das coisas. Eu gosto de tê-lo ao meu lado, gosto de carregá-lo para a praia mesmo sabendo que ele vai ranzinando quase todo o caminho. Gosto de não precisar fazer comida, de dividir tarefas, de nossos papos até depois da meia noite. Às vezes fico pensando se estas férias forçadas não seriam o destino nos devolvendo o tempo que nos roubou...quem sabe?
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