A água escorria pelas minhas mãos. Sempre achei hipnótico lavar coisas. Limpar, lavar. Esfregar. Colocar detergente na esponja, apertá-la como se fosse esganar alguém até sair espuma e escorregar pelos dedos. Sempre que lavo louça escuto da voz a mesma frase: polar dissolve polar, apolar dissolve apolar. O mantra que guardei das aulas de química, assim como o movimento característico dos pés do professor para frente e para trás, como se estivesse balançando-se em uma cadeira imaginária, mantendo um giz em cada mão.
É inútil questionar o porquê de tantas coisas que poderia a memória ter guardado, só consiga me lembrar desta fatídica frase. E já nem sei se a gordura é polar ou apolar, mas sei que é por isto que é mais fácil retirá-la com detergente e quase nada de água.
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