sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Atraso

Depois de três semanas longe, hoje à noite chega o marido. O voo está com uma hora de atraso, mas não importa. Chovendo ou não este vai ser um fim-de-semana feliz!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Dieta do pum


Gracyanne antes e depois:




Não pode ter outro nome algo que significa passar à batata doce, frango e ovo. Exigência do novo padrão de beleza feminino e masculino, o padrão de beleza de um equino puro sangue: músculos e veias rasgando a pele, gomos permeando o ventre, percentual de gordura tão baixo como o de atletas de esportes de alto impacto. Isto e os shakes (e também aquele coquetel de coisas que não admitem, mas tomam).
As modas corporais no geral me desgastam, mas esta é ainda pior. Que preço irá cobrar este alto padrão de beleza? Que será das "Gracyannes" Barbosa aos quarenta, aos cinquenta anos? Vózinhas de coxas de zagueiro lutando com as pelancas para que não desçam pela mini saia? Ou um futuro câncer no fígado, rins, etc? Não é uma simples questão de escolha, de liberdade para se fazer o que quiser ao seu corpo, mas sim um sistema perigoso de entrar em forma, diria até obsessivo. Por isto, foi com alegria que li uma reportagem em que a mais famosa guru da "boa forma", Bella Falconi, resolveu parar com esta loucura. Conhecida pelo abdômen trincado e também pelas coxas tremendamente definidas, ela reconheceu que este estilo de vida era tudo menos saudável.  Os hábitos que desenvolveu se assemelhavam às privações da anorexia e com resultados parecidos, entre eles, a suspensão da menstruação e a constante deficiência de vitaminas.
Esta semana a imprensa acompanhou o caso de uma modelo fitness que está internada com infecção na zona que aplicou um gel modelador a fim de engrossar ainda mais as coxas. Sinceramente não acho nem um pouco bonito para ambos os sexos esta moda, porém ela tem se mostrado não apenas anti-estética como um potencial risco de vida aos seus praticantes. E nisto já tivemos pessoas gordas como bonitas, pessoas magras, pessoas macérrimas,pessoas saradas, para quando a vez de pessoas "assim-assim"? Estou sonhando alto ou meu filho ainda verá um corpo "normal" nas capas de revista? 

Curiosidade

Quem disse que a paz tem que ser bela?


Uma das coisas que notei quando varri sites de imobiliárias atrás de apartamento, foi que por mais alto que seja o imóvel, eles não possuem aquelas redinhas de proteção. Eu, mãe de um menino de quatro anos em plena fase dos super heróis, acho no mínimo curioso que os pais não se preocupem se naquelas cabeças de vento desperta a ideia de que podem voar. Isto ao que parece, é apenas mais uma das tantas evidências de como os brasileiros encaram a educação infantil de uma forma completamente oposta aos franceses. Ora, se para nós basta haver uma mísera sacada e às vezes nem isto, janelas no primeiro andar já bastam para enchermos de telas, aqui eu já vi algo como apartamentos no décimo andar sem qualquer proteção (e os brinquedos espalhados indicavam por certo haver ao menos uma criança pequena ali). 
Será que as crianças francesas são assim tão obedientes? Será que os pais são assim tão displicentes? Costumo pensar que não há certo nem errado no que diz respeito à cultura, no entanto quando envolve a segurança de bebês que estão longe de compreender um "não", como este povo faz? Tem um olho nas costas? Nunca os deixam sozinhos? 
Realmente acho um exagero algumas particularidades brasileiras em gerir a criação, particularidades estas que acabam por formar crianças dependentes demais, e a exemplo disto tenho a minha própria infância como base. Porém têm questões aqui que ainda não me batem bem, esta história das redes de proteção, assim como as crianças andarem sozinhas de bicicleta a seguirem os pais, sabe lá a que distância, sem que os mesmos sequer olhem para trás para saber se ainda estão lá. Acredito que apesar dos séculos, aqui parece perdurar a ideia de infância como na Idade Média: não há crianças e sim pequenos adultos semi-selvagens que necessitam de serem domados desde o primeiro choro. Prova disto é a larga porcentagem de pais que aderem ao que mais tarde ficou conhecido como o método Stivill, que nada mais é do que o antigo "deixar chorar até dormir". Às vezes me pergunto se estas crianças têm pais ou adestradores...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Feliz



Eis que depois de um pouco mais de um ano, finalmente o Fabian está falando francês. Não como um nativo, claro, mas já se faz entender com pequenas frases repetidas até a exaustão: allez, on va jouer maman?* Quando está em casa fala sozinho e canta em francês, ainda atrapalha-se com alguns fonemas, assim como o faz em português, porém por tudo pelo que passamos eu achei que este dia não chegaria nunca. 
O Fabian foi uma criança que demorou muito a falar, começou a soltar as primeiras palavras com um ano e meio (que se resumiam a mamã e carro), mas somente aos três é que podia-se dizer que dominava a língua. Na época, a minha mãe insistiu na importância de uma fonoaudióloga e ele fez algumas sessões enquanto andava à cavalo meses antes de virmos para a França. 
Ontem a professora dele deu-me os contatos de uma fonoaudióloga  aqui perto de casa. Logo agora que eu estava tão feliz desta grande conquista dele! Disse que ele pronunciava mal as palavras e eu fiquei a pensar se por esta lógica também eu não precisava de uma. Assim como a maioria dos emigrantes, diga-se de passagem. 
Na minha humilde opinião, aprender uma outra língua é como voltar à infância, na época em que ainda éramos incomunicáveis, em que usávamos de mímica, choro e pontas de dedo para nos fazer entender. É como aprender a falar (de novo). No caso do francês, há uma série de "R"s carregados, e "U"s terminando em biquinho, e vogais fechadas, e uma montanha russa fonética totalmente diferente de nossa antiga forma de comunicação. É normal que nosso cérebro exija um tempo para que toda esta novidade seja absorvida e por si mesma tornada inconsciente e automática. Até ao momento em que não precisaremos pensar que som faz o ditongo "au", "oi" ou mesmo que o "e" é quase um primo do "o" na famosa musiquinha do alfabeto.
Aceitei o conselho, embora a gente saiba o que se faz com eles. Anotei o número com a certeza de que apenas o fazia por educação, pois que eu acho que não há comparação possível a se fazer entre uma criança que fala (e ouve) francês deste bebê a uma que apenas teve seu primeiro contato há um ano. Para mim, o Fabian fez uma evolução incrível e não falo apenas porque é meu filho, mas porque antigamente ele tinha tanta aversão ao idioma que nem abria a boca na sala de aula a não ser para falar português. Basicamente sinto como se ele tivesse furado a bolha, sentido os dedos do mundo puxá-lo para fora e agora anda por aí, a correr orgulhoso de seu esforço. Não, ele não precisa de uma fonoaudióloga, ele precisa de tempo. Um pouco mais de tempo e paciência para ser robotizado e devidamente encaixado ao sistema educacional francês.



*Vamos brincar mamãe?
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