segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Stand by

Falta quase uma semana para a mudança e eu ainda não fiz nada. A casa está como se nada fosse acontecer, como se eu simplesmente a fechasse para ir no mercado e voltasse meia hora depois. Mas sei que é apenas questão de tempo para chaveá-la ao meu passado, mais um lugar que já foi nosso e que não podemos voltar. Às paredes tortas, às janelas tortas erguidas algures em 1700, que em breve vão despedir-se de mais um punhado de almas que gestou. Penso se a casa tem memória e se as vive com tanta intensidade como costumo visitar a um mundo que se desvaneceu. Vive e será que recolhe um pouco de nós para sua existência  de barro e toras velhas? Um poeta da minha terra costumava dizer: eles passarão, eu passarinho. Pessoas passam, deixam suas marcas em furos jamais tapados, em bordas ou chão manchado. A casa fica. Parece a própria face da eternidade. Nunca consigo imaginar um edifício em seu lugar, muito menos uma daquelas caixas de vidro que infelizmente se tornaram o "must do" dos engenheiros moderninhos.
Ela parece troçar dos meus receios de que rua quando a abandonarmos. Mas ela é forte, teve de ser. Conserto feridas com um pouco de corretivo. Salpico-a de um branco mais branco do que o papel de parede. Ela sabe que é difícil para mim, terei de domar meus impulsos obsessivos e que aqui estavam finalmente  adormecidos. Já lhe disse que lá onde vou morar o chão é de lajota enviesada? E do quanto vai me custar olhar para baixo e não me dar faniquitos ao pensar quem é que teve a ideia de estragar um apartamento tão bonito? Lajotas enviesadas. Por tudo. Como se fossem a roupa de um arlequim.
Falta quase uma semana para a mudança e eu ainda não fiz nada. Mas de repente parece que fiz muita coisa.
Arlequim chora a cada vez que resolvem assentar lajotas enviesadas ao invés de piso de gente normal.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Réu confesso

Se eu pudesse dedicar uma música para o meu ano de 2014, começaria assim (voz da Alcione por favor): venho lhe dizer se algo andou errado, eu fui o culpado, rogo o seu perdão... Nada de mandinga, de culpar os astros ou os outros, fui eu mesma que fodi tudo. Mas ao mesmo tempo, também fui eu que mal ou bem me aguentei, não desisti e não deixei que o Fernando desistisse. Este ano vou entrar de vermelho e roxo, não faço qualquer idéia do que as cores signifiquem, afinal são as cores do meu pijama. Hoje não vamos ter ceia. Brinquei com o marido que ao invés disto vamos ter seio hahaha! Ele vai conseguir chegar pelas dez e meia da noite ( se encontrar algum taxista perdido pela Gare) e como não temos o costume de jantar tarde, resolvi que vou mais é fazer um almoço gostoso no dia primeiro.  
Tá, para não perder a vinda para tirar o pó do blog, aqui vai uma mais ou menos auto-reflexão. Vejo tanta gente dizendo há tempos que o ano seja bom, seja feliz, que nós consigamos realizar todos os nossos desejos, enfim, todas estas frases 'cartão-de-Boas-Festas' que se possa imaginar. Eu mesma já disse a algumas pessoas as mesmas palavras vazias, mas para dizer nem que seja uma vez a verdade, eu não desejo que se realizem e que tenham todos seus pedidos satisfeitos. Não. A vida não é um gênio da lâmpada ambulante que vive apenas para nos fazer feliz. Desejo (a mim e aos outros) que tenham pedras no caminho (muitas), que tenham sorrisos sim, mas lágrimas de alegria e de saudade para que possam temperar suas lembranças de agridoce... Desejo que haja problemas, pessoas chatas misturadas com as poucas e boas amizades. Desejo ingratidão, assim como abraços apertados de despedida. Desejo que sejam infelizes alguns dias, com umas gripes no inverno. Afinal ninguém cresce sentado de pernas cruzadas no Himalaia. Nem gastando os pés no caminho de Compostela. Crescemos com as dificuldades da vida, com a frustração de quase sempre darmos com os burros n'água, crescemos com a dor, com o não. Este ano que se inicia será como qualquer outro que já passou, e tal como os outros, desejo que seja mais uma vez, esta montanha russa de acontecimentos e que ao fim de várias voltas tenha valido a pena pagar o bilhete.

Obrigada. De nada

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Este não é um blog de culinária

Não é, mas não pude guardar só para mim a receita do nosso calzone de Papai Noel.
Fiz duas vezes  para ficar bem grande:
1 xícara de água 
1/2 xícara de leite
500 gr de farinha de trigo 
1 colher de sopa de azeite
1 colher de sobremesa de açúcar 
1 colher de sobremesa de sal
1 sachê de fermento para pão

Recheio:
Um pacote e meio de três queijos auchan 
2 pacotes pequenos de calabresa

Massa:
Misturar todos os ingredientes até a massa soltar das mãos. Deixar repousando por uma hora.
Untar a forma e fazer a cabeça do Papai Noel guardando duas bolinhas (nariz e pompom do chapéu) e um pedaço para fazer a barba. Pincelar com água misturada com massa de tomate concentrado. Pincelar o resto com uma gema. Colocar para assar em forno pré-aquecido a 200 graus ( no meu caso como fiz duas receitas da massa deixei por 30 min) por 15 minutos.
Colocar no facebook, Instagram, mandar mensagem, e WhatsApp para por todo mundo a babar. Et voilà , torcer para não engordar (muito)!



O Papai Noel ficou parecendo que levou um soco, mas foi porque resolvemos aumentar a potência nos últimos cinco minutos (não façam isto).



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