sexta-feira, 24 de abril de 2015

Pa pa pa paia pa papa pa paia


Tornei-me emigrante pelas circunstâncias do amor, diria. Nunca tive aquele bichinho que me impulsionasse para fora da minha zona de conforto: não passei fome, nem por qualquer experiência traumatizante, tal como assalto, sequestro, etc. Vontade de mudar ou mudar-me...nada. Foram emails e cartas e algumas visitas mais tarde que me deram a certeza de que não seria feliz se não fosse atrás dele. 
Meu caminho foi fácil, fiquei ilegal apenas um par de meses se muito, enquanto esperava impacientemente pelo reagrupamento familiar, pois a extensão do visto de turista tinha terminado. Digo que meu caminho foi fácil (embora tenha sido emocionalmente duro), comparado com tantas histórias que a gente vai sabendo por aí. Sentir medo quando a polícia vinha nunca fez parte da minha vida, assim como sair atrás de empregos mal remunerados, sujeitando-me a ser explorada, morar mal, às vezes com desconhecidos, trabalhar de dia para comer à noite...  Mas há quem sujeite-se a isto, seja por sonho de conhecer outros lugares, seja para juntar dinheiro e voltar, seja por desespero em que mesmo a situação mais precária é melhor do que a que estava habituado em seu país de origem.
Gostei deste filme porque é muito pé no chão, tira esta visão glamourizada que se tem de que viver fora é um paraíso e principalmente, aquele cinismo europeu de achar de que todo emigrante vem  para ficar nas costas dos contribuintes. 
E como francês é um eterno apaixonado pelo Brasil, ainda temos Jorge Ben na trilha sonora ao lado de Gilberto Gil, assim como um personagem "brasileiro" e Omar Sy representando "Samba", comme la musique. Tem como resistir? 


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