quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Caí no conto da maternidade

Oh estou tão feliz que tu vais ser mãe amiga, vais ver que agora a vida vai ter outro sentido... Ah são gêmeos? Ô coisa boa, alegria em dobro! Não tô chorando de tristeza não...é só de alegria, só de alegria...ah como é bommm ser mãe!


Em um post que escrevi já faz algum tempo, volta e meia alguém me pergunta sobre como me sinto hoje sobre não gostar de ser mãe. Quando escrevi aquilo o Fabian tinha dois anos, era um menino extremamente agitado em uma simples extensão do bebê exigente que fôra. Eu não sei o que veio primeiro: se o sentimento de não me sentir arrebatada pela experiência de um amor sobrenatural ou a minha própria vivência desprovida de momentos de comercial do dia das mães. 
Neste tempo, o Fabian cresceu, eu mudei, mas o que sinto pouco se alterou. Há dias em que consigo lidar relativamente bem e há dias em que sinto-me em uma prisão perpétua de culpa e desespero, como se estivesse arranhando paredes e maquinando um plano de fuga já por si mesmo fadado ao fracasso. 
É verdade que escolhemos de certa forma a nossa vida, eu escolhi ser mãe. Mas escolhi baseado em um conto, em uma verdade absoluta sustentada por quem já o era. Ninguém me disse que podia ser diferente, que não há uma receita de bolo para o amor. Ainda hoje me surpreende frases de efeito como "ser mãe é viver com o coração fora do corpo". É mesmo? E "eles viram nossa vida de cabeça para baixo, nos fazem perder o sono, a paciência, o dinheiro, mas no fundo vale tudo a pena". Ah é? Eu nunca deixo de pensar se estão mesmo em perfeita sanidade, se não sofrem de síndrome de Estocolmo, segundo a qual os reféns apaixonam-se ou criam afeição pelos seus algozes. 
Há um "eu" e as outras, uma forma dicotômica do mundo da maternidade. Ou é ou não é. Afinal que espécie de mãe não sente que o seu filho é mais importante que ela? Que merece todo o sacrifício que puder lhe ofertar, o que muitas vezes significa abdicar de sua própria felicidade? Neste mundo não há boas e más mães, há tão e somente o papel principal de mãe. E ser mãe é ser assim, dona de um amor incondicional incontestável. Que sei eu, vou ser julgada no tribunal das mães, vou arder no inferno das mães...mas...mas...já não disseram elas que ser mãe era padecer no paraíso? E se este é o paraíso, será então o inferno aquele lugar onde criança não entra? Onde podemos ver novela, comer comida quente e transar sem sermos interrompidos? Será o inferno das mães aquele lugar onde não podem ou não precisam mostrar para o mundo que só elas é que sabem do verdadeiro amor?
Uma voz quase sumida me sussurra quando alguém diz que está grávida: digo parabéns ou boa sorte? Há situações Em que o melhor é não dizer nada, mas hoje não fujo mais. Tento viver com este erro da melhor forma que conseguir, deixo para as outras toda a razão que quiserem, já sei que estou condenada a arder no inferno materno junto com a minha coca cola zero e o coração que nunca viveu fora do meu corpo.

30 comentários:

  1. Como compreendo as tuas palavras... O mito da maternidade bonita que todos os dias vive connosco- E ninguém diz a verdade... e quando dizemos, o mundo olha para nós com condenação: as que não foram mães acham que estamos a exagerar. as que são mães acham que somos má mães, umas ingratas... Mas estas coisas deviam dizer-se. Para as pessoas se prepararem e fazerem as suas escolhas com a consciência total do que implica ser mãe.

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  2. É Ana! E eu tenho falado abertamente, quem me procura com dúvidas eu dou a minha versão, de maneira nenhuma eu acho que não devam ser mães, mas é como dizes, se querem este caminho é bom que ouçam outras vozes que não sejam o patati patatá do refrão "é. Melhor coisa do mundo".
    Beijinhos

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  3. Considero o seu blog, e o espaço dado para as mães desabafarem, um dos maiores favores ao sexo feminino.

    Sua coragem e sinceridade de admitir e desnudar sem floreios a maternidade, nunca vi por outras bandas on line. Alguns até falam do tal lado B, mas nunca admitem que o tal amormaiorqueinfinito, pode nunca existir.

    Gratidão por acolher tantas mães desesperadas.

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  4. Obrigada anônima! Fico feliz em ter proporcionado este debate, queria poder fazer mais por estas mães que entram aqui diariamente procurando ajuda, algumas em um estado muito difícil... Mas fico feliz que pelo menos saiam daqui sabendo que não são as únicas, que não são aberrações da natureza.
    Beijinhos e volte sempre!

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  5. Eu adoro ser mãe e já disse isso várias vezes, mas também sei que lá por isso tenho alturas que quero ficar sozinha, ter tempo para mim.
    Ser mãe 24h por dia cansa. Não ter tempo para nós cansa, ter de andar sempre a fazer e não poder dizer "hoje não me apetece" cansa.
    Cada uma vive a maternidade à sua maneira.
    Bjks e obrigado pela sinceridade

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  6. As coisas estão melhorando aqui p/ os meus lados, filha na escola todas as manhãs e 2 tardes tbm ( e ainda come com os amiguinhos na cantina) ! Eu estava precisando desse "respiro" p/ não enlouquecer de vez !

    Nos meus piores momentos de muito estresse e desespero pensei em dizer "meus pêsames" p/ cada amiga ( e gente da familia tbm) q postava "Dia maisss felizzz da minha vida, tô gravidaaa"...mas ainda bem que me restava ainda um tracinho de lucidez e eu calava essa voz louca que gritava dentro de mim, afinal eu ia ser crucificada na cruz como Cristo (so que eu cheia de pecados, porque não gostar de ser mãe deve ser o maior de todos os pecados né ?)

    O maximo que eu me permitia era comentar (nesses posts transbordando de festa e felicidade): "Amigaaa, que linda, aproveita bastante p/ dormir, ver TV, sair de mão dada com o marido/namorado, aproveite tudo o que vc puder, pq depois unca se sabe"

    Bom, muitas vezes, e ainda hoje o faço, eu ponho uma mascara ! Mascara de cara de felicidade !

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  7. Nany se fosse hoje eu tinha posto na creche desde bebê, mas ainda bem que agora em fevereiro ele vai começar a almoçar na escola e vou ter mais tempo pra mim, finalmente!
    Beijinhos

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  8. Ana (acho que é né? Kkkk); fico feliz, lembro-me quando tinhas dito estar na dúvida se colocava, no fim foi a melhor coisa né? Eles nesta idade adoram estar na escola, fazem atividades, brincam, correm, muito melhor do que ficarem socados em casa nos pentelhando heheh!
    O meu pergunta até no sábado se não vai pra escola.
    Beijinhos

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  9. o seu post foi perfeito para mim hoje.
    tenho um bebe pequeno e estou odiando tudo isso. engravidei de um ex, um cara que eu já não amava/amo mais. contei sobre a gravidez, achei q ele fosse me ajudar e apoiar, já q apesar de separados éramos 'amigos'. resultado: o cara queria voltar comigo para formar uma família feliz, e eu não. o cara surtou e por vingança transforma a minha vida em um inferno.
    as responsabilidades, problemas e gastos principais ficam nas minhas costas e o sujeito posa de vítima e pai zeloso perante nossos conhecidos.
    as vezes me pego sentindo raiva do bebe, mesmo sabendo q ele não tem culpa. me sinto feia, gorda e sozinha, a minha vida social e sexual parou, a faculdade nem sei como vou continuar.
    a gravidez foi acidental, mas me sinto culpada. Eu poderia ter evitado todo esse transtorno, mas por um descuido não o fiz.
    por opção consciente eu jamais teria engravidado, detesto crianças. sinto afeto pelo meu bebe, cuido bem, mas na maior parte do tempo sinto desgosto. odeio ter meu sono interrompido, odeio ter q gastar um dinheiro q poderia ser gasto com o meu crescimento pessoal, odeio ter estragado o meu corpo.
    nunca imaginei q ser mãe fosse tão dificil.. cheguei a pedir perdão para a minha mae por ter sido incompreensiva com ela muitas vezes. a sociedade diz q maternidade independente das circunstâncias é linda, mas não é. digo a real para as minhas amigas. essa postura hipócrita que muitas mães tomam não ajuda em nada. queria q alguém tivesse me dito q ser mãe é uma droga, quem sabe eu teria tomado mais cuidado... faço terapia quem sabe um dia eu consiga entender e lidar com tudo isso.

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  10. Exatamente!, minha filha adora a escola, acho que iria numa boa se tivesse no sabado e domingo, e eu claro, ficaria mais feliz ainda !!!

    Tem sido um alivio estar sozinha todas as manhãs + 2 tardes, mas vejo que tem sido uma alegria p/ minha pequena tbm estar entre crianças, fazer pinturas, balanço, escorrega, ter historia p/ contar no final do dia. Alias, nem sempre ela tem energia p/ me contar como foi o dia pq quase sempre "capota" na cama e dorme até o dia seguinte :)

    E era eu sim ali 3 ou 4 comentarios acima !

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  11. Pr Anônima de 25 de janeiro de 2015 05:56

    Pois fale com o pai exemplar que vc não quer mais a guarda da criança, e que ele deverá assumir então. Afinal, vc não fez sozinha. Vejamos se ele vai continuar com a postura de paizinho exemplar e sorriso no rosto.
    Claro que se vc fizer isso as pessoas vão falar muita merda, mas isso elas falam de qualquer jeito, e na merda vc ja tá, não é mesmo? Não estrague sua vida e seja infeliz por uma coisa que não é só sua responsabilidade.
    Um beijo e que tudo dê certo pra vc ^^

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  12. Obrigado por este espaço. Preciso desabafar com alguém que me compreenda. Estou gravida de 15 semanas e sei que foi o pior erro da minha vida. Sinto-me horrível, sem esperança, sei que a minha vida acabou! Para piorar a situação existem duas coisas: soube que estava gravida dois dias depois de a minha irmã vir do hospital porque teve de fazer interrupção médica da gravidez por causa de mal formações no bebe; já conversei com o meu marido e a resposta dele foi "porque tive que arranjar a única mulher que não gosta de estar grávida" (como se esse fosse o meu único problema). Só engravidei porque ele queria ser pai e eu pensei, não vai ser assim tão difícil, é só um e depois já estás livre disso! Não posso desabafar com a minha família porque depois culpam-me de me queixar por estar grávida quando a minha irmã quer e não consegue. E com o meu marido fiquei tão desiludida! Desde o dia que o teste deu positivo que me arrependo de ter engravidado. Cada vez que faço uma ecografia espero que esteja algo mal e que os médicos acabem com este pesadelo...

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    1. Meu conselho eh: ja que vc ta no inferno, entao eh melhor abracar o capeta. Curta a gravidez, pq ela eh a melhor etapa da maternidade, dias piores virao rsrs e nao veja tudo cinza senao a coisa vai ficar preta pra vc. Pense positivo, eu sei que eh dificil, mas faca um esforco. Tive depressao pos parto e nao desejo isso pra ninguem. Matenha a calma, quem sabe quando o bebe nascer vc seja sortuda e passe a ama lo mais do que tudo? Isso pode acontecer. Ja vi casos de maes que tremiam so de pensar na maternidade e quando tiveram filhos descobriram que nasceram pra serem maes. Tente ver sempre o lado positivo das coisas, se rebelar contra sua situacao so vai piorar tudo.

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  13. Ai, Rita, que angústia!! Que você sair dessa tristeza, desse sofrimento.
    Sou casada há 7 anos e tanto meus familiares, os dele e nossos amigos vivem nos perguntado "Cadê o bebê? Quando chega?". Me dá uma raiva terrível dessa pergunta. Que diabos que as pessoas insistem em tomar conta da vida alheia! Na maioria das vezes respondo que algum dia virá, quando tenho paciência digo que não quero. Meu marido é uma incógnita, nunca diz que quer ou não. Acho que ele é daqueles que vai com a maré quando o assunto é delicado. Acho que teme tomar uma postura fixa. Medo de desagradar, ou desagradar a "sociedade".
    E se algum dia eu me arrepender? Ah!Eu adoto um. Acho magnifico quem se dispõe a adotar uma pessoa. Isso sim eu considero um ato de amor incondicional.
    Por enquanto vou vivendo minha vida, sem filhos, tranquila. Não me vejo arcando com as responsabilidades de ser mãe.

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  14. Rita, complicado viu? O problema da gravidez ser por um desejo do homem é saber se ele vai "chegar junto" quando o bebe nascer ou se vai ficar só se exibindo quando passeia no shopping. Conheço duas historias em que a mulher não queria ter filho e infelizmente não acabou bem... Espero mesmo que quando aconteça sejas "sorteada" com este amor incondicional de que tanto falam, mas se não fores, saiba que há muitas como nos.
    Se quiseres participar do grupo no face, manda um comentário com o link que te adiciono.
    beijinhos

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  15. Ola, acho que seu problema foi o mesmo do meu, vc superestimou a maternidade, colocou ela no pedestal e quando ela chegou vc viu que nao era nada do que vc pensasse que era, que na maior parte do tempo eh so coisa ruim. Quando minha irma teve bebe eu vi o tanto que era sofrido, trabalhoso, ela meio que me alertava sobre a cilada que era ter filhos e eu meio que desanimei na epoca. Mas de uma hora pra outra a natureza gritou pra mim e entao eu quis ter filhos mas ao mesmo tempo pensava na trabalheira que era e me vinha na cabeça que quando eu visse o bebe um sentimento de amor incondicional iria fazer com que as noites em claro valessem a pena. Ledo engano, o bebe nasceu e esse tal de amor incondicional nao veio. Quase surtei, me senti presa numa jaula, seem poder sair, num desespero sem sim. Comecei a fazer tratamento, acho que melhorei. Amo mto minha filha, mto mesmo, mas amar ser mae eh outra coisa, nao sei se amo, me culpo por sentir isso.

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  16. Vcs ja notaram o tanto que a romantizacao da maternidade aumentou com o surgimento das redes sociais? Todo dia eh um blablabla de que ser mae eh tudo de bom. Eu gosto da minha filha, mas ser mae pra mim eh algo normal, coisa da vida e nao melhor coisa do mundo.

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  17. Acho que esse ditado " ser mae eh viver com o coracao fora do corpo" eu entendo ele como o filho sendo o coracao e que se algum dia ele vier a morrer, a mae morre tb de tristeza. Bem, eu nao sou mto fã de ser mae, mas amor mto minha filha e se um dia Deus o livre ela vier a morrer, eu morreria tb e talvez ate me arrependesse de ter dito que nao gostava de ser mae. Nao dizem por ai que so damos valor a algo quando perdemos?

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  18. ola anonima, seja bem-vinda! Pois eu sabia da trabalheira, mas o x da questão é que pra mim não compensa. Não é um sorriso ou um desenho mal feito ou um abraço que no fim vai compensar a escravidão que é a maternidade. E esta é a grande bandeira que as mães defendem: o amor incondicional. O unico e verdadeiro amor. Aparentemente tudo o que significa dedicar boas duas décadas e as vezes mais, de suas vidas a deixar-se sempre em segundo ou terceiro ou ultimo lugar mesmo, compensa.
    beijinhos

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  19. Caroline eu não sei, não morreria não porque acho que não fundamento a minha felicidade em ser mãe. Ficaria triste, como ficaria com qualquer pessoa mais próxima, mas é só...
    Mas concordo com a história de romantização para o Facebook, embora a questão de culpabilidade e desprendimento tenha sido amplamente divulgado na tv, através de novelas, filmes, na literatura e no imaginário popular com os seus ditos e frases de efeito. O Facebook tornou isto mais irritante e frequente, porém acho complicado mudar uma mentalidade tão rígida sobre a maternidade, às vezes parece que estou sempre remando contra a maré é isto cansa.
    Beijinhos

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  20. Ainda gostaria de ver um post seu sobre os blogs de maternagem e toda beleza e natureza que é pregada nos mesmos.Será que tudo aquilo é mesmo real? Será que todas vivenciam aquilo tudo, cheias de alegria, rodas giratórias, sorrisos, chás e biscoitos integrais?

    É um movimento muito forte, sedutor e que tem levado muitas mulheres por esse caminho...seria uma saída para o sofrimento?

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  21. Bem... Eu também acho um saco ser mãe... Meu filho me absorve o tempo todo e eu fico constantemente sem paciência, sempre respiro fundo pra não explodir, isto me anestesia.

    Eu sempre fui muito atrapalhada e quando eu engravidei - por descuido - todo mundo dizia que eu seria incapaz de cuidar de um bebê. Aquilo ficou na minha cabeça e quando ele nasceu, eu pensava: "Nossa se acontecer alguma coisa com ele, todos vão falar que só poderia ter sido eu.". Aí eu me tornei super protetora com receio de que algo acontecesse com ele e acho que isso me absorveu de tal forma que eu comecei a achar que ser mãe é muito chato e cansativo.

    Hoje ele tem sete anos e é uma criança ativa e me desafia o tempo todo. Mas felizmente eu o amo mais que tudo, mataria e morreria por ele. O amor é recíproco, pois realmente ele é apaixonado por mim. Por causa deste sentimento é que eu deixei de pensar na chatice que é ser mãe e faço simplesmente o que precisa ser feito, sem pensar.

    Não o culpo em nenhum momento por eu não gostar de ser mãe e também não vou deixá-lo saber disso nunca.

    Sei que ele se sente amado e que eu tenho a obrigação não só de criá-lo, mas também de fazê-lo feliz. Por isso o encho de beijos, brinco com ele quando posso, aguento os amiguinhos dele e tudo mais. Não me vejo no direito de roubar a infância dele porque simplesmente não gosto de ser mãe. Não quero criar mais um ser humano cheio de traumas de infância e complexado pro resto da vida e quem sabe um dia, que odeie ser pai.

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  22. Hoje parece que vou enlouquecer. Tem dias que tenho vontade de voltar no tempo em que eu era sozinha, sem nenhuma preocupação. Deus do céu., por que ninguém nos diz que é a maior furada? Comotem mmulheres que tem meia dúzia de filhos? Eu sou da área da saúde e nos meus 15 anos de profissão fiz dois plantões terríveis dos quais sai sem forças e eles nem se comparam ao trabalho que é ser mãe. Eu choro e me desespero na culpa de me sentir arrependida. O que fazer numa hora destas?

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  23. Meninas,

    Antes de mais, obrigada pelo apoio. A gravidez, infelizmente, continua. A 24 deste mês vou fazer a ecografia morfológica, é a ultima chance do pesadelo acabar, mas não devo ter essa sorte. Se tiver que fazer uma IMG, digo-vos, mais ninguém me convenceria a engravidar outra vez... nem o meu marido. Engravidar foi um erro pelo qual ainda vou pagar muito caro e ainda o pior não começou. Já sinto a criança mexer-se, mas para mim não é alegria nenhuma, só desconforto. Sinto uma inveja enorme daquelas mulheres que não podem engravidar, se fosse o meu caso não tinha que dar desculpas e estava descansada da vida.

    Quero ainda agradecer-vos por não virem logo com a deixa "de certeza que estas deprimida", quer dizer que para detestar estar grávida e ter nojo à ideia de amamentar e aversão completa de ser mãe, tenho que estar deprimida?

    Gostava tanto que isto acabasse em março... era o mru sonho, ter a minha vida de volta!

    Entretanto, ainda não sei o sexo da criança, mas só espero que não seja menina, porque assim não deito ao mundo alguém que pode sofre o que eu estou a sofrer.

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  24. Para ajudar à festa, s minha sogra está só a chatear-me com coisas de bebés e tretas sobre o meu marido quando era bebé. Eu nunca gostei dela, mas agora tenho mesmo aversão, só a vejo de mês a mês e mesmo assim é frequência demais para mim. Pelo menos com a minha mãe e a minha irmã, devido ao que lhe aconteceu (teve de fazer uma interrupção médica da gravidez), pouco falam de bebés e gravidez. Os meus cunhados, ainda os detesto mais, cada vez que me vêem só me perguntam como está o bebé. E eu tenho que fazer boa cara, quando por mim nunca devia era ter engravidado.

    E às vezes penso: será que sou egoísta por não querer ter filhos? Será que fui "parva" por me deixar levar pela ideia de engravidar só por causa do meu marido? Parece-me é que não querendo ser egoísta, cai no conto do vigário do "how hard can it be?" e eu é que me lixo, e lixava em ambos os cenários: engravidar e não querer ter filhos. A maior responsabilidade é sempre da mãe, a gravidez, o parto, os primeiros meses e o resto... é uma prisão para a vida toda! Se o arrependimento matasse tinha logo caído morta no dia em que fiz o teste e deu positivo.

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  25. E será que a minha revolta acaba com o tal amor incondicional? Duvido que vá ser o meu caso. Até agora nem ouvir o coração, ver a criança nas ecografias nem sentir mexer na barriga me impressionou ou causou qualquer emoção, apenas desconforto e repulsa pelo que me espera. Nem sequer consigo nomear a criança de outro modo que não seja esse. Tenho pouca esperança num futuro melhor, pelo menos para mim. Quando a criança nascer, farei de tudo para lhe garantir o melhor futuro que puder. Agora durante a gravidez, nunca tive nenhum comportamento que possa pôr a criança em risco... mas desejá-lá e amá-lá, isso não consigo.

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  26. Queria participar do grupo privado do facebook como faço?

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  27. Anônima, basta enviar por comentário ou email (não vou publicar) o link do seu facebook. Vou adicioná-la como amiga, pois o grupo é secreto e só posso adicionar amigos. Aí depois te adiciono nele. ;)

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  28. Descobri que não gosto de ser mãe. Em uma viagem recente a casa de parentes cheguei, por alguns momentos, ate a me esquecer do bebê! Enquanto me distraia com conversas e outras coisas por alguns instantes o esquecia, literalmente... E de repente recobrava a memoria, lembrava q o BB existia e ia a seu encontro. Agradecia qdo alguem se oferecia p cuidar, era a melhor sensação... Difícil acreditar que estou dizendo isso...acho q preciso de ajuda...😢

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  29. Excelente texto. Chega da ditadura do amor à maternidade/paternidade.
    Se eu falo no meu trabalho que eu e minha esposa não queremos filhos, só falta sermos crucificados.
    No fim das contas, muitos (não todos, claro) são infelizes que, por inveja, querem que compartilhemos de sua miséria.
    Digo mais: casais colegas meus sem filhos parecem infinitamente mais apaixonados e felizes do que aqueles com.
    Lucas

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