quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Norte e Sul

Li em algum lugar que Marselha era uma espécie de Brasil na França. Talvez porque seja a cidade mais perigosa do país, talvez porque os lençóis balançando nas janelas a transforme em uma grande favela, não sei, nunca fui até la e toda vez que eu falo nisto, o Fernando solta um grunhido como quem diz que fazemos bem em continuar assim.
Saint Raphaël por outro lado, é um lugar calmo, quase tanto como Shiltigheim, com a diferença que há muito mais idosos e cachorros. Não sei bem qual dos dois tem mais. No entanto, mesmo sendo uma cidade projetada para ser o último pouso na velhice, não é uma cidade pensada para as pessoas. Tá certo que os prédios tem entrada para cadeirantes ou elevadores para quem não consegue subir dois degraus, mas não é este tipo de preparo de que falo. Falta espaço, faltam bancos para bater um papinho, faltam pracinhas para as crianças (vivo em uma zona escolar). Em toda a cidade só existem duas: uma é perto da roda gigante à beira-mar e a outra é muito longe, a uma meia hora caminhando sem o Fabian. Ou seja: quase no fim da cidade. Na Alsacia eu contava com três praças perto de casa. Claro que o fato de haver mais crianças e mais emigrantes contasse para que assim fosse, mas aqui sinto que a cidade foi feita para os ricos e seus iates, visto que não faltam marinas.
A primeira diferença que notei no Sul foi o fato de as ciclovias serem quase inexistentes e as poucas pessoas ao invés de se aventurarem entre os carros, preferem andar nas calçadas. É tão comum ver motoristas de noventa e lá vai muitos anos aqui, quanto era ver idosos ciclistas em Strasbourg. Ainda hoje olhei algumas fotos e senti uma pontinha de saudade, aquela gostosa, que dá vontade de levar para passear pelas ruelas de casas de madeira. Mas depois eu lembro do sol e do mar e já não há comparação possível. 

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