segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Bicicleta e caminhada no rabo dos outros é refresco



Ah pois é, temos que pensar no planeta, desacelerar o buraco na camada de ozônio (Jesus quanto tempo sem escrever "ozônio", desde as idas aulas de biologia...), melhorar o trânsito, blá blá blá. Mas na hora do bem bom ninguém desgruda a bunda do banco do carro. Deixa que os outros que se fodam pedalem/andem. O mundo é bem melhor dentro de uma caixa de lata rolante, principalmente quando está chovendo. Principalmente quando está chovendo e faz um grau. Principalmente quando está chovendo, faz um grau e ainda por cima venta. 
E ir ao mercado, que lindo, com aquela carrocinha atrás torcendo para desviar dos cocôs na rua ou das velhotas por sua vez, com os seus carrinhos. Não sei porque ninguém nunca se preocupa com o congestionamento de carrinhos de feira nas calçadas! Agora eu entendo porque o povo é tão neurótico com a previsão do tempo. Tenho regulado minhas idas ao mercado conforme o que dizem. Chove às 14:35? Então fico em casa. Não vale a pena brincar de equilibrista com o guarda-chuva, o carrinho e as sacolas.
Estes dias em uma conversa com o marido, contei e recontei incrédula: faz dois anos e meio que não temos carro. Se fosse no Brasil isto seria uma calamidade. Ninguém sobrevive sem carro, ou pelo menos ninguém quer sobreviver sem. Verdade mesmo que não nos faz falta ( ~ hum hum~), senão a um capricho que nutri desde a infância, nascido daqueles tempos em que  passar por baixo da roleta do busão significava amarrotar e emporcalhar a roupa. 
Shiltigheim e, bem dizer a própria Strasbourg, são lugares bem guarnecidos em transporte público e ainda temos a sorte de estarmos tanto perto do tram como de duas linhas de ônibus. Há ciclovias por todos os lados, os motoristas respeitam as bicicletas e...e...e...eu continuo querendo um carro. 
Lembro-me de uma aula há muito tempo em que o professor dizia em um exemplo, que uma pessoa com deficiência pode ter mais ou menos deficiência de acordo com o meio em que vive. Aqui um carro não é fundamental, eu poderia muito bem congelar no frio esperando o ônibus, ou na loucura, comprar uma veló usada e sair por aí pedalando como em alguma cena de um filme com o Hugh Grant e a Meg Ryan. É só uma questão de perspectiva, ia chegar lá de qualquer modo (mais seca, menos seca...), mas lá embaixo, as coisas são muito diferentes. Os ônibus têm horários esparços, deixando de funcionar em algumas linhas depois das oito da noite, o trem atrasa, e aos fins de semana chega a ter de uma hora e meia a duas horas de intervalo. A rede de transportes não abrange muitos lugares, sendo que não nos resta outra coisa senão gastar os pezinhos até lá. O que nem sempre dá jeito.
Mais uma vez escolhemos um apartamento bem localizado, porém é fato que um carro é imprescindível e um investimento que (ainda bem) teremos que fazer nos próximos meses.  
            
    - Sinceramente, acho que já fiz tudo que podia pela camada de ozônio.  -

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